"O que é de verdade ninguém mais hoje liga: isso é coisa da antiga" - Ney Lopes e Wilson Moreira

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quarta-feira, 29 de abril de 2020

LISTAS: Novelas da Rede Globo que tiveram que ser reprisadas nas suas principais faixas horárias


Francisco Cuoco e Regina Duarte na primeira versão da novela "Selva de Pedra"


Na postagem anterior eu falei sobre a paralisação das gravações em uma semana da segunda temporada de "As Aventuras de Poliana" do SBT em razão da pandemia do coronavírus e a possibilidade de reexibição de uma novela para ocupar seu espaço. Na Rede Globo há um fato inédito que é a reprise nas quatro principais faixas horárias da emissora, praticamente ao mesmo tempo na história da teledramaturgia brasileira, já que a linha de produção de folhetins teve que ser interrompida pela pandemia. "Fina Estampa" (2011) vem substituindo "Amor de Mãe". "Salve-se Quem Puder" deu lugar ao "Totalmente Demais" (2015). Com o fim de "Éramos Seis", "Novo Mundo" (2017) vem sendo reexibida no horário das 18 horas e "Malhação - Toda Forma de Amar" que também já havia terminado segue com "Malhação - Viva a Diferença" (2017-2018) (sem falar que eu adoro a personagem Benê).
Porém nas décadas de 1970 e 1980 já existia a ideia das reprises de novelas em horários principais, seja por censura, greve ou morte de um colega de trabalho. Veja a seguir.

*"Selva de Pedra" (1972 - reprisada em 1975)


A primeira versão de "Roque Santeiro" (1975) já estava pronta pra ir ao ar no dia 27 de agosto às 20 horas, porém a produção foi censurada pela ditadura militar. No dia da estreia, faltando poucos minutos para começar a atração, o apresentador Cid Moreira deu a notícia no Jornal Nacional e leu o editorial escrito por Armando Nogueira (1927-2010), então diretor do telejornal, anunciando o veto. O Governo justificava que "a novela contém ofensa à moral, à ordem pública e aos bons costumes, bem como achincalhe à Igreja."
No lugar da obra de Dias Gomes  (1922-1999), foi optada a reprise de três meses de "Selva de Pedra" (1972), escrita pela esposa do novelista, Janete Clair (1925-1983). A Globo havia pedido à autora pra que escrevesse outra novela para o horário, "Pecado Capital" que virou outro grande sucesso da história da teledramaturgia brasileira. A novela foi estreada pelo mesmo elenco do folhetim proibido. E quanto à trama "Roque Santeiro", ela ganhou uma reprodução na década seguinte com o Brasil já livre da ditadura e foi mais um sucesso de audiência.


*"O Bem Amado" (1973, reprisada em 1977)


Em janeiro de 1977, "Despedida de Casado", novela das 22 horas escrita por Walter George Durst (1922-1997), foi mais uma a sofrer pela censura, já que a obra apresentava o divórcio, o amor livre e a briga entre gerações. Daí veio a ideia da reprise de "O Bem Amado" (1973) _ protagonizado por Paulo Gracindo (1911-1995) que fazia o irreverente Odorico Paraguaçu_ para ocupar o espaço. "Nina" foi estreada em junho do mesmo ano com o mesmo autor e mesmo elenco da novela vetada.


*"O Casarão" (1976, reprisada em 1983)



A novela "Sol de Verão" (1982-1983) foi mais uma a ser abalada, desta vez não pela censura e sim pela morte do ator Jardel Filho (1928-1983). A equipe inteira ficou sentida pelo falecimento do colega. Manoel Carlos, autor da novela e amigo íntimo de Jardel, não conseguiu mais escrever os capítulos, sendo substituído por Lauro César Muniz e Gianfrancesco Guarnieri (1934-2006), precipitando assim o término da novela.
A Globo chegou a fazer uma pesquisa com os telespetadores para saber se deveria dar continuidade à produção. Embora a maioria dissesse sim, Manoel Carlos resolveu dar o fim à obra.
Mas aí vem o perrengue: a sua sucessora das 20 horas, "Louco Amor" de Gilberto Braga ainda não estava pronta. E para não deixar o espaço do horário em branco, a solução foi reprisar "O Casarão" (1976) de Lauro César Muniz em 30 capítulos até a estreia da nova novela.


*"Locomotivas" (1977, reprisada em 1986)



"Direito de Amar", a novela sucessora da primeira versão de "Sinhá Moça" no horário das 18 horas em 1986, teve uma interrupção de três meses devido a uma ameaça do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões do Rio de Janeiro, que exigia um limite máximo de seis horas diárias de trabalho para seus afiliados. A estreia da novela, que seria em novembro de 1986, foi protelada para fevereiro de 1987. Durante esse período, foi reapresentado um compacto de "Locomotivas" (1977), a primeira novelas das 19 horas da Globo produzida totalmente em cores, entre 17 de novembro de 1986 e 14 de fevereiro de 1987. Curiosamente, "Sinhá Moça" e "Locomotivas" foram protagonizadas por Lucélia Santos .


Fontes:
Gaúcha ZH (ClicRBS)
Wikipédia
Site Teledramaturgia (de Nilson Xavier)

Única novela inédita no ar, "As Aventuras de Poliana" só ganhará nova temporada em 2021.

Luigi (Enzo Krieger), Poliana (Sophia Valverde), Kessya (Duda Pimenta) e Bento (Davi Campolongo)


As gravações da segunda temporada da novela "As Aventuras de Poliana" começaram em março com elenco renovado e alguns atores permanentes, porém, em uma semana, tiveram que ser paralisadas em decorrência da pandemia do coronavírus. Segundo o colunista da TV Daniel Castro, as gravações de "Poliana Moça" só devem retomadas em 2021. Assim como a sua exibição, já que seria inútil exibir os primeiros capítulos da segunda temporada e interrompê-la em seguida. Sophia Valverde que faz a protagonista Poliana vai aparecer com o novo visual. Para cobrir o espaço da novela, outra trama será reprisada, porém não se sabe se será mexicana ou brasileira.
"As Aventuras de Poliana" vem sendo exibida desde 18 de maio de 2018 e já passou dos 500 capítulos. A primeira temporada já está na reta final.

domingo, 12 de abril de 2020

Clássicos da Música Católica 03 - "Porque Ele Vive"


Nesta postagem especial de Páscoa que é hoje (12/04), eu falo sobre uma das músicas religiosas mais cantadas em missas no tempo pascal:"Porque Ele Vive".
"Porque Ele Vive", na verdade, não é uma música católica, e sim protestante, além de ser uma versão em português de "Because He Lives". Ela foi escrita pelo casal americano William J. Gaither, conhecido popularmente como Bill Gaither, e Gloria Gaither, compositores de vários hinos adventistas. Em 1954, Bill Gaither fazia parte de uma banda gospel no qual também integrava Elvis Presley (1935-1977). Gaither criou o grupo Bill Gaither Trio que durou de 1956 a 1991 e hoje mantem e é integrante do grupo Gaither Vocal Band.

A origem da canção

Era o final da década de 1960. Os Estados Unidos passavam por uma série de desordens, como a teoria do "Deus está morto" e a cultura hippie e sua famigerada trindade "sexo, drogas e rock and roll". Bill e Gloria esperavam pelo terceiro filho (vale ressaltar que eles já tinham duas filhas). Gloria achava que não era um bom momento para trazer o menino ao mundo, além de o casal, muitas vezes, ter estado desanimado com aquela situação toda. Todavia, Bill e Gloria acreditavam que o filho seria capaz de enfrentar tribulações , "porque Ele (Deus) vive". O menino que nasceu em 1970 se chama Benjamin. Daí veio a inspiração para a música.
A versão original tem três estrofes, ao invés de apenas duas, como é a versão em português. Essa estrofe é pessoal, fala justamente da alegria do casal Gaither com a chegada do pequeno Benjamin: "Que doce é segurar o nosso bebê recém-nascido, e sentir o orgulho e a alegria que ele nos dá; mas maior calma vem-nos na certeza de que esta criança pode enfrentar dias incertos, porque Ele vive!"
"Because He Lives" teve a honra de ter sido escolhida como a Canção Gospel do Ano de 1974" pela Gospel Music Association e pela ASCAP, American Society of Composers, Authors and Publishers (Sociedade Americana de Compositores, Autores e Editores). Sua versão em português no Brasil é cantada por fiéis de todas as religiões. No catolicismo, "Porque Ele Vive" é cantada em missas do tempo pascal e já foi gravada por alguns padres cantores famosos.

O casal William J. Gaither e Gloria Gaither

Fontes:
Super Gospel
https://www.supergospel.com.br/serie-sobre-a-historia-dos-grandes-hinos-da-musica-crista-parte-5-porque-ele-vive_2941.html

http://lennyjornalistacatolico.blogspot.com/2012/11/porque-ele-vive-eu-posso-crer-no-amanha.html


Porque Ele Vive
Escrita por William "Bill" Gaither e Gloria Gaither
Versão em português: domínio religioso

God sent His Son - they called Him Jesus
Deus mandou Seu Filho - eles O chamaram de Jesus
He came to love, heal and forgive
Ele veio para amar, curar e perdoar
He lived and died to buy my pardon
Ele viveu e morreu para pagar pelos meus pecados 
An empty grave is there to prove my Savior lives
Um túmulo vazio está ali para provar que meu Salvador vive

Because He lives I can face tomorrow
Porque Ele Vive, eu posso encarar o futuro 
Because He lives all fear is gone
Porque Ele Vive, todo o medo passou
Because I know He holds the future
Porque eu sei que Ele guarda o meu futuro
And life is worth the living just because He lives
E vale a pena viver só porque Ele vive

How sweet to hold a newborn baby
Como é doce segurar um bebê recém-nascido 
And feel the pride and joy he gives
E sentir o orgulho e a alegria que ele dá
But greater still the calm assurance
Mas a maior calma ainda é a certeza 
This child can face uncertain days because Christ lives
De que esta criança pode encarar dias incertos, porque Cristo vive

Because He lives I can face tomorrow
Porque Ele Vive, eu posso encarar o futuro 
Because He lives all fear is gone
Porque Ele Vive, todo o medo passou
Because I know He holds the future
Porque eu sei que Ele guarda o meu futuro
And life is worth the living just because He lives
E vale a pena viver só porque Ele vive

And then one day I'll cross the river
E então um dia eu cruzarei o rio
I'll fight life's final war with pain
Eu lutarei no combate final da vida com dor
And then, as death gives way to victory
E então, assim que a morte der lugar à vitória
I'll see the lights of glory - and I'll know He lives
Eu verei as luzes da glória - e saberei que Ele vive

Because He lives I can face tomorrow
Porque Ele Vive, eu posso encarar o futuro 
Because He lives all fear is gone
Porque Ele Vive, todo o medo passou
Because I know He holds the future
Porque eu sei que Ele guarda o meu futuro
And life is worth the living just because He lives
E vale a pena viver só porque Ele vive


Versão em português

Deus enviou seu Filho amado,
Para morrer no meu lugar
Na cruz pagou por meus pecados,
Mas o sepulcro vazio está
Porque Ele vive.

Porque Ele vive,
Eu posso crer no amanhã
Porque Ele vive,
Temor não há
Mas eu bem sei,
Que o meu futuro
Está nas mãos do meu Jesus
Que vivo está

Um dia, eu vou cruzar os rios
E verei então, um céu de luz
E verei que lá, em plena glória,
Vitorioso, vive e reina
O Meu Jesus

Porque Ele vive,
Eu posso crer no amanhã
Porque Ele vive,
Temor não há
Mas eu bem sei,
Que o meu futuro
Está nas mãos do meu Jesus
Que vivo está

terça-feira, 7 de abril de 2020

Trilha sonora nacional da novela "O Espigão" (Rede Globo, 1974)




"Cidade grande. O homem vira máquina, a máquina esmaga o homem. Chega pro lado! Abre caminho… A engrenagem engolindo… O futuro brotando… O Espigão!"

Frase narrada na apresentação das cenas do próximo capítulo da novela (prática comum na época)


A brilhantíssima trilha sonora nacional da novela futurista "O Espigão" (Rede Globo, 1974) da autoria de Dias Gomes (1922-1999).
A novela contava a história de Lauro Fontana, vivido por Milton Moraes (1930-1993) que era um empresário megalomaníaco de origem humilde que queria construir o maior hotel do Brasil chamado Fontana Sky e para isso precisava convencer os Camará, uma família misteriosa, tradicionalista e neurótica, a vender sua mansão, para que ele pudesse utilizar o imenso terreno para concretizar seu propósito.
Com a novela, expressões como "espigão" (para designar arranha-céu), "ecologia" e "ecossistema", além de discussões sobre inseminação artificial e bebê de proveta, entraram para o vocabulário popular.
Em 1982, quando foi anunciada a reprise da novela para cobrir a censura da minissérie "Bandidos da Falange", a trilha sonora nacional foi relançada. Porém essa reprise não foi ao ar e nunca aconteceu até hoje. É porque, na época, o Jornal Nacional havia anunciado que a minissérie finalmente tinha sido liberada.
O curioso é que no cantinho esquerdo inferior da contracapa estava uma breve propaganda do Campanha de Segurança nas Estradas da DNER* (hoje DNIT) com a colaboração da antiga SIGLA (Sistema Globo de Gravações Audiovisuais Ltda, hoje Globo Comunicação e Participações S.A.):"Pense na neblina como um sinal de alarme. Um serviço público do DNER, Campanha de Segurança nas Estradas". Naquele 1974 era comum ver esta propaganda nas contracapas de LP's lançados pela Som Livre, gravadora que pertencia a SIGLA.
Mas se você não tiver o disco de vinil ou o CD relançado em 2006 (Coleção Master Trilhas" da Som Livre) de "O Espigão Nacional" como é o meu caso, não se preocupe. Está disponível o álbum na íntegra no YouTube!

*DNER: Departamento Nacional de Estradas de Rodagem - foi o órgão federal vinculado ao Ministério dos Transportes. A partir de 2001, o DNER foi substituído por DNIT, Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes.

Ouvindo o LP, a gente percebe que "as músicas não só ajudavam a contar a trama, mas corroboravam a abordagem crítica que a permeava" (livro Teletema Volume 1: 1964 a 1989, de Guilherme Bryan e Vincent Villari, Editora Dash, 2014).
O álbum começa com Tom & Dito cantando o sambinha de sua autoria, "Malandragen Dela", que integrava o primeiro disco da dupla baiana lançado pela Som Livre naquele 1974 e produzido por Antônio Carlos e Jocafi. E por falar em Antônio Carlos e Jocafi, eles também participam deste disco, só que como compositores do empolgante pop-rock setentista "Ciladas" gravado por Pery Ribeiro (1937-2012) cuja introdução lembra a de "Smoke On The Water" (de Ritchie Blackmore, Ian Gillan, Roger Glover, Jon Lord e Ian Paice, 1973) da banda inglesa Deep Purple. E Carlos Walker (atendido na época apenas como Walker), músico carioca e primo do Antônio Carlos, foi compositor e intérprete da linda "Alfazema".
"Botaram Tanta Fumaça", um retrato musical da situação caótica da cidade grande, foi escrita e interpretada pelo Tom Zé e fazia parte do álbum de estúdio do músico baiano, "Todos Os Olhos" (Continental / hoje Warner Music, 1973). "Botaram Tanta Fumaça" foi incluída no disco da trilha sonora graças ao pedido de Dias Gomes, o autor da novela, a João Araújo (1935-2013), diretor da Som Livre na época.
O músico e arquiteto Billy Blanco (1924-2011), avô da atriz e cantora Lua Blanco e do cantor Pedro Sol, juntou seus dois talentos para compor o ótimo samba-rock "Subindo o Espigão" gravado por Betinho, nome artístico do cantor Francisco Roberto Cruz Ramos. "Subindo o Espigão" fazia parte do seu álbum "Os Maiores Sucessos de Betinho (Em Tele-Novelas)", lançado em 1974 pela Soma, extinto selo subsidiário da Som Livre e recentemente relançado em CD pelo Discobertas, selo criado pelo produtor e pesquisador Marcelo Fróes.
A talentosíssima cantora carioca Sônia Santos interpreta aqui o samba "Você Vai Ter Que Me Aturar" (de Reginaldo Bessa e Nei Lopes, 1974) que, apesar de falar sobre a questão da autoestima do povo negro, foi tema para a personagem Cordélia (Suely Franco) em quem Lauro (Milton Moraes) deu o golpe do baú. Outra voz muito conhecida em trilhas de novelas da TV Globo nos anos 1970 além da Sônia Santos é o Djalma Dias, um cantor mineiro cheio de ginga que gravou "Nonô, Rei das Gringas", tema do assaltante Nonô (vivido por Milton Gonçalves), outra música da autoria de Billy Blanco. Se hoje em dia o refrão soa politicamente incorreto ("Lá vai Nonô, homem de cor, que é bom no samba e no amor"), naquela época era considerado simpático.
O tema de abertura, escrita e interpretada por Zé Rodrix (1947-2009), fala claramente sobre a mudança de comportamento com o avanço da tecnologia ("Me disseram que tudo que eu tenho é demais / Me disseram que tudo que é demais está sobrando /Que é que eu posso fazer se inventaram o mundo pra me dar prazer /
Minhas máquinas estão fazendo tudo
/que eu fazia/ Eu não preciso mais me mexer pra viver / Viver sem me mexer..."). Pode-se dizer ironicamente que o músico foi um profeta em ter criado esta música. Rodrix havia feito a música a pedido da equipe da Globo que lhe havia explicado como seria o roteiro da trama. A faixa foi gravada pela Odeon (hoje Universal Music) e posteriormente cedida para a Som Livre.
A banda setentista Azymuth, formada por José Roberto Bertrami (1943-2012), Alex Malheiros e Ivan Conti executavam o tema instrumental "Pela Cidade" (de José Roberto Bertrami e Alexandre Malheiros), que servia de música de fundo para os takes da metrópole.
"Retrato 3X4", composta e gravada por Alceu Valença, foi o tema da marginal Lazinha Chave de Cadeia (vivida por Betty Faria), comparsa de Nonô que conquista Lauro. A música que é um rock-baião foi inspirada em um amigo do músico pernambucano que foi um dos membros do grupo de Carlos Marighella (1911-1969), guerrilheiro e político oposto ao Regime Militar. Esse membro, segundo Alceu, sempre negava que foi guerrilheiro e, mesmo assim, seu retrato foi exposto na rodoviária de São Paulo como foragido e, só posteriormente, o artista soube que o amigo havia morrido.
Os Lobos, a antiga banda do cantor Dalto, canta "Na Sombra da Amendoeira", da autoria de Sá e Guarabyra que, junto ao Zé Rodrix com quem formavam o trio musical, foram os pioneiros do rock rural. A música serviu de tema para os irmãos Camará apegados à sua antiga mansão que seria o último recanto natural nunca mexido pelo progresso. Até o último capítulo.
A cantora paulista Tuca, nome artístico de Valeniza Zagni da Silva (1944 - 1978), entoava a faixa "Berceuse" (de Tuca, 1974), que como o próprio título em francês diz, é uma canção de ninar sem letra, apenas com sílabas que soam como uma onomatopéia de uma caixinha de música.
Benito di Paula, o precursor do "samba-joia" que é uma fusão musical do samba tradicional com arranjos românticos e jazzísticos, encerra o disco com "Último Andar", composta por ele. A letra é como se diz nos dias de hoje, um spoiler da novela, ou seja, o adiantamento do final da trama, com casarão dos Camará desmanchado para dar o lugar ao tal espigão de Lauro.


Fontes:
Site Teledramaturgia (Nilson Xavier)
Livro "Teletema Volume 1: 1964 a 1989"
de Guilherme Bryan e Vincent Villari, Editora Dash, 2014

"O Espigão" - Trilha Sonora Nacional
(P) 1974 Som Livre / SIGLA, Sistema Globo de Gravações Audiovisuais Ltda. (hoje Globo Comunicação e Participações S.A.)


1 - Malandragem Dela 
Escrita e interpretada por Tom e Dito

2 - Botaram Tanta Fumaça
Escrita e interpretada por Tom Zé
(P) 1973 Discos Continental (hoje Warner Music Brasil)

3 - Subindo o Espigão
Escrita por Billy Blanco
Interpretada por Betinho

4 - Alfazema
Escrita e interpretada por Carlos Walker
gentilmente cedido pela RCA Victor, Radio Corporation of America (hoje Sony Music Entertainment Brasil)

5 - Você Vai Ter Que Me Aturar
Escrita por Reginaldo Bessa e Nei Lopes
Interpretada por Sônia Santos

6 - O Espigão
Escrita e interpretada por Zé Rodrix
Gentilmente cedido pela Indústrias Elétricas e Musicais Fábrica Odeon S.A. (hoje Universal Music Brasil)

7 - Pela Cidade
Escrita por José Roberto Bertrami e Alexandre Malheiros
Executada por Azymuth

8 - Retrato 3 x 4
Escrita e interpretada por Alceu Valença

9 - Na Sombra da Amendoeira
Escrita por Luiz Carlos Sá e Gutemberg Guarabyra
Interpretada por Os Lobos

10 - Ciladas
Escrita por Antônio Carlos Pinto e Jocafi
Interpretada por Pery Ribeiro

11 - Nonô Rei das Gringas
Escrita por Billy Blanco
Interpretada por Djalma Dias

12 - Berceuse
Escrita e interpretada por Tuca

13 - Último Andar
Escrita e interpretada por Benito Di Paula
Gentilmente cedido pela Copacabana Discos (hoje Universal Music Brasil)

Festa de Lançamento do "Clube do Samba" (Fantástico, 1979)

"Meninos da Mangueira" - Ataulpho Jr. e Diogo Nogueira no programa "Samba da Gamboa" na TV Brasil