"O que é de verdade ninguém mais hoje liga: isso é coisa da antiga" - Ney Lopes e Wilson Moreira

Elsa (Frozen) ♥

sábado, 26 de fevereiro de 2022

Relembrando a adolescência #17 - O que tem por trás do hit carnavalesco "Eva"?

Capa do CD "Banda Eva Ao Vivo" (PolyGram / hoje Universal Music, 1997)


O carnaval está vindo aí, mesmo que de modo atípico por motivos pandêmicos, e uma das músicas que não poderia faltar no repertório da festa é a canção "Eva" que muitos conhecem na gravação da Banda Eva em 1997 _quando a vocalista ainda era a Ivete Sangalo_ para o primeiro CD do grupo baiano ao vivo lançado pela PolyGram (atual Universal Music). Mas você sabe qual é a origem da música?

 

Vídeo do show da Banda Eva (com Ivete Sangalo) no Axé Band (evento promovido pela rádio Band FM) ao vivo gravado em Olympia, São Paulo, em setembro de 1997.


Primeiramente, é válido ressaltar que a música "Eva" não é originalmente da Banda Eva. Na realidade, ela é uma regravação da versão da banda Rádio Táxi em 1983, cujo vocalista Maurício Gasperini atualmente é um dos concorrentes do programa The Voice + da Rede Globo e escolheu o time da Ludmilla. 

Capa do single da banda Rádio Táxi com as músicas "Eva" e "Filho da Mãe" (de Wander Taffo e Lee Marcucci) lançado em 1983 pela CBS/hoje Sony Music. A foto é o detalhe da obra "O Nascimento de Vênus" (início:1485 - conclusão:1486) de Sandro Botticelli (1445-1510) (Mercado Livre)

Banda Rádio Táxi (foto da capa do LP "Rádio Táxi", CBS/Sony Music, 1983, no qual está o sucesso "Eva")

 


Mas a letra original foi escrita em italiano pelo roqueiro Umberto Tozzi (em parceria com Giancarlo Bigazzi) e gravada em 1982. A versão brasileira assinada por Marcos Ficarelli é uma tradução literal para o português.


 


 Mas sobre o que a música fala, afinal?

O cantor e compositor italiano Umberto Tozzi, a voz original de "Eva".


A letra foi escrita durante o período da Guerra Fria (1947-1991) e as pessoas estavam com medo de bombas atômicas e de ataques nucleares. Em meio a um possível fim do mundo, Umberto Tozzi escreveu sobre uma história de amor e ainda trouxe várias referências bíblicas para a canção. Você imaginava um contexto pós-apocalíptico como esse?


Meu amor
Olha só, hoje o sol não apareceu
é o fim
da aventura humana da Terra
Meu planeta, adeus!
Fugiremos nós dois na arca de Noé
Olha bem, meu amor,
o final da odisseia terrestre

Logo nos primeiros versos, já vemos referências ao contexto histórico. O narrador leva um susto ao acordar de manhã e perceber que o Sol desapareceu e que a aventura humana na terra está chegando ao fim. É hora de se despedir do planeta. 


Sou Adão e você será
Minha pequena Eva
O nosso amor na última astronave
Além do infinito eu vou voar
Sozinho com você

O homem que narra a canção, então, resolve declarar o seu amor para a mulher amada. Depois, afirma que os dois serão os únicos habitantes da Terra, assim como Adão e Eva.


E voando bem alto
Me abraça pelo espaço de um instante (Eva)
Me cobre com teu corpo e me dá
a força pra viver.

A música é uma declaração de amor eterno em pleno fim do mundo. Dá pra sentir todo o romance nesse trecho, em que o homem diz que esse sentimento é a força que o mantem vivo.


E pelo espaço de um instante
Afinal não há nada mais
Que o céu azul pra gente voar
Sobre o Rio, Beirute ou Madagascar
Toda a Terra reduzida a nada, nada mais
E minha vida é um flash
De controles, botões anti-atômicos

Aqui, o contexto da Guerra Fria fica bem claro. A ideia de que a Terra podia ser reduzida a pó simplesmente apertando um botão estava muito presente no imaginário do compositor, não é? Então, cada vez que eu ouvir essa música em qualquer festa, sempre e sempre me lembrarei desse contexto interessante.


Texto: Letras.Mus.Br (Instagram / @letrasmusbr)

https://www.instagram.com/p/CaYBjGkMwvg/?utm_source=ig_web_copy_link



Jhusara Silva no The Voice +

 


A cantora que foi backing vocal de vários artistas _entre eles, Elba Ramalho_ e integrante do Trio Ternura está no talent show da Rede Globo.


No dia 6 de fevereiro, a cantora carioca Jhusara, nome artístico de Jussara Lourenço da Silva (17/05/1953) conseguiu uma vaga no time Toni Garrido no programa The Voice + da Rede Globo cantando "Enredo do Meu Samba" (de Jorge Aragão e Dona Yvonne Lara, 1984) .

Jhusara é filha do compositor Umberto Silva (1923-2009), coautor de "Ninguém é De Ninguém" (com Toso Gomes e Luis Mergulhão, 1960), música gravada por Cauby Peixoto (1931-2016). Com os irmãos Jurema Lourenço da Silva (07/11/1946) e Robson Lourenço da Silva (24/08/1951 – 25/12/2011), Jhusara foi integrante do Trio Ternura que iniciou a carreira na década de 1960, inclusive participando do programa Jovem Guarda da TV Record. Em 1970 0 Trio Ternura ganhou mais projeção acompanhando o cantor e ator Tony Tornado no 5º Festival Internacional da Canção da Rede Globo com a música "BR-3" (de Antonio Adolfo e Tibério Gaspar, 1970) que por fim conquistou o primeiro lugar no Festival. O grupo se desfez oficialmente no final dos anos 70 e, com a irmã Jurema, Jhusara seguiu a carreira de backing-vocal, trabalhando com renomados artistas como Alcione, Cazuza (1958-1990), Elba Ramalho e Sérgio Mendes. Um dos projetos mais notáveis da dupla foi o show "Dois Quartos" de Ana Carolina em 2008, que executava coreografia com as cantoras e também abria espaço para que a plateia pudesse interagir com elas.

Jhusara também é requisitada em projetos especiais como, por exemplo, gravar as vozes da vinheta do The Voice Brasil e ser instrutora vocal do programa por três anos. Em 2021, lançou seu single "Me Espera Que Eu Vou", música da autoria dela em parceria com o pai Umberto Silva, falecido em 2009, e Mestre Zé Américo Bastos.

Uma boa sorte à Jhusara!



 


 Fontes:
*Wikipédia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Trio_Ternura

*Diário da Música
http://elizabethdiariodamusica.blogspot.com/2016/05/trio-ternura.html

*Diário de Pernambuco
https://www.diariodepernambuco.com.br/noticia/viver/2021/06/cantora-jhusara-celebra-dia-de-sao-pedro-e-homenageia-pai-com-live.html


VÍDEO: "A Gira" (de Umberto Silva e Beto Scala, 1972)


 

domingo, 6 de fevereiro de 2022

O Evangelho e a MPB #01 - "Geni e o Zepelim" (Chico Buarque)

 

"Geni e o Zepelim" 

(do musical "Ópera do Malandro", de Chico Buarque, 1978)


Na canção "Geni e o Zepelim", Chico Buarque de Holanda apresenta uma mulher que vive na miséria pessoal e moral. A sociedade, por sua vez, olha para ela com desprezo e violência, vociferando: "Joga pedra na Geni! Ela é feita pr’apanhar! Ela é boa de cuspir". É uma denúncia à hipocrisia que pode tomar conta do meio social quando a compaixão e a empatia são deixadas de lado. O Evangelho narra diversos encontros entre Jesus e pessoas feridas pelo pecado e pelo sofrimento. Jamais se nota, da parte do Mestre, um olhar de repulsa e condenação, mas sempre a disposição em estender a mão e apresentar um outro caminho a tais pessoas para reerguê-las em sua dignidade. Esta é a via que o cristão deve seguir. 

Frei Gustavo Wayand Medella, OFM
(gmedella@gmail.com)

Verso da página do dia 27 de janeiro de 2022 da Folhinha do Sagrado Coração de Jesus, Editora Vozes.



Festa de Lançamento do "Clube do Samba" (Fantástico, 1979)

"Meninos da Mangueira" - Ataulpho Jr. e Diogo Nogueira no programa "Samba da Gamboa" na TV Brasil