Meu nome é Jeane Martins, a Jê (com jota!).Sou de Itajaí,Santa Catarina (e apaixonada pela Portela, a rainha do carnaval do Rio de Janeiro) :D
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"O que é de verdade ninguém mais hoje liga: isso é coisa da antiga" - Ney Lopes e Wilson Moreira
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
Ótima interpretação de "Geni e o Zepelim"
Depois de falar de "Geisy e o Zé Pilintra" da banda paulista 1/2 Dúzia de 3 ou 4 (clique aqui) em homenagem irônica a estudante Geisy Arruda , é a vez da música inspiradora:"Geni e o Zepelim", de Chico Buarque, que, no video abaixo, ganhou a linda interpretação da cantora goiana Maria Eugênia, intérprete do tema de abertura da novela das seis "Araguaia"
http://www.youtube.com/watch?v=8eRI-a9Cv1M
Geni e o Zepelim (do musical "Ópera do Malandro")
Escrita por Chico Buarque
Interpretada por Maria Eugênia
De tudo que é nego torto
Do mangue e do cais do porto
Ela já foi namorada
O seu corpo é dos errantes
Dos cegos, dos retirantes
É de quem não tem mais nada
Dá-se assim desde menina
Na garagem, na cantina
Atrás do tanque, no mato
É a rainha dos detentos
Das loucas, dos lazarentos
Dos moleques do internato
E também vai amiúde
Co'os velhinhos sem saúde
E as viúvas sem porvir
Ela é um poço de bondade
E é por isso que a cidade
Vive sempre a repetir:
Joga pedra na Geni!
Joga pedra na Geni!
Ela é feita pra apanhar,
Ela é boa de cuspir!
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni!
Um dia surgiu, brilhante
Entre as nuvens, flutuante
Um enorme zepelim
Pairou sobre os edifícios
Abriu dois mil orifícios
Com dois mil canhões assim
A cidade apavorada
Se quedou paralisada
Pronta pra virar geleia
Mas do zepelim gigante
Desceu o seu comandante
Dizendo: "Mudei de ideia.
Quando vi nesta cidade
Tanto horror e iniquidade
Resolvi tudo explodir,
Mas posso evitar o drama
Se aquela formosa dama
Esta noite me servir."
Essa dama era Geni,
Mas não pode ser Geni!
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir!
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni!
Mas de fato, logo ela
Tão coitada e tão singela
Cativara o forasteiro
O guerreiro tão vistoso
Tão temido e poderoso
Era dela, prisioneiro
Acontece que a donzela
– e isso era segredo dela –
Também tinha seus caprichos
E a deitar com homem tão nobre
Tão cheirando a brilho e a cobre
Preferia amar com os bichos.
Ao ouvir tal heresia
A cidade em romaria
Foi beijar a sua mão
O prefeito de joelhos
O bispo de olhos vermelhos
E o banqueiro com um milhão.
Vai com ele, vai Geni!
Vai com ele, vai Geni!
Você pode nos salvar,
Você vai nos redimir!
Você dá pra qualquer um
Bendita Geni!
Foram tantos os pedidos
Tão sinceros, tão sentidos
Que ela dominou seu asco
Nessa noite lancinante
Entregou-se a tal amante
Como quem dá-se ao carrasco
Ele fez tanta sujeira
Lambuzou-se a noite inteira
Até ficar saciado
E nem bem amanhecia
Partiu numa nuvem fria
Com seu zepelim prateado
Num suspiro aliviado
Ela se virou de lado
E tentou até sorrir
Mas logo raiou o dia
E a cidade em cantoria
Não deixou ela dormir.
Joga pedra na Geni!
Joga bosta na Geni!
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir!
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni!
Joga pedra na Geni!
Joga bosta na Geni!
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir!
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni!
© 1977 Marola Edições Musicais
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