Jovens tardes de 95 tantas alegrias. Velhos tempos, belos dias...
No sentido horário: Martinho da Vila (na capa do CD "Tá Delícia, Tá Gostoso"), Zeca Pagodinho (capa do CD "Samba Pras Moças"), Ivete Sangalo (na capa do CD "Hora H" da Banda Eva), Skank e Mamonas Assassinas.
1995. O ano em que Fernando Henrique Cardoso assumiu a presidência enquanto, em Santa Catarina, Paulo Afonso Vieira ocupava o cargo de governador. O Brasil entrou oficialmente para a rede mundial de computadores, a internet (pouquíssima gente teve o privilégio de adquirir um computador em casa) e foi criado o site de buscas Yahoo. Lançado o longa-metragem "Carlota Joaquina - A Princesa do Brazil" considerado o filme que ressuscitou o cinema brasileiro. A banda de rock britânica Rolling Stones fez seu show pela primeira vez no Brasil com a turnê "Voodoo Lounge". O país inteiro parava para descobrir quem era o serial killer da novela "A Próxima Vítima". Estreava a primeira temporada de "Malhação" na Globo. A moeda corrente no Brasil, o Real, completava seu primeiro ano de existência. Portela, minha escola querida, conquistava o vice-campeonato na apuração dos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro com o enredo "Gosto Que Me Enrosco", de Noca da Portela, Gelson e Colombo. Aqui em Itajaí (SC), na frequência 92,9 MHz, substituindo a Litoral FM que tocava músicas sertanejas, foi inaugurada a rádio Nova FM, voltada à música jovem que só teve dois anos de permanência, sendo sucedida pela filial itajaiense da Band FM. Depois de décadas, a Rede Record voltou ao ar aqui em Itajaí e região em TV aberta em meados de outubro. E eu e a minha família tivemos nosso primeiro aparelho de CD, a ostentação da época. Eu começava a colecionar revistas teen, a recém-nascida Atrevida e, em cada capa, era uma modelo que eu tinha curiosidade de conhecer, entre elas, uma tal de Gisele Bündchen. A coleção infelizmente foi extinta pelos estragos da enchente de 2008. E é relembrando desse tempinho bom, da época em que minha única obrigação era tirar notas boas na escola, que faço a lista das músicas brasileiras que em 2015 completam 20 anos e a gente não percebe. Como o tempo passa correndo, não é? Como dizia aquela famosa música de Ataulfo Alves: "eu não sei pra que que a gente cresce...". Quem nasceu em 1995 a essa altura deve estar cursando ou concluindo uma faculdade, dependendo de qual curso, e, talvez, prestes a noivar (menos, Jê!). São as músicas que nós, pré-adolescentes da época, curtíamos pra caramba: desde as mais inocentes até as de conteúdo impróprio! Hoje em dia, menor de idade ouvindo, cantarolando ou dançando músicas assim viraria caso de juizado de menores. Porém o meu gosto musical também tinha um lado careta. Bem careta e um tanto quanto inusitado por eu ter tido apenas 13 anos de idade: foi nesse mesmo ano que comecei a ser fã de Roberto Carlos. A Jovem Guarda, movimento do qual Roberto era líder e até então eu desconhecia, completava 30 anos e foi conhecendo essa fase cool e roqueira do cantor que me senti fascinada por ele, até que, no final de 1995, antes do Natal, papai comprou o meu primeiro CD do rei lançado naquele ano. Mas vamos logo à playlist das músicas brazucas que em 2015 aniversariam 20 anos!
Observação: as músicas indicadas em asterisco (*) foram produzidas em 1994, mas que foram sucessos no ano seguinte.
Capa da Revista Veja do dia 01 de março de 1995. Os primeiros passos da internet no Brasil
A morena Gisele Bündchen aos 15 anos e Bárbara Larsson na capa da Revista Atrevida de agosto de 1995. Eu tinha essa! :)
Urso de pelúcia da Maritel lançado em 1995. Eu tinha um desse rosinha e eu amava! ♥ ♥ ♥
1- "Sereia" - Lulu Santos
de Lulu Santos e Nelson Motta
(P) 1995 RCA Discos / BMG Ariola Discos, Bertelsmann Music Group (hoje Sony Music Entertainment Brasil)
Começamos esta lista saudosista com essa música gostosa do Luís Maurício Pragana dos Santos, seu nome de batismo. A música escrita pelo próprio Lulu e Nelson Motta foi gravada primeiramente pela Fafá de Belém para o musical infantil da TV Globo "Pluct Plact Zuuum" dirigido pelo Augusto César Vanucci em 1983. A versão regravada em 1995 seguindo o mesmo suingue aboleirado tropical de "Como Uma Onda" fez parte da trilha sonora da novela global "A Próxima Vítima"
2- "Querem Meu Sangue (The Harder They Come)" *- Cidade Negra
de Jimmy Cliff e adaptação para o português de Nando Reis
(P) 1994 Epic Records / Sony Music Entertainment Brasil
Música que faz parte do terceiro álbum do Cidade Negra e primeiro com o "novo" vocalista Toni Garrido é a versão de "The Harder They Come" cantada pelo Jimmy Cliff para o filme homônimo de 1972 estrelado pelo cantor jamaicano. "Querem Meu Sangue" era o tema da novela das seis da época, "História de Amor".
3- "Saber Amar" - Os Paralamas do Sucesso
de Herbert Vianna
(P) 1995 EMI Music, Electrical and Musical Industries (hoje Universal Music Brasil)
Uma das quatro canções inéditas e a mais romântica do álbum ao vivo "Vamo Batê Lata", além de "Uma Brasileira" e a polêmica "Luís Inácio (300 Picaretas)". Mais uma a embalar a novela de Manoel Carlos.
4- "Os 40" - Faróis Acesos
de Tenison del Rey e Paulo Vascon
(P) 1995 Polydor Discos / PolyGram Discos (hoje Universal Music Brasil)
Tenison del Rey, cantor, compositor e ex-vocalista da banda Faróis Acesos
Olha, não parece! Quanto tempo! Nem parece que esta música também tem 20 anos! Apadrinhada pelo cantor de axé music Netinho, Faróis Acesos é uma banda de pop-rock baiana de Salvador liderada pelo Tenison Del Rey, compositor de grandes sucessos do Chiclete com Banana e Daniela Mercury. Sua única música de sucesso, "Os 40", foi outra a integrar a trilha sonora da novela da TV Globo.
5- "Uma História de Amor" - Fanzine
de Marcos Sabino e Cacá Moraes
(P) 1995 Epic Records/ Sony Music Entertainment Brasil
Fanzine é uma banda de charme e R&B brasileira fundada pelo produtor Paulinho Fanzine. Ainda falando em "História de Amor", o grupo é conhecido por esta linda música que também servia como vinheta de chamada para os intervalos comerciais do folhetim das seis da tarde. Muito bem interpretada pelo Alexandre Lucas, o vocalista da época, "Uma História de Amor" é da autoria de Cacá Moraes e Marcos Sabino (aquele cantor e compositor de "Reluz", um dos grandes hits da década de 1980).
6- "Uma Brasileira" - Os Paralamas do Sucesso (participação especial de Djavan)
de Herbert Vianna e Carlinhos Brown
(P) 1995 EMI Music, Electrical and Musical Industries (hoje Universal Music Brasil)
Um bis dos Paralamas nesta lista! Mais uma música inédita do CD "Vamo Batê Lata" com a ilustre participação do Djavan!
7- "Primeiros Erros" - Simony
de Kiko Zambianchi
(P) 1995 MZA Music / Warner Music Brasil
A eterna garotinha da Turma do Balão Mágico (eu adoro!) regravou este rock ballad dos anos 80 do Kiko Zambianchi para a novela "Cara & Coroa".
8- "Me Abraça" - Banda Eva
de Jorge Xaréu e Roberto Moura
(P) 1995 Polydor Discos / PolyGram Discos (hoje Universal Music Brasil)
Em 1995, vi pela primeira vez a desconhecida Banda Eva no programa "Som Brasil" da Rede Globo em tributo ao Bob Marley e me encantei pela voz e beleza de uma certa vocalista de cabelos lisos, compridos e escuros. E a partir dali, por causa dela, comecei a torcer pelo sucesso do grupo, já que seria injusto com essa qualidade toda a popularidade da Banda Eva ser restrita a um só estado brasileiro! Mas graças ao renomado produtor musical Marco Mazzola, a Banda Eva aos poucos estava ganhando o Brasil com o álbum lançado em 1995, "Hora H" , impulsionado pelo hit "Me Abraça". Contudo foi só no ano seguinte que o êxito da banda ganhou mais vigor e o Brasil passou a conhecer Ivete Sangalo.
9- "É o Tchan (pot-pourri):
a) Pau que Nasce Torto
b) Melô do Tchan" - Gera Samba (É o Tchan)
de Cau Lima (música A), Bicho do Tchan e Cissinho (música B)
(P) 1995 Polydor Discos / PolyGram Discos (hoje Universal Music Brasil)
Sim! O sucesso conhecido simplesmente como "Segure o Tchan" que levou o grupo baiano É o Tchan (na época atendido como Gera Samba) à fama tem duas décadas! Sabia não, inocente? O seu primeiro álbum, "É o Tchan", vendeu mais de 500 mil cópias.
10- "Na Boquinha da Garrafa" - Companhia do Pagode
de Willys e Eleonor Sacramento
(P) 1995 Polydor Discos / PolyGram Discos (hoje Universal Music Brasil)
Seguindo os mesmos passos da sua banda conterrânea de pagode de teor erótico e duplo sentido, Companhia do Pagode fez o público (hahn-hahn!) ralar na boquinha da garrafa. Seu primeiro disco que leva o nome da música teve mais de 100 mil cópias vendidas.
11- "Pacato Cidadão"* - Skank
de Samuel Rosa e Chico Amaral
música incidental: "Let'em In" (de Paul McCartney)
(P) 1994 Chaos Records / Sony Music Entertainment Brasil
capa do CD "Calango"
Quarteto mineiro na estrada
Este CD do Skank virou assunto de recreio de escola onde eu estudava, tanto que, por curiosidade, pedi pro "papito" comprar inicialmente uma fita cassete da banda (ainda não tínhamos aparelho de CD) na primeira vez que eu e a família fomos pra capital, Florianópolis. A fita também caiu no gosto do meu pai que, em seguida, ficou espalhando sobre o Skank aos amigos dele. E aí, nada satisfeito, assim que conseguiu comprar o aparelho de som mais moderno, comprou este CD "verdinho" do grupo mineiro. Se eu citar nesta lista todas as músicas desse disco de tão boas que eram, daqui a pouco este post se referirá apenas ao Skank.
Mas vamos ao assunto:"Pacato Cidadão", uma música de crítica social, é um dos hits que integra este segundo e elogiado álbum do quarteto, "Calango", que vendeu mais de 1 milhão de cópias, conquistando o disco de diamante. O nome, "calango", vem de um ritmo do estado da banda, Minas Gerais, que consiste em dois cantores improvisando num "duelo" - como retratado em uma das faixas mais contagiantes do projeto, "A Cerca", que envolve dois caipiras discutindo, interpretados pelo vocalista Samuel Rosa e pelo tecladista Henrique Portugal. O projeto gráfico da capa do disco envolve uma fantasia feita com garrafas pet criada por Ilson Orca e vestida pelo baixista do Skank Lelo Zaneti para comemorar a vitória do Brasil na Copa de 1994. Em celebração aos 15 anos do álbum, em 2010 foi lançada uma edição especial de "Calango" remasterizada e com versões alternativas de 8 faixas. Em fevereiro deste ano, a Polysom reeditou o álbum em vinil de 180 gramas.
12- "Xô Satanás" - Asa de Águia
de Durval Lelys, Marcelo Brasileiro, Genaro e Renato Galero
(P) 1995 Columbia Records / Sony Music Entertainment Brasil
Capa do single promocional "Xô Satanás" do Asa de Águia, lançado pela Sony Music.
Banda Asa de Águia
A música "Xô Satanás" surgiu pela primeira vez no show do grupo baiano Asa de Águia em Olympia, São Paulo, justamente neste mesmo ano em que o pastor Sérgio Von Helder causou polêmica ao dar chutes na imagem de Nossa Senhora Aparecida em seu programa de TV na Record em pleno dia da padroeira do Brasil. Satirizando a "guerra santa" de 1995, que contrapõe os adeptos do bispo Edir Macedo, presidente da emissora, e o incentivo à intolerância fomentada pela TV Globo, o público berrava "xô, satanás" como um grito de guerra. A banda gostou e resolveu apropriar-se do assunto da moda. A canção, no princípio, não seria incluída no disco "A Lenda", mas, devido ao sucesso repentino, a gravadora do Asa repensou o álbum e incluiu "Xô Satanás", que foi um estouro no carnaval do ano seguinte. (Revista Veja, 17 de janeiro de 1996 - edição 1427)
13- "Preciso de Você" - Netinho
de Boca e Gigi
(P) 1995 Mercury Records / PolyGram Discos (hoje Universal Music Brasil)
Dono de uma voz suave, Netinho lança o seu terceiro álbum solo que leva o seu nome, com "Preciso de Você" como sucesso principal do disco.
14- "Avisa a Vizinha (Vixe Maria)" - Ara Ketu
de Gilson Babilônia e Alain Tavares
(P) 1995 Columbia Records / Sony Music Entertainment Brasil
"Dez" é o nome do sexto álbum da banda Ara Ketu. A nota que que dou pra essa faixa animadérrima do disco!
15- "Rap da Felicidade" - Cidinho e Doca
de MC Cidinho e MC Doca
(P) 1995 Furacão 2000
Quem se lembra do CD "Rap Brasil" lançado pela Som Livre que reunia vários hits do funk que falavam de bailes, protestavam contra a violência na favela e transmitiam mensagens positivas? Não estou engrossando o coro de quem diz que tudo que é velho é melhor, mas explicando como eram mais criativos e/ou inocentes as músicas do gênero lançados naquela época. De origem da favela Cidade de Deus em Jacarepaguá, Rio de Janeiro, Cidinho e Doca é um duo de funk carioca formado por Sidney da Silva (Cidinho) e Marcos Paulo de Jesus Peixoto (MC Doca). Seus dois únicos grandes sucessos são "Rap das Armas", este que foi o tema do filme "Tropa de Elite" em 2007, e o "Rap da Felicidade", conhecido como "eu só quero é ser feliz..." que recentemente foi resgatado e parodiado para a propaganda do site de anúncios classificados OLX.
16- "Rap da Diferença" - Markinhos e Dollores
de MC Markinhos e MC Dollores
(P) 1995 Furacão 2000
Mais um funk carioca que integrava o CD "Rap Brasil": "Rap da Diferença", o único sucesso de Marcos Ribeiro Chaves (MC Marquinhos) e Aldenir Francisco dos Santos (MC Dolores), dupla da favela da Rocinha, Rio de Janeiro, diferenciando o charme e o funk. Até Marina Lima se rendeu à música e cantarolou o refrão em seu CD "Abrigo" lançado no mesmo ano.
17- "O Pão da Minha Prima" - Raimundos
de Tio Jovem e Zenilton
(P) 1995 Warner Music Brasil
A banda brasiliense Raimundos _ ainda com Rodolfo Abrantes como vocalista_ vendeu 150 mil cópias com seu primeiro álbum de 1994 que leva o nome da banda com seus dois grandes sucessos nas rádios, "Puteiro em João Pessoa" e o rock ballad pornô "Selim" (♫"eu queria ser o banquinho da bicicleta..."). Mas o álbum do ano seguinte, "Lavô Tá Novo" superou as vendas do álbum anterior: 400 mil cópias e com as mesmas características do primeiro disco: rock sujo e pesado influenciado no forró nordestino e letras repletas de palavras de baixo calão, tanto que qualquer pessoa civilizada ficaria boquiaberta ao escutar o som da banda. Na sua edição de 8 de novembro de 1995, falando sobre o CD dos antecessores dos Mamonas Assassinas, a Revista Veja supôs que, se o disco fosse vendido nos Estados Unidos, viria com aquele selinho em preto e branco de advertência aos pais na capa, alertando-lhes sobre a pornografia e o incentivo à maconha contidos nas músicas. Mas a revista confirmou que " 'Lavô Tá Novo' é um dos mais barulhentos e bem-feitos 'petardos' (bomba) do rock nacional". Algumas músicas que se destacaram eram "Eu Quero Ver o Oco" (essa eu não lembro muito), "I Saw You Saying (That You Say That You Saw)" (♫ "eu conheci a Madonna ali parada no jardim...") e "O Pão da Minha Prima", na qual Rodolfo começava cantando "a minha prima arranjou um namorado / o nome dele ela diz que é um pão". E por aí vai, rs rs.
Atualizado no dia 03 de maio de 2015: "O Pão da Minha Prima" é uma regravação do forró de Zenilton, cantor e sanfoneiro pernambucano famoso pelo teor humorístico de suas letras. Zenilton sempre foi creditado pelos integrantes dos Raimundos como sua maior influência.
18- "Legalize Já" - Planet Hemp
de Marcelo D2 e Rafael Crespo
música incidental: "Legalize It" (escrita e cantada por Peter Tosh)
(P) 1995 Chaos Records / Sony Music Entertainment Brasil
Outros discos que também receberiam o famoso selo de "Parental Advisory" na capa se fossem vendidos nos States são os da banda Planet Hemp, a antiga banda dos rappers Marcelo D2 e BNegão, que era considerada a mais controversa da música pop-rock nacional. O grupo tem um explícito posicionamento a favor da legalização da cannabis (maconha) e foi acusado de fazer apologia ao uso, fato que gerou muitas divergências. Polêmicas à parte, a fusão bombástica em sua sonoridade agradou até a "caras limpas". Seu álbum de estreia, "Usuário", vendeu 140 mil cópias, ganhou disco de ouro e, recentemente, foi reeditado em vinil pela fabricante Polysom. "Mantenha o Respeito" e "Legalize Já" foram os hits que mais emplacaram no disco.
19- "Domingo" - Titãs
de Sérgio Britto e Tony Bellotto
(P) 1995 WEA Discos / Warner Music Brasil
Depois de um ano de pausa para projetos paralelos, a banda Titãs voltou com tudo ao lançar o seu oitavo álbum de estúdio, "Domingo" (só o Arnaldo Antunes que quis prosseguir com a carreira solo). A faixa-título que retrata o famigerado tédio do primeiro dia da semana foi um dos maiores hits do disco embora nem toda a mídia divulgasse a canção. Segundo o Wikipédia, a Rede Globo se recusou a promover a música por fazer referência ao presidente e apresentador de sua concorrente SBT (Sistema Brasileiro de Televisão), Sílvio Santos:"É dia de descanso/Nem precisava tanto/É dia de descanso/Programa Sílvio Santos".
20- "Sobre o Tempo" - Pato Fu
de John Ulhoa
(P) 1995 Plug / BMG Ariola Discos, Bertelsmann Music Group (hoje Sony Music Entertainment Brasil)
Me lembro de quando eu vi Pato Fu pela primeira vez: foi no Video Show que divulgava a "banda-revelação" que vem de Minas Gerais, liderada por uma vocalista que é descendente de japoneses e tem um comportamento bem delicadinho: Fernanda Takai (embora esta seja do Amapá, ela foi radicada em Belo Horizonte aos nove anos). "Sobre o Tempo" da autoria do guitarrista John Ulhoa, marido de Fernanda, foi o primeiro maior sucesso que fez parte do segundo álbum de carreira do grupo, "Gol de Quem", gravado em um mês, no estúdio Cia. de Técnicos, no Rio de Janeiro.
21- "Malandragem"* - Cássia Eller
de Cazuza e Roberto Frejat
(P) 1994 Discos Philips / PolyGram Discos (hoje Universal Music Brasil)
Pouca gente se lembra dessa versão original e slow de um dos grandes sucessos de Cássia Eller. Quem lembra, sabe que era o tema dos personagens da Fernanda Rodrigues e do Cláudio Heinrich na primeira temporada de "Malhação".
22- "Nem Luxo, Nem Lixo" - Marina Lima
de Rita Lee e Roberto Carvalho
(P) 1995 EMI Music, Electrical and Musical Industries (hoje Universal Music Brasil)
Capa do CD "Abrigo" de 1995
Em meio a problemas pessoais que lhe causaram depressão, Marina Lima lançou o CD "Abrigo" que recebeu o disco de platina por vender mais de 250 mil cópias. A música "Nem Luxo, Nem Lixo", regravação da Rita Lee, serviu de vinheta para um comercial de chinelos Rider na época (adorava as propagandas da Rider só por causa das releituras pop de clássicos da MPB que embalavam o cenário alegre e juvenil). E com uma pequena mudança na canção: enquanto a rainha do rock duvidava da fé, Marina preferiu contrariar a descrença da letra original ("não acredito em nada, não/ só não duvido da fé").
23- "Descobridor de Sete Mares" - Lulu Santos
de Michel e Gilson Mendonça
música incidental: "Disco Inferno" (LeRoy Green e Ron Kersey)
(P) 1995 RCA Discos / BMG Ariola Discos, Bertelsmann Music Group (hoje Sony Music Entertainment Brasil)
Outra que foi tema para o comercial da Rider: "Descobridor de Sete Mares", popularizada originalmente na voz de Tim Maia em 1984. Gostei muito da ideia do Lulu de incluir no arranjo da música o riff do "Disco Inferno" do the Tramps que era um dos temas do clássico cinematográfico dos anos 70 "Os Embalos de Sábado à Noite".
24- "Babilônia Rock" - Fernanda Abreu (participação especial de Cláudio Zoli)
de Naila, Guto Graça Mello, Lincoln Olivetti e Robson Jorge
música incidental: "Let's All Chant" (escrita por Michael Zager e Alvin Fields)
(P) 1995 EMI Music, Electrical and Musical Industries (hoje Universal Music Brasil)
Do seu terceiro álbum solo "Da Lata", a ex-backing vocal da banda Blitz em dueto com Cláudio Zoli fez esta regravação empolgante da música da dupla Robson Jorge e Lincoln Olivetti que foi tema do filme pornochanchada "Rio Babilônia" de 1982. "Babilônia Rock" foi incluída no volume dois da trilha sonora da primeira temporada de "Malhação".
25- "Catedral (Cathedral Song)"* - Zélia Duncan
de Tanita Tikaram e versão em português de Christian Oyens e Zélia Duncan
(P) 1994 WEA Discos / Warner Music Brasil
A canção que levou Zélia Duncan ao sucesso por ter feito parte da trilha sonora da novela "A Próxima Vítima" na verdade é uma releitura traduzida do original da cantora alemã radicada na Inglaterra Tanita Tikaram, intitulado "Cathedral Song". E o início do triunfo da cantora de Niterói (RJ) não parou por aí: a revista americana “Billboard” incluiu o álbum que leva o nome da cantora na lista dos dez melhores álbuns latinos do ano e, já no segundo semestre de 1995, Zélia recebeu o disco de ouro pela venda das primeiras 100 mil cópias. "Catedral" também foi cantada por Renato Russo (em inglês) e por Leandro nos shows da dupla sertaneja Leandro & Leonardo.
26- "Então É Natal (Happy Xmas, War Is Over)" - Simone
de John Lennon e Yoko Ono e versão em português de Cláudio Rabello
(P) 1995 Mercury Records / PolyGram Discos (hoje Universal Music Brasil)
Se hoje em dia essa música é recebida com resmungos e grosserias de internautas mais entediados por ser a mais executada em época de Natal, assim que o álbum "25 De dezembro" foi lançado, inaugurou um segmento até então inexistente na indústria fonográfica nacional: o disco vendeu mais de 1,5 milhões de cópias em menos de um mês e meio (!) por ser o primeiro no Brasil a apresentar exclusivamente canções cristãs/natalinas.
27- "Pão de Mel" - Zezé di Camargo & Luciano
de Zezé di Camargo
(P) 1995 Columbia Records / Sony Music Entertainment Brasil
Uma das músicas mais famosas da autoria de quem adora a guloseima homônima (tamo junto, Zezé!): "♫ai ai ai ai ai ai ai esse amor/ é bom demais!" Ê paixão!
28- "Festa de Rodeio" - Leandro & Leonardo
de Cesar Augusto, Cesar Rossini e Reinaldo Barriga
(P) 1995 Chantecler / Warner Music (Divisão Continental)
"Festa de Rodeio" é uma releitura da canção da dupla sertaneja César & César, formada por César Augusto e César Rossini, os compositores da música (em companhia de Reinaldo Barriga). Segura, peão!
29- "Bailão de Peão" - Chitãozinho & Xororó
de Maria da Paz e Nino
(P) 1995 Mercury Records / PolyGram Discos (hoje Universal Music Brasil)
Dos mesmos compositores nordestinos de "Brincar de Ser Feliz" também gravada pela dupla paranaense (Nino é paraibano e Maria da Paz é pernambucana), esse é mais um sertanejão pra levantar poeira! :)
30- "Eu Me Amarrei" - João Paulo & Daniel
de Waldir Luiz e Tivas
(P) 1995 Chantecler / Warner Music (Divisão Continental)
Capa do CD "João Paulo & Daniel Volume 6"
Quando Daniel ainda era parceiro de música sertaneja de João Paulo (1960-1997), a dupla conquistava as paradas de sucessos com a empolgante "Eu Me Amarrei".
31- "Marrom Bombom" - Os Morenos
de Delcio Luis e Ronaldo Barcellos
(P) 1995 RCA Discos / BMG Ariola Discos, Bertelsmann Music Group (hoje Sony Music Entertainment Brasil)
Primeiríssimo grande sucesso do grupo Os Morenos. Lembro-me dos tempos de escola, quando nós os colegas fazíamos um passeio de ônibus, cantando num coro desafinado: "♫tira a calça jeans, bota o fio dental/ morena, você é tão sensual...".
32- "Tão Só" - Só Pra Contrariar
de Chico Roque e Carlos Colla
(P) 1995 RCA Discos / BMG Ariola Discos, Bertelsmann Music Group (hoje Sony Music Entertainment Brasil)
Com esta canção, além de "Nunca Mais Te Machucar" e "Dói Demais", a banda de Alexandre Pires (quando este ainda usava o bigodinho à Clark Gable e o topete crespo) vendeu 1 milhão e 200 mil cópias do álbum "O Samba Não tem Fronteiras", sendo certificado disco de diamante. Para os corações pagodeiros apaixonados.
33- "É Tarde Demais" - Raça Negra
de Luiz Carlos e Elias Muniz
(P) 1995 Som Livre / Comercial Fonográfico RGE, Rádio Gravações Especializadas Ltda.
Raça Negra ainda mantinha o posto de grupo de pagode moderno mais querido do Brasil. A cada disco que a banda lançava durante os anos 90 vendia como pão quente a milhares. "É Tarde Demais" foi faixa de maior sucesso do sexto álbum de Luiz Carlos e cia. por um motivo bem curioso: entrou para o Guiness Book por ter sido executada 600 vezes em um único dia(!!!) Nem o meu papito ficou de fora dessa: ele comprou este CD uma semana depois de ter sido lançado. Mais uma para os corações pagodeiros apaixonados.
34- "Paparico" - Grupo Molejo
de Delcio Luis e Ronaldo Barcellos
(P) 1995 Warner Music (Divisão Continental)
Muito antes da febre da música-ostentação, o grupo Molejo fazia um grande sucesso com essa música que fala sobre um rapaz pobre que se faz de rico e usa os objetos de luxo emprestados, inclusive um carro importado, para conquistar a garota dos sonhos, mas quando a máscara cai, ele diz que foi tudo por amor a ela e implora: "por favor, amor, não pense que sou um-sete-um!"
35- "Absoluta" - Negritude Jr.
de Altay Veloso
(P) 1995 EMI Music, Electrical and Musical Industries (hoje Universal Music Brasil)
Os nove cabeças do pagode romântico encantavam milhares com essa música do renomado compositor Altay Veloso. Sente só: ô saudade!
36- "Samba Pras Moças" - Zeca Pagodinho
de Roque Ferreira e Grazielle
(P) 1995 Polydor Discos / PolyGram Discos (hoje Universal Music Brasil)
Zeca Pagodinho entre o diretor artístico da atual Universal Music Max Pierre e Rildo Hora (ainda com o cabelo black power) em 1995.
1995 foi o ano que marcou a volta triunfal de Zeca Pagodinho à mídia depois de vários discos injustamente fracassados durante a sua permanência na antiga BMG Ariola, sua segunda casa depois da RGE. O sambista assinou com a PolyGram (hoje Universal Music) e lá gravou seu nono disco, "Samba Pras Moças" com a sempre belíssima produção de Rildo Hora e a música-título foi só sucesso.
37- "Mulheres" - Martinho da Vila
de Toninho Geraes
(P) 1995 Columbia Records/ Sony Music Entertainment Brasil
Capa do single promocional "Mulheres" de Martinho da Vila, lançado pela Sony Music.
Outro sambista que voltou com toda a força é o Martinho da Vila. Com o CD "Tá Delícia, Tá Gostoso" também produzido pelo Rildo, tornou-se um dos mais respeitados artistas brasileiros além de um dos maiores vendedores de disco no Brasil, sendo o segundo sambista a ultrapassar a marca de um milhão de cópias (o primeiro foi Agepê, que em 1984 vendeu um milhão e meio de cópias com seu disco "Mistura Brasileira").
38- "Vai Tomar no **" - Edu K
de Edu K
(P) 1995 Dabliú / Warner Music Brasil
Edu K na contracapa do CD "Meu Nome É Edu K".
Edu K, nome artístico de Eduardo Dornelles, é cantor, músico e produtor musical brasileiro que destacou-se pelo seu trabalho como vocalista da banda de rock gaúcha Defalla. Entre 1994 e 1996, desligou-se da banda e fez uma curta carreira solo lançando em 1995 pelo selo Dabliú (e distribuído nacionalmente pela gravadora Warner Music) o álbum "Meu Nome é Edu K" voltado ao rap comercial, funk, charme e soul. O disco emplacava com um hit cujo título não é nada educado: "Vai Tomar No **". Porém, pra poupar os mais civilizados, a cada vez que não são poucas que o cantor diz o nome da música, o termo chulo monossilábico é substituído pelo famoso "bipe". Quem não conhece, ouça que o som é do caramba!
39- "Pelados em Santos" - Mamonas Assassinas
de Dinho
(P) 1995 EMI Music, Electrical and Musical (hoje Universal Music Brasil)
Como falar da música brasileira de 1995 sem falar dos Mamonas Assassinas, a sensação daquele ano que chegou a ser a principal atração de programas vespertinos de quase todo domingo? A banda de rock cômico com letras bem-humoradas e recheadas de palavrões formada por Dinho, Bento Hinoto, Júlio Rasec e os irmãos Samuel e Sérgio Reoli conquistou até o público infantil (isso mesmo, você não leu errado!). O som era uma mistura de punk rock com influências de gêneros populares, tais como forró ("Jumento Celestino"), brega ("Bois Don't Cry"), heavy metal ("Débil Metal"), pagode ("Lá Vem o Alemão"), música mexicana ("Pelados em Santos"), vira português ("Vira-Vira") e balada acústica ("Uma Arlinda Mulher"). Uma pena que o sucesso deles foi breve: começou em junho de 1995 e foi interrompido tragicamente em março de 1996 pelo acidente aéreo fatal que matou todos os integrantes. :'(
40- "Pintinho Amarelinho"* - Gugu Liberato
de Domínio Público e adaptação de Hilton Júnior
(P) 1994 Halloween Discos / PolyGram Discos (hoje Universal Music Brasil)
Para encerrar esta lista com mais alegria, a primeira gravação de "Pintinho Amarelinho" do Gugu Liberato (kkkk!). Esta cantiga de jardim de infância foi resgatada com vigor em meados dos anos 90 graças ao então apresentador do programa Domingo Legal do SBT.
Fontes:
Wikipédia
Rádio UOL e Mercado Livre (pela ficha técnica e créditos das músicas e pelas capas de singles promocionais)
Site Revista Veja (Acervo Digital)
Dicionário Cravo Albin da MPB
Site de buscas de imagens Google
Meu nome é Jeane Martins, a Jê (com jota!).Sou de Itajaí,Santa Catarina (e apaixonada pela Portela, a rainha do carnaval do Rio de Janeiro) :D
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"O que é de verdade ninguém mais hoje liga: isso é coisa da antiga" - Ney Lopes e Wilson Moreira
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