"O que é de verdade ninguém mais hoje liga: isso é coisa da antiga" - Ney Lopes e Wilson Moreira

Elsa (Frozen) ♥

domingo, 27 de abril de 2025

"Muito Prazer, Eu Existo" - Xuxa

Postagem especial do mês da conscientização do autismo



Este é o lado B (literalmente) da Xuxa: a música "Muito Prazer, Eu Existo", a última na primeira tiragem do 13° álbum da artista, "Sexto Sentido" (Som Livre, 1994), já que a segunda tiragem se encerra com a faixa bônus "Grito de Guerra" (Afo Verde, Pablo Durand, Fernando Lopez Rossi e Reinaldo Waisman), o famoso tema da competição do programa infantil "Xuxa Park" da Rede Globo. Lembro que foi o último disco de vinil que papai comprou pra nós e é a segunda tiragem com a faixa-bônus (Ô sorte!😁), já que era a época que tivemos o nosso primeiro aparelho de CD, mídia física então mais moderna que já tinha começado a se popularizar no Brasil (mídia física é um dos meus hiperfocos 😁). 

"Muito Prazer, Eu Existo" é da autoria da dupla Álvaro Socci e Cláudio da Matta que também fez várias músicas de sucesso para Sandy & Junior e Zezé di Camargo & Luciano (outros hiperfocos meus: créditos e ficha técnica). A música defende as pessoas com deficiência, e com isso aborda temas profundos e sensíveis relacionados à inclusão, aceitação e respeito às diferenças e alfineta o que hoje se chama capacitismo (preconceito contra pessoas com deficiência) e a imposição para que as pessoas atípicas se comportem como pessoas da bolha dos que se dizem "dentro dos padrões da sociedade". Uma canção linda e, ao mesmo tempo, útil. Como diriam Cazuza (1958-1990) e Frejat em "Blues da Piedade" (1988): "para quem não sabe amar é fica esperando alguém que caiba no seu sonho".



"Muito Prazer, Eu Existo"
Escrita por Álvaro Socci e Cláudio da Matta
Interpretada por Xuxa
Participação especial do menino Marcelo Coutinho Ferreira (declamador da frase "muito prazer, eu existo!")
℗ 1994 Som Livre / SIGLA, Sistema Globo de Gravações Audiovisuais LTDA. (hoje Globo Comunicação e Participações S.A.)

Arranjo: Yahoo (Zé Henrique, Val Martino e Serginho Knust)
Teclados: Val Martino 
Baixo: Zé Henrique 
Guitarra: Serginho Knust
Bateria: Marcelo Faria
Coro: Angel, Carlos Conceição, Andréa Veiga e Lisa Romana.


Existem filhos que precisam mais carinho
De mais cuidados e atenção especial
E essas crianças quando muito bem amadas
Só Deus quem sabe qual o seu potencial
Seus pais conhecem o segredo do universo
Da harmonia e na diversificação
Amar alguém dito normal é muito fácil
Longe da indiferença e discriminação

Me pergunto, se a tua indiferença é natural?
Me pergunto, em que consiste ser normal?
Me pergunto, qual o referencial?
Porque todo mundo tem que ser igual?
Quem de nós, é um ser humano exemplar?
Quem de nós, não tem espelho pra se olhar?
Quem de nós, é capaz de atirar?
A primeira pedra sem se machucar?

Alguns de nós julgam-se mais que todo mundo
Como se o sol fosse escolher pra quem nascer
Comparações são vaidosas ou amargas
Tudo na vida tem uma razão de ser
Tem gente preconceituosa e arrogante
E eu me preocupo com seu modo de pensar
Como se Deus fosse algum ser inconsequente
Que faz pessoas diferentes só pra olhar

Me pergunto, se a tua indiferença é natural?
Me pergunto, em que consiste ser normal?
Me pergunto, qual o referencial?
Porque todo mundo tem que ser igual?
Quem de nós, é um ser humano exemplar?
Quem de nós, não tem espelho pra se olhar?
Quem de nós, é capaz de atirar?
A primeira pedra sem se machucar?

 


Esse abaixo foi um video comigo cantando a música, postado um dia antes do dia mundial da conscientização do autismo.


Nos deixou o produtor musical Mauro Motta

 


Na manhã deste sábado, 26 de abril, morreu o músico, produtor musical e compositor Mauro Motta (19 de fevereiro de 1948 - 26 de abril de 2025). Ele já estava internado no hospital por problemas de saúde. Eu sempre acompanhei a carreira de Mauro através dos LP's da gravadora CBS/Sony Music com a Turma do Balão Mágico e, é claro, Roberto Carlos, com quem o músico tinha muita amizade desde os anos 1960 e era produtor a partir de 1984.

Em 1968 entrou para a banda Renato e Seus Blue Caps como tecladista. Foi parceiro de Raul Seixas (1945-1989), quando este ainda assinava Raulzito, com o qual compôs dezenas de músicas, tais como "Ainda Queima a Esperança",  "Estou Completamente Apaixonada" e "Hoje Sonhei com Você" gravadas em 1972 por Diana (1948-2024), "Se Ainda Existe Amor" (1973) pelo Balthazar, "Lágrima Nos Olhos" (1973) por José Roberto. O primeiro grande sucesso de Mauro Motta como compositor foi em 1971, com a canção "Doce, Doce Amor", em parceria com Raul Seixas e gravada por Jerry Adriani (1947-2017). Outros de seus sucessos, com vários parceiros, são "Eu e Ela" (com Robson Jorge e Lincoln Olivetti,  1984), "De Coração Pra Coração" (com Robson Jorge, Lincoln Olivetti e Isolda, 1985), "Você Na Minha Mente" (Robson Jorge, Lincoln Olivetti e Carlos Colla, 1985) e "Tanta Solidão" (com os irmão Marcos e Paulo Sérgio Valle, 1993), gravadas por Roberto Carlos.

Um dos principais parceiros foi Evandro Ribeiro, então diretor da gravadora CBS, que assinava Eduardo Ribeiro, com quem compôs inúmeros sucessos gravados por vários artistas, inclusive Roberto Carlos. Entre os grandes sucessos da dupla: "Nosso Amor" (1977), "Coisas Que Não Se Esquece" (1982), "Eu Me Vi Tão Só" (1980), "Preciso de Você" (1983), "Quando o Sol Nascer" (1981), "Voltei ao Passado" (1979).

Com Robson Jorge, compôs os sucessos "Eu Preciso Te Esquecer" (1977) e "Fim de Tarde" (1976), gravados por Cláudia Telles (1957-2020); "Eu Quero o Absurdo" (1987) gravado por Tânia Alves; e "Sonhos" (com Lincoln Olivetti, 1987), gravado por Jane Duboc. Com Paulo Sérgio Valle, "Escancarando de Vez" (1991), sucesso na voz de Elymar Santos. Com Carlos Colla, fez "Liga Pra Mim" (1989), sucesso com Mara Maravilha.

Como produtor da CBS, além do amigo Roberto Carlos e da Turma do Balão Mágico, Mauro Motta trabalhou com Wanderléa, Zé Ramalho, Fábio Jr, Amelinha, Elba Ramalho, entre outros. Também foi vencedor de 2 Grammy's em 2005 e 2006.


Mauro Motta e Roberto Carlos no Studios Sigma Sound em Nova York, Estados Unidos, nos anos 1980.


Como assim? Canal Viva FAST chegou ao fim no Globoplay



Globoplay havia inaugurado em novembro de 2023 dois canais FAST* dedicados às novelas clássicas da TV Globo: o Viva 70 FAST e o Viva 80 FAST, as versões gratuitas do Canal Viva. Como os números sugerem, cada um deles consistia em exibir títulos das respectivas décadas. Porém, em dezembro de 2024, ambos foram fundidos em um canal, o Viva FAST.

*FAST: do inglês Free ad-supported streaming television, ou seja, televisão via streaming gratuita suportada por anúncios, refere-se a uma categoria de serviços de televisão via streaming que estão disponíveis para consumidores sem uma assinatura paga. (Wikipédia)

Logo do canal Viva 70 FAST


Logo do canal Viva 80 FAST

Nesta Páscoa, os fãs saudosistas foram pegos de surpresa pela novidade de que o Viva FAST foi descontinuado pela Globo. 
Em contato com o colunista Fábio Costa do site Observatório da TV, a Comunicação Globo informou que "O canal VIVA fast foi uma experimentação que nos permitiu testar novas ideias e formatos de distribuição de conteúdo. Por uma decisão estratégica, ele será descontinuado. A Globo continua a disponibilizar os canais Receitas fast, GE fast, Malhação fast e D.P.A. – Detetives do Prédio Azul fast, tanto no Globoplay como no ambiente da Samsung TV". O canal se encerrou de forma apressada com as novelas "Pecado Capital" (1975-1976) e "Água Viva" (1980) na Sexta-Feira Santa (18 de abril). 
Nesses 17 meses de existência, entre o Viva 70 FAST , o Viva 80 FAST e, por fim, Viva FAST, foram reexibidas as novelas "O Espigão" (1974), "Pecado Capital", "Escrava Isaura" (1976-1977), "Locomotivas" (1977), "Dancin’ Days" (1978-1979), "A Sucessora" (1978-1979), "Marron Glacé" (1979-1980), "Água Viva", "Baila Comigo" (1981), "Amor Com Amor se Paga" (1984), "Selva de Pedra" (1986), "Brega & Chique" (1987), "Sassaricando" (1987-1988) e "Fera Radical" (1988).

E quanto a nós, os fãs saudosistas, molhemos os lencinhos.



Walmor Chagas (1930-2013), Araci Balabanian (1940-2023) e Lucélia Santos em "Locomotivas" (1977)




Gravei este vídeo enquanto eu estava assistindo à novela "Escrava Isaura", porque eu amava a música da vinheta do Viva 70 FAST no intervalo, porque ela tem a semelhança total ao sucesso "That's The Way (I Like It)" (de Harry Wayne Casey e Richard Finch, 1975) da banda KC and the Sunshine Band, fazendo jus à década sugerida. 



sábado, 26 de abril de 2025

"Francisco do Amor" - Thiago Tomé, Eliana Ribeiro, Camila Holanda e Padre Omar Raposo

 


Na manhã desta segunda-feira, dia 21 de abril, um dia após a Páscoa, morreu Jorge Mario Bergoglio, o Papa Francisco  (17 de dezembro de 1936 - 21 de abril de 2025) em sua residência oficial, na Casa Santa Marta, no Vaticano, em Roma, às 7h35 no horário local e às 2h35 no horário de Brasília. O pontífice ficou internado por cerca de 40 dias após ser diagnosticado com pneumonia dupla, porém as causas da morte, conforme o Vaticano, foram acidente vascular cerebral (AVC) e insuficiência cardíaca. Nesse sábado (19/4), ele apareceu em público, na Basílica de São Pedro, no Vaticano e no domingo de Páscoa (20/4), um dia antes da sua morte, fez outra aparição pública na Praça de São Pedro para abençoar os fiéis. Ele esteve à frente da Igreja Católica desde o dia 13 de março de 2013.

Em memória do Papa nascido em Buenos Aires, Argentina, relembro uma música lançada no dia do Papa (29 de junho) de 2020 em sua homenagem pela Gravadora Canção Nova: "Francisco do Amor", da autoria de Carlos Renê Belo e interpretada pelos cantores católicos Thiago Tomé da Comunidade Canção Nova, Eliana Ribeiro, Camila Holanda e padre Omar Raposo, reitor do Santuário Cristo Redentor, no Rio de Janeiro (RJ). O próprio Renê Belo disse que a letra da canção foi inspirada nas atitudes do Papa Francisco que transmitem esperança, paz e confiança ao mundo, especialmente em tempos difíceis da pandemia, período durante o qual o mundo inteiro vivia e quando a música foi lançada: "Ele é como um pastor, um amigo próximo, um pai", completou.

Papa Francisco cumpriu a sua missão e hoje está na paz de Deus e faz a sua Páscoa no céu um dia após a Páscoa de 2025. 
Jorge Mario Bergoglio, primeiro papa latino-americano, "¡gracias por todo!". Ele vai deixar saudades. ❤️


"Francisco do Amor"
Escrita por Carlos Renê Belo
Interpretada por Thiago Tomé, Eliana Ribeiro, Camila Holanda e Padre Omar Raposo
Editora:
UPC: 7890892455537
ISRC: BRFU72000055
℗ 2020 Gravadora Canção Nova 

Banco de Imagens: Gettyimages e Arquivo/Canção Nova Roma
Foto Papa Francisco: © Antoine Mekary / ALETEIA
Captação de Imagens:
Thiago Tomé - Rafael Silva
Eliana Ribeiro - Rafael Silva
Camila Holanda - Lucas Ximenes Araújo
Padre Omar - Sandro
Produção executiva: Gustavo Henrique Borges, Carlos Renê, Marcello Bigatello
Edição e Finalização: Rafael Silva
Arranjador: Mauricio Piassarollo
Produção: Letícia Barbosa, Pamela Prudente, Rafael Silva, Renato Saraiva, Thiago Tomé, Marcello Bigatello. 
Artes: João Victor
Gerência Gravadora Canção Nova: Gustavo Henrique Borges

Letra 

Mesmo de longe,
Eu te sinto aqui bem perto
Santo Padre,
És o pastor do mundo inteiro.
A tua prece toca o nosso coração,
Aos pobres e esquecidos
Tu pedes proteção.

Levas ao mundo Jesus Cristo
Por todas as nações.        
Tu és Pedro, o servo do Senhor, 
O pescador de corações.

Francisco do amor,
Francisco, abraço de Pai.
Dai-nos tua bênção
Ensina ao mundo a paz 

Francisco do amor,
Francisco, abraço de Pai.
Dai-nos tua bênção
Ensina ao mundo a paz 

Mesmo de longe,
Eu te sinto aqui bem perto
Santo Padre,
És o pastor do mundo inteiro.




Fontes:

*Canção Nova


*Metrópoles 

sexta-feira, 18 de abril de 2025

"MMA - Meu Melhor Amigo" - filme brasileiro de 2025

 Postagem especial do dia mundial de conscientização do autismo (2 de abril).



Falem o que quiser, mas eu tenho que admitir que eu gosto do Marcos Mion desde "Descontrole" (2002) na Band e "Legendários" (2010-2017) da TV Record, como também gosto de filmes que abordam sobre o autismo, meu transtorno. E finalmente tive a oportunidade de ver o  filme "MMA - Meu Melhor Amigo" (Formata Produções e Conteúdo / Star Original Productions / Globo Filmes, 2025), protagonizado e roteirizado pelo próprio Mion. No elenco, também estão Antônio Fagundes, Andreia Horta [que fez a Elis Regina (1945-1982) no filme "Elis" (Bravura Cinematográfica / Globo Filmes, 2016)], o ator mirim Guilherme Tavares que viveu Zé da Roça no filme "Chico Bento e a Goiabeira Maraviósa" (Biônica Filmes / Paris Entretenimento / Mauricio de Sousa Produções / Paramount Pictures, 2025) e fez um bom trabalho em "MMA", Lúcio Mauro Filho (colega do Mion do programa "Caldeirão com Mion") e Vanessa Giacomo. Como também a produção teve a feliz ideia de incluir na trilha sonora "AmarElo" (de Emicida, DJ Duh e Felipe Vassão, 2019 / sample: "Sujeito de Sorte", de Belchior, 1976) do rapper Emicida com as cantoras Majur (gentilmente cedida pela UNS Produções) e Pabllo Vittar (artista da Sony Music) e a voz adicional de Belchior (1946-2017) (gentilmente cedido pela Universal Music) da sua gravação original da música para o LP "Alucinação" (Phonogram / hoje Universal Music). "AmarElo" faz parte do álbum homônimo (Laboratório Fantasma / Sony Music) do Emicida lançado em 2019. Mais um filme para eu ver milhares de vezes. Risos.

Elenco do filme "MMA - Meu Melhor Amigo".


Sinopse

Marcelo Fontana (Marcos Mion), popularmente conhecido como Max Machadada, é filho do ex-boxeador Fred Fontana (Antônio Fagundes) e um renomado campeão de MMA, porém um negligente fora dos ringues. Ele se vê à beira do fim de sua carreira após sofrer uma grave lesão no ombro, que o impede de lutar e o força a repensar seu futuro. Em meio a esse período turbulento, ele descobre que é pai de Bruno Fontana (Guilherme Tavares).
Bruno é um menino autista de 8 anos e fruto da relação com Mariana (Vanessa Giacomo). Desde que sua mãe foi diagnosticada com câncer raro, Bruno está sob os cuidados de Laís Almeida (Andreia Horta), melhor amiga de Mariana. A revelação da paternidade inaugura um novo e desafiador capítulo na vida do esportista. Agora, Max precisa enfrentar duas batalhas intensas: a de compreender e conquistar o afeto de seu filho, e a de se preparar para a última e decisiva luta de sua carreira, uma chance final de um retorno triunfante. Em uma jornada repleta de redenção e autoconhecimento, ele se vê desafiado a vencer tanto dentro do ringue quanto na intimidade da paternidade, onde cada passo é crucial para a reconstrução de seu destino e para a descoberta do verdadeiro significado de ser um pai e um guerreiro.



Os 50 anos de "Um Certo Galileu" de Padre Zezinho

 Postagem especial da Semana Santa


No dia 6 março foi divulgada para várias plataformas digitais a versão comemorativa dos 50 anos da música "Um Certo Galileu" de Padre Zezinho com vários artistas católicos da gravadora Paulinas / COMEP. Lançada em 1975 no álbum com o mesmo nome, a música é uma verdadeira catequese completa sobre a vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo, esta incluída em 2010 depois da observação dos bispos ao sacerdote mineiro pela canção ter sido encerrada originalmente com a morte de Nosso Senhor. Com o Pe. Zezinho participam desse projeto Adriana Melo, Cantores de Deus, Grupo Ir ao Povo, Sônia Mara, Antonio Cardoso, Alencastro, Jonny Mendes, Grupo Vida Reluz, Grupo Adoração e Vida, Marília Mello, Pe. Agnaldo José, Pe. Reginaldo Carreira, Jô D’Melo, Renato Palão, Ricardo Moreno, Ricardo Sá e Cassiano Menke. 





"Um Certo Galileu"
Escrita por Pe Zezinho, scj.
Interpretada por Pe Zezinho, scj, Adriana Melo, Cantores de Deus, Ir ao Povo, Sônia Mara, Antonio Cardoso, Alencastro, Jonny Mendes, Vida Reluz, Adoração e Vida, Marília Mello, Pe. Agnaldo José, Pe. Reginaldo Carreira, Jô D’Melo, Renato Palão, Ricardo Moreno, Ricardo Sá e Cassiano Menke

FICHA TÉCNICA


MÚSICA

Produção fonográfica: Paulinas-COMEP
Coordenação de produção: Ir. Eliane Deprá, fsp
Produção musical e artística: Ir. Verônica Firmino, fsp
Direção musical: Maestro Luiz A. Karam
Direção de voz: Karla Fioravante
Arranjo e teclados: Maestro Luiz A. Karam
Bateria: Tico Delisa
Baixo: Renato Loyola
Percussão: Marcus César
Violões: Caio Carvalho e Maércio Lopes
Sax: Bira Junior
Trompete: Diogo Duarte
Trombone: Sabiano Araujo
Trompa: Deivson
Violinos: Teco, Alexandre Cunha, Ricardo Takahashi, Marcos Scheffel, Natasha M., Paula A. Vasquez
Violas: Glauco Imasato e Margareth Yahagi
Cello: Gustavo Lessa
Vocais: Cantores de Deus e Ir ao Povo
Gravação, mixagem e masterização: Alexandre Soares
Assistente de estúdio: Vanderlei Pena


CLIPE

Direção: JC Nunes
Cinegrafistas: Eli Santos e Maurílio Donizete
Iluminação: Wallace Souza
Edição: JC Nunes e Eli Santos
Color Grading: JC Nunes
Estúdio Paulinas-COMEP
Arte: Juliene Barros


sábado, 29 de março de 2025

Ricardo Braga: mais uma estrela foi brilhar no céu.


Conhecido por sua voz semelhante à de Roberto Carlos, Ricardo Braga morreu esta semana, vítima de AVC.


Uma notícia me chocou esta semana: Ricardo Braga (1951-2025), cantor paulista de Mogi das Cruzes, morreu nessa quarta-feira, 26 de março, aos 73 anos. Ele estava hospitalizado há alguns dias após sofrer o acidente vascular cerebral (AVC).

Batizado como Valdir Queiroz e conhecido artisticamente como Ricardo Braga, nasceu em Mogi das Cruzes em 13 de setembro de 1951. Começou sua carreira fazendo cover

No final dos anos 1970, Ricardo Braga foi o cantor que confundiu muita gente em razão de seu timbre vocal semelhante à de Roberto Carlos, tanto que foi considerado o "sósia" do intérprete de "Detalhes" (de Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1971) e com isso ele vendeu mais de 400 mil cópias do compacto simples "Roberto Collection" (RCA / hoje Sony Music, 1977) produzido por Marcelo Duran. 

Lançado sem mostrar o rosto do verdadeiro intérprete, um fato bem comum na época, o compacto foi um sucesso, mas o público estava cada vez mais curioso sobre o cantor fantasma. Foi quando o programa dominical "Fantástico" da Rede Globo fez uma matéria mostando finalmente o rosto de Ricardo Braga pela primeira vez que ganhou até um clipe e uma opinião positiva do próprio Roberto Carlos (sem falar que, em um dos shows recentes do Roberto, Ricardo havia se encontrado com o ídolo no camarim). Logo após a esperada revelação, Ricardo Braga se desprendeu do cover, seguiu sua carreira e lançou o que se tornaria o seu maior hit, "Uma Estrela Vai Brilhar" (de Montevillas e Dallaverde, 1979). Em seguida, Ricardo Braga desapareceu dos holofotes, porém continuou lançando discos e seguindo a carreira anonimamente. Em 1996, foi a voz do álbum "Dance do Rei" (Paradoxx Music, 1996) no qual ele cantava grandes sucessos de Roberto Carlos no estilo eurodance, a tendência musical entre o público jovem da época. 

Fonte: Terra

https://www.terra.com.br/diversao/gente/quem-era-ricardo-braga-sosia-de-voz-de-roberto-carlos-morreu-no-anonimato,63376e9fdb83b4cee0393851c4731fdfixewja5o.html?utm_source=clipboard




Capa do LP "Uma Estrela Vai Brilhar" (RCA/ hoje Sony Music, 1979) de Ricardo Braga. A primeira vez que eu ouvi um trecho dessa música foi em um quadro esportivo do "Fantástico" se eu não me engano na década de 2000, 2010, por aí, em que havia uma matéria divulgando uma revelação no futebol do campeonato brasileiro que se tornaria uma estrela do esporte (não me pergunte quem era o jogador que eu não lembro, hehe!). É lógico que eu que já era fã de carteirinha do Roberto Carlos e com a discografia dele quase completa no meu armário sabia que não era o Roberto que cantava e que na minha cabeça era o Paulo Sérgio (1944-1980). Quase que eu acertei. Risos. Foi só eu procurar no Google o trecho do refrão que eu descobri que se tratava de Ricardo Braga de quem eu nunca tinha ouvido falar até então.

Descanse em paz, Ricardo Braga.



Vídeo-áudio da música "Uma Estrela Vai Brilhar"





Reportagem do Fantástico em 1978: quem é Ricardo Braga com o próprio Roberto Carlos e a música "Roberto Collection" com a sequência de grandes sucessos do Rei.




Entrevista com Ricardo Braga sobre o Roberto Carlos, a sua convivência com o ídolo e revelava que o cantor não se incomodava por ter um sósia.

Jubileu 2025 em música 02 - "Fogão de Lenha" - Chitãozinho & Xororó

 JUBILEU 2025 EM MÚSICA-2

Capa do LP "Chitãozinho & Xororó" (Copacabana Discos / hoje Universal Music  1987), com a música "Fogão de Lenha".



Jubileu 2025 - Peregrinos da Esperança 



Seguimos nossa estrada como "Peregrinos de Esperança". “Espere, minha mãe,estou voltando! Que falta faz pra mim um beijo seu. O orvalho das manhãs cobrindo as flores, um raio de luar que era tão meu!" ("Fogão de Lenha" - Carlos Colla, Maurício Duboc e Xororó, 1987). Partir é bom, mas também é bom voltar. Geográfica ou existencialmente, precisamos de referências que nos ofereçam uma espécie de "porto seguro" em nossa peregrinação. Maria, peregrina de esperança por excelência, oferece-nos seu colo de mãe nesta jornada que é a vida. Retornar a seus braços amorosos é sempre ocasião de recuperar as forças necessárias para seguir em frente. Nossa Senhora da Boa Viagem, rogai por nós!

Frei Gustavo W. Medella, OFM
@freigustavomedella


Verso da página do dia 26 de março de 2025 da Folhinha do Sagrado Coração de Jesus, Editora Vozes.





sexta-feira, 7 de março de 2025

Os 30 anos do único álbum dos Mamonas Assassinas

 



Em uma tarde de 1995, meu pai tinha ido me buscar de carro de uma consulta semanal com uma psicóloga em razão das minhas dificuldades na sociedade, interação e estudos da escola _ e que só 29 anos depois que foi concluído que são alguns dos meus sinais de autismo com o qual fui diagnosticada. Durante a volta pra casa, o rádio do carro sintonizado na Atlântida FM filial Blumenau (102,7 MHz), a emissora existente até hoje destinada ao público jovem, estava tocando pela primeira vez uma música bem inusitada e doidona com uma introdução típica de música “brega” nordestina e um cantor fazendo uma interpretação caricata. Muita coisa na música havia causado estranheza em mim, entre elas o verso “me deixou legalzão” (o certo é “me deixa legalzão”). Na hora eu pensei: “que loucura é essa?”, já que eu que tinha 13 anos na época nunca tinha ouvido antes uma música que usava o termo “legalzão”, tampouco em “músicas do povão”. Do nada o “brega” evoluiu para o rock pesado com um coro fazendo uma resposta pra lá de estranha (é tudo estranho nessa música, hehehe): “oxente, ai ai ai” e é aí que o cantor revela sua frustração pelo amor não correspondido e, apesar disso, continua apaixonado pela declarada (“mas ela é ‘lindia’, ‘mucho’ mais do que ‘lindia’...). E em seguida, a cada break, ele dava à sua paquerada um apelido carinhoso como “docinho de coco” e “xuxuzinho”. Só dias mais tarde é que eu descobri do que se tratava: era a banda Mamonas Assassinas (eu entendia, a princípio, “Mamatas”. Risos) vinda de Guarulhos, cidade de São Paulo, com os integrantes de outras cidades paulistas (apenas o vocalista que era baiano de Irecê). E as canções dos caras dominavam as rádios, recreios e passeios de ônibus escolares. Até hoje eu tenho o CD deles que eu ganhei no Natal de 1995 e o pôster da revista Showbizz lançado uma semana após a morte da banda e comprado em uma banca já extinta de Balneário Camboriú no famoso Calçadão da Central.

Eu diria que o ano de 1995 foi o mais proveitoso da minha adolescência e uma das coisas que mais me marcou este ano, além do nosso primeiro aparelho de CD, primeiro passeio à Florianópolis e o meu primeiro fascínio pelo rei Roberto Carlos, é o sucesso embora curto do grupo Mamonas Assassinas. A banda formada pelo vocalista bonitão Dinho (1971-1996), o guitarrista Bento Hinoto (1970-1996), o tecladista Júlio Rasec (1968-1996) e os irmãos Samuel (1973-1996), o baixista, e Sérgio Reoli (1969-1996), o baterista, fez na época um sucesso retumbante com suas composições cômicas e letras politicamente incorretas e recheada de palavrões que conciliavam pop rock com gêneros musicais populares, tais como sertanejo, heavy metal, pagode romântico, vira português e forró, e também com suas apresentações irreverentes e excêntricas. Tudo isso fez com que o grupo conquistasse todas as idades. Sim, todas as idades, inclusive crianças, o que seria inadmissível para os dias de hoje e motivo de moralismo ferrenho em época de redes sociais e aplicativos de mensagens (WhatsApp), como também, se existisse no Brasil, a capa do disco receberia aquele famoso selo em preto e branco de “Parental Advisory - Explicit Content” (“Aviso aos Pais: Conteúdo Explícito” em português) por inclusão de termos chulos nas músicas do álbum. Porém o guitarrista Bento Hinoto em uma entrevista resgatada para o documentário “Mamonas Para Sempre”* (Europa Filmes, 2011) havia dito o quanto o grupo tinha se surpreendido pelo fato de ter cativado o público infantil: “A gente não fez nada dirigido. [Tipo] 'vamos fazer essas músicas, porque a criançada vai gostar'. Porque se a gente pensasse nisso, não ia ter nenhum palavrão nas músicas, né? A gente não visou nenhum mercado, nenhuma faixa etária. A gente fez o que a gente ouve, o que a gente gosta, o que a gente sabe fazer”.


*Se você se frustrou com o resultado da cinebiografia “Mamonas Assassinas - O Filme” (Imagem Filmes, 2023), este documentário é uma boa dica.


Em seus pouco mais de oito meses de trajetória, eles gravaram um único álbum de estúdio, “Mamonas Assassinas” (EMI / hoje Universal Music, 1995), que vendeu mais de 3 milhões de cópias no Brasil, feito que lhes rendeu um certificado de disco de diamante comprovado pela Associação Brasileira dos Produtores de Discos (ABPD). O disco foi produzido pelo músico Rick Bonadio, que recebeu o apelido de Creuzebek. Duas músicas desse disco, "Vira-Vira" e "Pelados em Santos", foram incluídas entre as 10 canções mais ouvidas do país no ano de 1995. A banda esteve em atividade durante poucos meses, pois, em 2 de março 1996, devido a um acidente aéreo de comoção nacional, todos os membros da banda e outros tripulantes morreram quando a aeronave na qual voavam com destino a Guarulhos se chocou contra a Serra da Cantareira. O grupo foi um dos pioneiros do gênero de rock cômico no Brasil, e continua sendo celebrado e influenciando o cenário nacional da música mesmo muito tempo após seu fim. Atualmente, o seu único disco lançado no dia 23 de junho de 1995 _ou seja, daqui a pouco mais de 3 meses o álbum fará 30 anos_ prevalece como um dos 10 álbuns mais vendidos do Brasil em todos os tempos. O álbum foi recentemente relançado em LP e em CD em Fan Box pela Universal Music, sucessora da extinta EMI.


Capa da revista Veja (Editora Abril), com o Dinho na capa, lançada uma semana após a morte trágica de todos os integrantes do grupo.



Sobre o álbum


O logotipo da banda



Todo o material de divulgação do álbum foi feito de forma humorística. O logotipo da banda — que aparece no pingente do colar ilustrado na capa — é uma inversão da logomarca da empresa automobilística alemã Volkswagen, colocada de ponta-cabeça, com uma barra horizontal sobre o "V" para que, quando invertido, forme a letra "A". Veículos da marca são citados nas canções "Pelados em Santos" (uma Brasília) e "Lá Vem o Alemão" (uma Kombi), além de uma menção a um carro da empresa estadunidense Ford (um Escort), também em "Lá Vem o Alemão".


A capa 

Capa do álbum "Mamonas Assassinas" : pros dias de hoje seria pra lá de controversa.

A banda criou o conceito da capa do álbum, um desenho da autoria de Carlos Sá em que os músicos se penduravam em uma mulher nua expondo grandes seios (evocando o trocadilho no nome da banda, de "mamona" no sentido de "mama"), inspirada na Playboy de 1992 da modelo Mari Alexandre. Nessa capa da revista masculina estava a modelo com a manchete: “A musa country Mari - A nudez que enlouqueceu a dupla Leandro & Leonardo”, já que a catarinense de Rio do Sul namorava o Leandro (1961-1998) na época. 

À frente da ilustração principal, por exigência da gravadora, foram inseridos os rostos de Júlio Rasec, Samuel Reoli, Dinho, Sérgio Reoli e Bento Hinoto, nesta ordem. 

“Conheci os meninos durante um show deles em São Paulo. Fui parabenizá-los e Dinho me contou que a capa do CD tinha inspiração na minha ‘Playboy’ de 1992. Fiquei surpresa, porque até entrar no camarim, eu não sabia de absolutamente nada. Como tantas pessoas, achava que os seios fossem só uma brincadeira com o nome Mamonas. Foi uma honra, fiquei muito lisonjeada de ter sido musa inspiradora”, disse Mari Alexandre em uma entrevista. 


A modelo e atriz Mari Alexandre, a musa inspiradora da capa do álbum da banda.


Encarte

O encarte também contém humor e traz diversos agradecimentos inusitados feitos pelos músicos. Eles agradeceram a Rafael Ramos, músico da banda Baba Cósmica, que compôs "Sábado de Sol"; a Arnaldo Saccomani (1949-2020), produtor musical; a Santos Dumont (1873-1932), aeronauta que foi homenageado porque “inventou o avião, senão a gente ainda tava indo mixar o disco a pé”, a Charles Miller (1874-1953), futebolista, por "ter trazido o futebol ao Brasil"; aos personagens Chaves e Chapolin, ambos criados pelo ator mexicano Roberto Gómez Bolaños (1929-2014); aos animais de estimação de cada integrante, os cães Billy, Pluck, Mike, Proteus, Dick, Giully e Fluke; e a diversas outras pessoas. 

“E a DEUS, que foi quem mais nos ajudou e esteve sempre ao nosso lado.”, conclui seriamente a banda.


Gravação

O álbum foi gravado parcialmente em outubro de 1994 e concluído entre março e junho de 1995. Rick Bonadio, que conhecera a banda ainda como Utopia, produziu o álbum, que foi gravado em seu estúdio, também com o auxílio dos músicos Rodrigo Castanho e Junior Lane. Num dia de gravação, um sanfoneiro chamado Brezequeba, que gravava no mesmo ambiente, chamou a atenção do vocalista Dinho. Ao fazer uma piada onde deveria chamar Bonadio pelo nome daquele músico, o cantor confundiu-se e disse "Creuzebek". Este erro foi mantido na gravação e se tornou apelido do produtor. Já nos primeiros dias, a gravadora EMI exigiu um mínimo de dez canções para que o disco fosse lançado, mas só três haviam sido escritas. Em uma semana, os demais integrantes (em especial, Dinho e Júlio Rasec, que compuseram a maior parte) escreveram as outras doze faixas que entrariam no trabalho. Entretanto, "Não Peide Aqui Baby" (de Dinho), uma paródia da música "Twist and Shout" (de Phil Medley e Bert Russell, 1961) dos Beatles, foi desconsiderada por conta da grande quantidade de palavrões. A gravação aconteceu em São Paulo, no estúdio de Bonadio, e a mixagem no The Enterprise, em Los Angeles, nos Estados Unidos.

A seguir, uma dissecação faixa a faixa. Mamonas Assassinas, o melhor do "som risal", como diria o Dinho: "você ouve e dá risada".




“Mamonas Assassinas”
Mamonas Assassinas
℗ 1995 EMI Music, Fonográfica Industrial e Eletrônica Ltda. (hoje Universal Music Brasil)


1- “1406”
Escrita por Alecsander Alves Leite (Dinho) e Júlio César Barbosa (Júlio Rasec)

Ao contrário do que muitos pensavam, a pronúncia do título é “quatorze-zero-meia” e não “mil quatrocentos e seis”. O nome da música faz alusão ao número de telefone (011) 1406, pertencente aos infomerciais do Grupo Imagem, exibidos na extinta Rede Manchete nos anos 1990 que vendiam produtos ao estilo dos atuais comerciais da Polishop ou do canal de televendas Shoptime, da Globosat (clique aqui para ver a minha postagem sobre as propagandas loucas da Teleshop do Grupo Imagem). Na letra que faz crítica ao consumismo, foram citados produtos como as Facas Ginsu e Ambervision, vendidos pelo canal. Há também uma citação de um verso da canção "Laika Nóis Laika” (de Tukley e Marcelo Fasolo, 1975) da dupla Ponto & Vírgula que era “money que é good nóis não have”. Com relação à parte instrumental, a canção é caracterizada por um riff de baixo elétrico na introdução, que lembra bem as linhas de baixo utilizadas pelo baixista Flea do grupo Red Hot Chilli Peppers. Segundo o Rick Bonadio, o baixo foi gravado pelo guitarrista Bento Hinoto.


2- “Vira-Vira”
Escrita por Alecsander Alves Leite (Dinho) e Júlio César Barbosa (Júlio Rasec)

A canção é uma sátira ao gênero de folclore português Vira e às canções "A Casa da Mariquinha" (de Roberto Leal e Katia Maria,1975) e "Arrebita"(tema tradicional / adaptação de Roberto Leal, 1973) de Roberto Leal (1951-2019), apresentando a melodia desta última. Roberto Leal, posteriormente à morte dos membros da banda, gravou a canção "A Festa Ainda Pode Ser Bonita" (adaptação de Roberto Leal, 2010) em homenagem a eles.
Sua letra é inspirada em uma piada do humorista Costinha (1923-1995), presente no álbum “O Peru da Festa 2” (CID, 1982), que conta a história de um português que foi convidado para uma orgia (também conhecida como suruba). Por não saber do que se tratava, ele enviou sua esposa para ir em seu lugar. Ela volta uma semana depois, cheia de dores, sendo vítima da zombaria do português.


3- “Pelados em Santos”
Escrita por Alecsander Alves Leite (Dinho)

Segundo Dinho, esta foi a primeira música composta por ele, ainda em 1991, quando a banda ainda adotava o nome de Utopia e o repertório de rock sério. A canção que, a princípio, se chamaria "Mina (Minha Pitchulinha)" era mais lenta e com vocal brega semelhante ao de Reginaldo Rossi (1943-2013). Os produtores Rick Bonadio e Rodrigo Castanho a acharam extremamente engraçada e sugeriram misturar as letras com uma sonoridade mais rock. O grupo foi convencido a mudar de perfil e assumir o lado cômico de vez, passando a adotar o nome Mamonas Assassinas. "Mina (Minha Pitchulinha)" ficou mais pesada e passou a ser chamada "Pelados em Santos”. Nesta música, há uma clara referência à "Crocodile Rock" (de Elton John e Bernie Taupin, 1972) de Elton John.
Ela fora regravada em espanhol com o nome "Desnudos en Cancún" (versão de Dinho, Bento Hinoto, Rick Bonadio, Peta e Martin Cardoso).
A Brasília amarela modelo 1977 com rodas gaúchas pertencia ao avô de Mirella Zacanini, então namorada de Dinho. O carro original foi leiloado no palco do programa Domingo Legal. Apreendido pela Polícia Rodoviária por falta de documentação, a família de Dinho conseguiu recuperá-lo em 2015, em más condições. Um novo modelo foi modificado para incluir peças do original e passou a participar de eventos especializados em carros antigos e cultura pop, como o evento CCXP (Comic Con Experience) em 2023 em São Paulo.


4- “Chopis Centis”
Escrita por Alecsander Alves Leite (Dinho) e Júlio César Barbosa (Júlio Rasec)

Fazendo-se uso da chamada "variação linguística", tanto que tem sido utilizada como atividades em trabalhos escolares de português, a letra de “ Chopis Centis” descreve o passeio de um peão de obras com sua namorada no Shopping Center. Com relação à parte instrumental, os acordes e o arranjo são uma citação a "Should I Stay or Should I Go" (de Topper Headon, Mick Jones, Paul Simonon e Joe Strummer, 1982) da banda punk inglesa The Clash, embora a sequência de acordes não seja exatamente a mesma. O eu-lírico da canção é um sujeito que apresenta-se como uma pessoa de classe social baixa (“A minha felicidade, é um crediário nas Casas Bahia”) que exerce a profissão de pedreiro (“Quando eu estou no trabalho, não vejo a hora de descer dos andaime”) e com baixa escolaridade, já que utiliza-se de uma linguagem não culta (a gente fomos...). Lá ele faz um lanche com "uns bicho estranho com tal de gergelim", uma clara referência ao Big Mac, o mais famoso sanduíche da rede de fast food Mac Donald's ("dois hambúrgueres, alface, queijo, molho especial, cebola, picles num pão com gergelim"), mas, apesar de ter gostado, continua preferindo o humilde aipim. Em 2014, a música “Chopis Centis” apareceu nos trending topics (um dos assuntos mais comentados) no Twitter (hoje X) em razão da polêmica dos rolezinhos de jovens nos shoppings de São Paulo. Essa é uma das minhas preferidas da banda de Guarulhos.


5- “Jumento Celestino”
Escrita por Alecsander Alves Leite (Dinho) e Alberto Hinoto (Bento Hinoto)

No início da canção, há uma referência à música "Rock do Jegue (de Quem é Esse Jegue)" (de Célio Roberto e Bráulio de Castro, 1979), de Genival Lacerda (1931-2021). A canção também conta com acordeão, tocado por Cezar do Acordeão, e triângulo tocado por Rick Bonadio, o Creuzebek. A música, apesar do tom humorístico, fala da dificuldade de adaptação dos imigrantes nordestinos, a xenofobia sofrida, a saudade de casa e a ilusão do “sonho paulista". Até o próprio Beto Hinoto, sobrinho de Bento Hinoto e guitarrista da banda Mamonas Assassinas - O Legado, confirmou em uma entrevista que a letra é triste. Mais uma canção preferida minha da banda, pois me faz lembrar a música pop rock italiana “Ciao, Amore, Ciao” (1966) de Luigi Tenco (1938-1967), só que sem palavrões e brincadeiras, claro (clique aqui para ver a postagem sobre a música).


6- “Sabão Crá-Crá” (“The Mad Ku-Ku”)

"Sabão Crá-Crá" é uma música de autoria desconhecida que tornou-se famosa ao ser lançada pela banda. Além de "Sábado de Sol", é uma das duas únicas músicas gravadas por eles no álbum de 1995 que não são de autoria do grupo. Conforme relatado pelo vocalista Dinho, certa vez Bento Hinoto, que a conhecia do folclore escolar urbano, cantou essa canção num ensaio, e o resto da banda gostou. Como eles não encontraram registro dela, ela foi creditada no álbum como "autor desconhecido". Segundo consta, porém, trata-se de uma paródia em português de uma antiga canção chamada “The Mad Ku-Ku” (19??), composta pelo cineasta e diretor musical norte-americano Marvin Hatley (1905-1986) para a trilha sonora de uma das obras estreladas pela famosa dupla de comediantes Oliver Hardy (1892-1957) e Stan Laurel (1890-1965), conhecidos no Brasil como O Gordo e o Magro. Por conta disso, quando o álbum “Atenção, Creuzebek: a Baixaria Continua!” (EMI/ hoje Universal Music, 1998) foi lançado, a canção foi intitulada "Sabão Crá Crá (The Mad Ku-Ku)".


7- “Uma Arlinda Mulher”
Escrita por Alecsander Alves Leite (Dinho), Júlio César Barbosa (Júlio Rasec) e Alberto Hinoto (Bento Hinoto)

Paródia da música romântica e da linguagem rebuscada de cantores como Belchior (1946-2017), quem o tecladista Júlio Rasec imita no segundo refrão, o que daria origem também à vinheta "Belchi" (de Dinho e Júlio Rasec, raridade resgatada para o álbum “Atenção, Creuzebek: a Baixaria Continua!”). Seu título refere-se ao filme “Uma Linda Mulher” (“Pretty Woman”, Touchstone Pictures, 1990), estrelado por Julia Roberts. Quanto à estrutura musical, faz-se forte alusão à canção "Fake Plastic Trees" (de Colin Greenwood, Ed O'Brien, Jonny Greenwood, Phil Selway e Thom Yorke 1995) do Radiohead, além de haver referência à chamada da guitarra distorcida de "Creep" (de Colin Greenwood, Ed O'Brien, Jonny Greenwood, Phil Selway e Thom Yorke, 1993), também do Radiohead, antes do refrão. A página Mamonas Nostalgia (@mamonasnostalgia) no Tik Tok diz que, a respeito do verso “Você foi agora a coisa mais importante que já me aconteceu neste momento em toda a minha vida”, em seguida, ainda no refrão, os compositores explicam essa frase dizendo: “Um paradoxo do pretérito imperfeito complexo com a Teoria da Relatividade”. Caso não tenha entendido nada, a Teoria da Relatividade criada pelo físico alemão Albert Einstein (1879-1955) aceita tanto o evento passado (“você foi” / “já me aconteceu” ) quanto o evento presente (“agora” / “neste momento”). A parte mais engraçada da música é a final em que Dinho brinca com o fade-out aplicado pelo Rick Bonadio, o Creuzebeck: “Logo agora que você estava quase entendendo o que eu estou falando / A canção está acabando e o Creuzebeck está abaixando ali o volume / E você não entende nada mesmo porque quando você estiver em sua casa nesse momento a música vai tá baixinha…”
"Olha, eu sempre achei a música dos Mamonas muito alegre, muito livre, muito solta e naturalmente incensurável, música de adolescente. E durante muito tempo no Brasil valeu como válvula de escape para esse tipo de repressão, a palavra que sempre houve entre nós e que eles souberam tão bem dramatizar, souberam tão bem colocar em cena no palco, com vigor, com energia, com juventude, com alegria. Então, me senti muito, muito feliz com a lembrança que eles tiveram em parodiar a minha voz e, enfim, um estilo todo de composição", disse o próprio Belchior em uma entrevista antes de uma apresentação no interior de São Paulo, aparentemente no mesmo ano de 1995.


8- “Cabeça de Bagre II”
Escrita por Alecsander Alves Leite (Dinho), Júlio César Barbosa (Júlio Rasec), Alberto Hinoto (Bento Hinoto), Sérgio Reis de Oliveira (Sérgio Reoli) e Samuel Reis de Oliveira (Samuel Reoli)
Músicas incidentais:
a) “Baby Elephant Walk” (de Henri Mancini, 1961)
b) “Woody Woodpecker Song” (“Tema do Pica-Pau”) (de George Tibbles e Ramey Idriss, 1947)

É baseada na experiência do vocalista Dinho na quinta série primária. A letra, a forma falada de cantar e os vocais repetidos no fim de algumas palavras, além do título da canção, é uma paródia de "Cabeça Dinossauro" (de Paulo Miklos, Branco Mello e Arnaldo Antunes, 1986) dos Titãs. Já na parte instrumental, um dos solos de guitarra é uma referência à risada do personagem Pica-Pau e um dos riffs principais é "Baby Elephant Walk", trilha infantil composta pelo músico americano Henry Mancini (1924-1994), que nos tempos da Jovem Guarda ganhou versão brasileira chamada "O Passo do Elefantinho" (versão de Ruth Blanco, 1963) popularizado através do Trio Esperança. A canção também faz um trocadilho com o termo “tetracampeão”, uma referência à vitória da Seleção Brasileira de Futebol na copa do ano anterior, em 1994, modificando-o para “tretacampeão”, ou seja, falando que o Brasil é campeão também em tretas, no sentido de falsidade ou trapaças. Sem falar que, desde o começo, eu “delirei” com o riff do guitarrista Bento Hinoto na introdução. Uma das faixas mais inteligentes dos Mamonas.


9- “Mundo Animal”
Escrita por Alecsander Alves Leite (Dinho)

A letra trata das situações e características cômicas que alguns animais podem trazer. A canção começa com o cantor Dinho chamando o Creuzebeck, apelido de Rick Bonadio, e, em seguida, entra um riff de guitarra bastante característico do hard rock, porém no decorrer da canção ela assume uma levada mais pop. Além de Dinho imitar o jeito do cantor brega Falcão, na parte final da canção é possível perceber uma referência a um trecho de “Toda Forma de Amor” (de Lulu Santos, 1988).


10- “Robocop Gay”
Escrita por Alecsander Alves Leite (Dinho) e Júlio César Barbosa (Júlio Rasec)

A música foi escrita sob encomenda do político Geraldo Celestino, então candidato de Guarulhos, para animar "showmícios" durante as eleições de 1994. Inicialmente batizada de "Demerval, o Machão", a música foi gravada de primeiro take, ou seja, a primeira gravação é a que está no disco final lançado. "Robocop Gay" foi uma das 2 canções – juntamente com “Pelados em Santos” - que foram gravadas numa fita demo que os Mamonas enviaram a várias gravadoras, e que os fez assinar com a EMI. Em entrevista ao extinto programa Jô Soares Onze e Meia do SBT, os Mamonas admitiram que a letra teve inspiração de um personagem do próprio Jô Soares (1938-2022), o Capitão Gay. Versões ao vivo da canção contavam com o "Melô do Piripiri (Je Suis la Femme)" (de Mister Sam, 1981) da cantora Gretchen, inserido antes do refrão. A princípio da canção, o gay é descrito de forma caricata, o que seria inaceitável hoje em dia, porém, na metade da música, Dinho muda o tom conscientizando que homossexual também é um ser humano. “A letra de 'Robocop Gay' brinca com a ideia de transformação e identidade sexual, utilizando a figura de um 'robô' que passa por mudanças físicas e comportamentais. A música desafia estereótipos e preconceitos, sugerindo que, independentemente das diferenças, todos têm o direito de ser quem são, sem medo de julgamentos ou discriminação.” (Letras . Mus . Br / Terra)


11- “Bois Don’t Cry”
Escrita por Alecsander Alves Leite (Dinho)

Paródia da música sertaneja, o título bilíngue da faixa é uma alusão à "Boys Don't Cry" (de Robert Smith, Lol Tolhurst e Michael Dempsey, 1979) da banda The Cure com forte influência no arranjo e no vocal do cantor Waldick Soriano (1933-2008). E há um trecho da música "Tom Sawyer" (de Geddy Lee, Neil Peart, Alex Lifeson e Pye Dubois, 1981) da banda canadense Rush e a parte mais pesada da música usa como base a canção "The Mirror" (de James LaBrie, John Myung, John Petrucci, Kevin Moore e Mike Portnoy, 1994) do grupo americano Dream Theater. Uma referência ao filme “Contatos Imediatos de Terceiro Grau" (“Close Encounters of the Third Kind”, EMI Films, 1977) termina a música. Outras referências são uma piada musicada por Juca Chaves (1938-2023) intitulada "Sou Sim e Daí", presente no seu álbum “Ao Vivo” (Phonogram / hoje Universal Music, 1972) e a famosa frase “Ser ou não ser, eis a questão” (“To be, or not to be, that is the question”) da peça “A Tragédia de Hamlet, Príncipe da Dinamarca” (“The Tragedie of Hamlet, Prince of Denmarke”, 1599-1601) de William Shakespeare (1564-1616). Essa é uma das minhas músicas preferidas dos Mamonas pela inclusão de “The Mirror” do Dream Theater, “Tom Sawyer” de Rush e Juca Chaves.


12- “Débil Metal”
Escrita por Alecsander Alves Leite (Dinho), Júlio César Barbosa (Júlio Rasec), Alberto Hinoto (Bento Hinoto), Sérgio Reis de Oliveira (Sérgio Reoli) e Samuel Reis de Oliveira (Samuel Reoli)

O nome é um trocadilho unindo a expressão débil mental, inadequada nos dias de hoje, com heavy metal/death metal. Dinho canta a música num estilo que lembra bastante o de Max Cavalera, então líder do Sepultura. Esse metal cuja letra consiste em frases desconexas em inglês é uma sátira para quem não se importa com a letra ou não tem ideia do que ela se trata e se interessa mais com a estética da música, como está claro no refrão em que Dinho canta no idioma estrangeiro: “você não entende? / Você não entende, cara? / Então sacuda a cabeça/ então sacuda a cabeça, otário!”


13- “Sábado de Sol”
Escrita por Pedro Knoedt, Felipe Knoblitch e Rafael Ramos

Esta é uma das duas únicas canções que não são de autoria dos Mamonas, sendo composta pelos 3 membros da banda Baba Cósmica: Pedro Knoedt, Rafael Ramos - filho do produtor João Augusto Soares, diretor artístico da gravadora EMI na época - e Felipe Knoblitch. Gravá-la foi um modo de fazer um agradecimento ao Rafael Ramos, que apadrinhou a banda e bancou sua contratação na gravadora de seu pai. Rick Bonadio teve a ideia de transformar o registro em uma vinheta, tal como “Sabão Crá-Crá”, durando menos de um minuto e com o acompanhamento solitário do violão. Foram feitas duas versões vocais. Na primeira, os cinco debochavam da pronúncia carioca do Baba Cósmica. Na segunda, atacavam com a pronúncia guarulhense um tanto quanto italianada. Na seleção final foi escolhido o take inicial.


14- “Lá Vem O Alemão”
Escrita por Alecsander Alves Leite (Dinho) e Júlio César Barbosa (Júlio Rasec)

É um trocadilho com o nome de um pagode de muito sucesso na época, "Lá Vem o Negão" (de Zelão, 1993) do grupo Cravo e Canela. Nesta canção, Dinho satiriza os estilos vocais dos cantores Luiz Carlos do grupo Raça Negra (primeira parte) e Netinho de Paula, então líder da banda Negritude Júnior, cujo o percussionista Fabinho participou da música, juntamente com Leandro Lehart do Art Popular, no cavaquinho. Segundo Dinho, esta foi a música que deu mais trabalho para fazer, porque eles não sabiam tocar pagode, e por isso tiveram que pedir ajuda aos pagodeiros.



Créditos:

Todos os créditos estão nos encartes do disco.

Dinho: vocal e violão em "Uma Arlinda Mulher"
Bento Hinoto: guitarra, violão, backing vocals e contrabaixo em "1406"
Júlio Rasec: teclado e backing vocals, vocal em "Vira-Vira" e "Uma Arlinda Mulher"
Samuel Reoli: contrabaixo e backing vocals
Sérgio Reoli: bateria e backing vocals

Músicos adicionais:
Rick Bonadio (Creuzebeck): produção, triângulo em "Jumento Celestino", scratches em "1406" e wah-wah em "1406"
Paquito: trompete em "Pelados em Santos" e "Bois Don't Cry"
César do Acordeom: acordeom em "Jumento Celestino"
Leandro Lehart (Art Popular): cavaquinho em "Lá Vem o Alemão"
Fabinho (Negritude Júnior): percussão em "Lá Vem o Alemão"

Demais créditos:

Produção: Rick Bonadio
Direção artistica: João Augusto
Gravado no Estúdio Bonadio, em São Paulo, por Rick Bonadio, Rodrigo Castanho e Junior Lane
Mixado no Estúdio The Enterprise, em Los Angeles, Estados Unidos, por Jerry Napier
Assistente técnico: Roger Sommers

Fotografia: André Paoliello
Ilustração: Carlos Sá
Concepção da capa: Mamonas Assassinas
Projeto gráfico: Mario Busch e Patricia Delgado
Fotolito: Intek


Fontes:

“Brasil Exclusivamente” - A Grande Orquestra de Paul Mauriat (1977)



Eu tinha comprado este ótimo LP do maestro Paul Mauriat (1925-2006) em uma dessas feiras da pulga que houve aqui em Itajaí. Além do arranjador americano Ray Conniff (1916-2002), o músico francês é um dos maestros estrangeiros que tem mais empatia com a música brasileira, sempre com a roupagem luxuosa de orquestra de cordas e metais. O “Brasil Exclusivamente” lançado em 1977 pela Phonogram (hoje Universal Music) reúne algumas das músicas nacionais que foram sucessos até então, como “Só Louco” na regravação da Gal Costa (1945-2022), “Moça” de Wando (1945-2012), “Mulher Brasileira” de Benito di Paula e “Não Deixe o Samba Morrer” da Alcione. E por falar em Alcione, há uma curiosidade neste disco: a faixa “Sabiá Marrom”, composta pelo próprio Paul e Pierre Delanoë (1918-2006), foi feita especialmente para a cantora. A letra ficou por conta dos brasileiros Totonho e Paulinho Rezende. Alcione havia gravado dois anos depois para o seu LP “Gostoso Veneno” (PolyGram / hoje Universal Music, 1979), mas a música ficou de fora, sendo resgatada apenas em 2010 pelo jornalista Rodrigo Faour para o CD “Sabiá Marrom: O Samba Raro De Alcione” que foi o álbum de faixas raras e sobras de estúdio da fase inicial da carreira da maranhense.

Confira a lista de faixas e sinta o peso do luxo desse disco!



“Brasil Exclusivamente”
A Grande Orquestra de Paul Mauriat
℗ 1977 Discos Philips / Companhia Brasileira de Discos Phonogram (hoje Universal Music Brasil)


“Este é o meu terceiro LP reunindo as minhas canções preferidas do mais musical dos países: o Brasil. Desta vez, além das músicas, pude utilizar na gravação a arte e o talento dos seus músicos, bem como o engenho dos técnicos de som do mais moderno estúdio da América Latina: o da Phonogram, no Rio de Janeiro.
A todos esses profissionais, que me proporcionaram a realização desse trabalho de grande satisfação pessoal, a minha eterna gratidão, extensiva igualmente e compositores desta música maravilhosa que é, sem dúvida, a música brasileira.
Muito obrigado,
Paul Mauriat”


Ficha Técnica:
Gravado nos Estúdios da Phonogram, Rio de Janeiro
Técnico de Gravaçāo: Luigi Hoffer
Mixado no Studio des Dames, Paris
Técnico de Mixagem: Dominique Poncet
Produzido por PAUL MAURIAT para a PHONOGRAM
Lay out da capa: LOBIANCO
Arte Final: ARTHUR FRÓES


1. MULHER BRASILEIRA - (3:13)
Escrita por Benito di Paula, 1975

2. MORTE DE UM POETA - (3:34)
Escrita por Totonho e Paulinho Rezende, 1976

3. SABIÁ MARROM - (2:54)
Música de Paul Mauriat e Pierre Delanoë
Letra de Paulinho Rezende e Totonho

4. SÓ LOUCO - (3:00)
Escrita por Dorival Caymmi, 1955

5. JUÍZO FINAL - (2:45)
Escrita por Nelson Cavaquinho e Elcio Soares, 1973

6. MOÇA - (3:24)
Escrita por Wando, 1975

7. NÃO DEIXE O SAMBA MORRER - (4:41)
Escrita por Edson Conceição e Aloísio Silva, 1975

8. QUALQUER COISA - (2:44)
Escrita por Caetano Veloso, 1975

9. MULHERES DE ATENAS - (2:37)
Escrita por Chico Buarque e Augusto Boal, 1976

10. TRANQUEI A VIDA - (2:47)
Escrita por Ronnie Von e Tony Osanah, 1976

11. SEM AÇÚCAR - (2:07)
Escrita por Chico Buarque, 1975

12. PAVÃO MYSTERIOZO - (3:42)
Escrita por Ednardo, 1974




PLATAFORMAS DIGITAIS. É o fim das fichas técnicas musicais? Não é bem assim.



Essa ilustração acima eu sempre vejo em várias páginas do Instagram, desde os mais saudosistas até os que falam de autismo ao se tratar de hiperfoco, um dos sinais do transtorno.
HIPERFOCO NO AUTISMO: A ilustação mostra uma pessoa consolando a outra que chora, porque o modelo de placas de automóveis são diferentes e mais modernos, porém não identifica a origem do automóvel como antigamente, o que deixa o interessado inconformado. E por que eu eu estou citando esse desenho? Porque é a mesma sensação que eu tive quando se extinguiram as mídias físicas (LP's, CD's e DVD's), já que eu gostava / gosto tanto de olhar quem são os compositores, músicos participantes, arranjadores, produtores musicais e fotógrafos de capa em contracapa e encarte. "Ah, mas tem ficha técnica em vídeos-áudios oficiais no YouTube, no Wikipédia, no IMMuB (Instituto Memória Musical Brasileira), no Discogs... " sim, claro que tem, ainda bem, com a (quase) extinção das mídias físicas no Brasil e a evolução da internet. O problema é que nem sempre e nem de todos os álbuns/discos. E nem todas as fotos de etiquetas ou encarte de LP's em venda no Mercado Livre são legíveis ou nítidas. Em CD's, então, em que só há fotos de capa, contracapa e estampa do disco...

quarta-feira, 5 de março de 2025

A Bíblia e a MPB 06 - "Luz do Sol" - Caetano Veloso (1982)


Caetano Veloso

“Deus viu que tudo era muito bom” (Gênesis 1,31).


"Luz do Sol" (1982) foi escrita e primeiramente gravada por Caetano Veloso para o filme "Índia, A Filha do Sol" (Embrafilme / Filmes do Triângulo / Luiz Carlos Barreto Produções Cinematográficas, 1982) e ganhou regravações de inúmeros artistas. Mais uma vez frei Gustavo Medella usa brilhantemente um clássico da MPB para explicar o Evangelho. Esse texto publicado na Folhinha do Sagrado Coração de Jesus de 2024 se encaixaria com o tema da Campanha da Fraternidade desse ano que se inicia hoje junto à Quaresma (5 de março) com o tema "Fraternidade e Ecologia Integral" e o lema "Deus viu que tudo era muito bom" (Gn 1,31). 



BÍBLIA E MPB-6

Luz do sol. "Luz do sol, que a folha traga e traduz em verde novo, em folha, em graça, em vida, em força, em luz."
Nestes versos, o autor, Caetano Veloso, demonstra admiração e reverência pela dinâmica da natureza, que transforma luz, água, terra e ar em beleza, na sabedoria das flores. Jesus Cristo, no Evangelho, também exalta a criatividade divina quando convida: "Olhai como crescem os lírios do campo: eles não trabalham nem fiam. Porém eu vos digo, nem o Rei Salomão, em toda a sua glória, jamais se vestiu como um deles" (Mt 6,28-29). A capacidade de se admirar com a beleza inscrita por Deus na obra da criação é sinal de maturidade da parte do ser humano.

Frei Gustavo W. Medella, OFM
@freigustavomedella


Verso da página do dia 26 de dezembro de 2024 da Folhinha do Sagrado Coração de Jesus, Editora Vozes.



Festa de Lançamento do "Clube do Samba" (Fantástico, 1979)

"Meninos da Mangueira" - Ataulpho Jr. e Diogo Nogueira no programa "Samba da Gamboa" na TV Brasil