Super Heróis, o Village People brasileiro
Até o dia do meu aniversário, semana passada, 12 de março, eu não conhecia esse grupo musical infantil Super Heróis. Essa minha desinformação se justifica por não ser da minha época, ou seja, eu ainda estava fora dos planos dos meus pais quando esse grupo surgiu. Mas foi só eu me deparar com uma das postagens da página Nostalgicamente (@nostalgicamenteoficial) no Instagram que comecei a me interessar não só em razão dos integrantes vestidos de super-heróis famosos (e pelos comentários brincalhões de internautas. Risos) como também pela levada disco da música que cantavam. Nada satisfeita com informações rasas como sempre, eu fui investigar no Google sobre Super Heróis e, por sorte minha, achei músicas no YouTube e história do grupo na página do colunista Odair Braz Jr. do Portal R7. E não é que as suas músicas eram mesmo contagiantes? Até mesmo um usuário estrangeiro do YouTube postou um vídeo-áudio (clique aqui) do grupo em seu canal e disse na descrição que chegou a sair dançando pela sala ao som de "Somos Todos Super Amigos". E concluiu: "CUIDADO! (a música) ficará grudada na sua cabeça o dia todo."
Boa parte do grupo que era da faixa de seus 15, 16 e 17 anos de idade saiu do programa Show de Calouros da TVS (primeiro nome do SBT) apresentado por Silvio Santos. Inclusive Plinta fazia parte do coral do programa. E já com a ideia na cabeça e um projeto na gravadora RCA _que hoje pertence à Sony Music_ Plinta chamou alguns rapazes para fazer o teste e os selecionados para os Super Heróis foram Manoel Carvalho, o Noel (Robin), Gilson Dias (Thor), Claudio Rivera (Homem-Aranha), Ricardo Scheir (Batman) e Francisco Assis, o Kung Fu (que mais tarde foi substituído por Lincoln Idelfonso). José Francisco Bueno, o Benê era o Superman, voz principal e o único cantor profissional do grupo que já fez parte da banda Os Môscas (isso mesmo, com acento circunflexo, a grafia da época) que tinha uma certa relação com a Jovem Guarda nos anos 1960. Vera Lúcia Egídio, a Mulher-Maravilha, só veio pouco depois de o grupo já ter sido lançado.
O grupo passou a fazer apresentações em praticamente todos os programas de TV que contavam com atrações musicais. O primeiro deles foi o do Raul Gil, ainda na TV Tupi (1950-1980), considerado o padrinho do grupo, pelo menos para os integrantes. Acabaram indo a vários outros, como no programa do Bozo, na TVS/SBT, Bolinha (Edson Cury, 1936-1998), do Carlos Imperial (1935-1992), "Almoço Com As Estrelas" e também na Globo, nos Trapalhões e no do Chacrinha (Abelardo Barbosa, 1917-1988). Até mesmo à tradicional chegada do Papai Noel no Maracanã, no Rio de Janeiro não podiam faltar, afinal eles já se tornaram em uma sensação entre a garotada.
Por onde andam os Super Heróis?
Gilson Dias, o Thor, se formou em jornalismo e é repórter cinematográfico com passagens pela Record TV e SBT. Atualmente mora em São Paulo e monitora página do Instagram (@gruposuperherois) e canal do YouTube (https://www.youtube.com/gruposuperherois), ambos em memória do grupo Super Heróis.
Vera Lúcia, a Mulher-Maravilha, é formada em psicologia e vive no interior paulista
Manoel Carvalho, o Robin, mora em Ribeirão Preto, dá aulas de patinação, tem uma loja de artigos esportivos e um estúdio para ensaios de bandas.
O vocalista José Franco Bueno, o Bêne, após o término do grupo Super Heróis, mudou-se para Miami, Flórida, Estados, Unidos, em 1987, para tentar a carreira solo. Adotando seu nome artístico como Benny Bueno, cantou em vários bares, pubs e restaurantes na Ocean Drive em Miami Beach, e em uma dessas noites, foi parabenizado por ninguém menos que a cantora cubana Gloria Estefan e seu marido, o produtor musical Emilio Estefan, que estavam em uma das mesas. Benê não está mais entre nós. Faleceu no dia 10 de dezembro de 2002, aos 57 anos de idade. Sua morte foi confirmada por uma de suas filhas através de sua conversa com Gilson, o Thor, no Instagram.
A respeito dos demais integrantes não há informações.
Legado
É lógico que o grupo Super Heróis tem uma importância na música brasileira, por que não? Depois deles, houve o surgimento de muitos outros artistas e/ou grupos voltados para o público infantil, como a Turma do Balão Mágico, A Patotinha, Os Abelhudos, Trem da Alegria, etc. O grupo Mamonas Assassinas costumava se apresentar usando personagens dos quadrinhos e de séries, como você deve se lembrar. Atualmente existe também uma banda em Belém do Pará que toca brega, forró e "pisadinha" chamada Vingadores do Brega que também junta alguns personagens da DC e da Marvel. Na formação estão Capitão América, Homem-Aranha (com uniforme tradicional e o preto), Deadpool, Flash e Batman. Isso lembra o quê, mesmo?
Na cultura popular
O cineasta inglês Edgar Wright que dirigiu os filmes "Em Ritmo de Fuga" ("Baby Driver", TriStar Pictures / Sony Pictures Releasing, 2017) e "Scott Pilgrim contra o Mundo" ("Scott Pilgrim vs. The World", Universal Pictures / Paramount Pictures, 2010) publicou em sua página no Twitter em março de 2020 um vídeo do programa Bozo da TVS/SBT em que o palhaço apresenta o grupo Super Heróis cantando "Somos Todos Super Amigos". "Este é o único universo cinemático em que estou interessado", brincou o diretor na descrição, fazendo referência às franquias cinematográficas da Marvel e da DC.
Valeu, Jão Plinta! Que Deus o tenha!
Fontes:
*Página Supertoons - Facebook
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