"O que é de verdade ninguém mais hoje liga: isso é coisa da antiga" - Ney Lopes e Wilson Moreira

Elsa (Frozen) ♥

domingo, 30 de julho de 2023

"Meu Primeiro Baile" - Caso Especial (Rede Globo, 1972)

 O primeiro baile da Rede Globo em cores



Glória Menezes como a protagonista do episódio


Em 1995 a Rede Globo havia completado 30 anos de existência. Foi baseado nessa comemoração que a emissora fez uma programação especial de aniversário, o "Festival 30 Anos" exibindo minisséries e episódios do programa "Caso Especial" que fizeram história da emissora. Naquela época, eu, ainda pirralhinha, já estava bem interessada na memória da televisão brasileira só para ver como eram vários detalhes antigamente, inclusive como era o GC (gerenciador de caracteres) dos programas da Globo na década de 1970. Por sorte eu tive a oportunidade de ver "Meu Primeiro Baile" que a emissora exibiu em janeiro de 1995 depois da então novela das 8, "Pátria Minha" (1994-1995). 

Pra quem não sabe, "Caso Especial" foi um programa de televisão do tipo teledramaturgia não seriada produzido e exibido pela Rede Globo entre 10 de setembro de 1971 e 5 de dezembro de 1995. A exibição era variada, tendo seus episódios veiculados em vários horários diferentes, totalizando 172 episódios. A estrutura do programa era que a cada episódio, que tinha duração média de uma hora, era apresentada uma história diferente, com elenco, roteiristas e direção modificados, não tendo ligação nenhuma com a do anterior.
Foi o primeiro programa gravado e exibido totalmente em cores da televisão brasileira, no episódio chamado "Meu Primeiro Baile", transmitido em 31 de março de 1972, mesmo dia em que foi inaugurado o sistema de televisão em cores no Brasil. (Wikipédia)

"Meu Primeiro Baile", inspirado no francês "Carnet de Baile", foi estrelado por Glória Menezes. O original "Un Carnet de Bal" (1937), de Jacques Prévert (1900-1977) foi adaptado por ninguém menos que Janete Clair (1925-1983) e teve produção e direção de Daniel Filho.

A pequena parcela da população que tinha acesso à TV colorida ficou tão maravilhada que congestionou as linhas da Rede Globo e esta reapresentou o mesmo programa horas depois do final da sua exibição.

Já tendo a cor tornado-se uma realidade, este Caso Especial foi reapresentado nas programações especiais de aniversário globais em 1980 ("Festival 15 Anos"), 1990 ("Festival 25 Anos") e 1995 ("Festival 30 Anos").

No elenco estavam Glória Menezes e seu marido Tarcísio Meira (1935 -2021), Sérgio Cardoso (1925-1972), Marcos Paulo (1951-2012), Francisco Cuoco, Emiliano Queiroz, Paulo José (1937-2021), Felipe Carone (1920-1995), Jacyra Silva (1940-1995), Eloísa Mafalda (1924-2018), Zilka Salaberry (1917-2005), Léa Garcia, Susana Gonçalves e Arnaldo Weiss (1930-1989). Maria Amélia, filha do primeiro casamento de Glória Menezes com um primo antes de conhecer o Tarcísio, fez a personagem jovem de sua mãe.

Sinopse

Cerca de 20 anos após o seu baile de formatura, Marina (Glória Menezes) decide procurar todos os homens com quem dançou naquela noite.

Para ver o episódio "Meu Primeiro Baile", clique no link seguinte:

https://youtu.be/GozICEln00c  



Fontes:
*Rare Films and More
https://www.rarefilmsandmore.com/un-carnet-de-bal-1937-with-switchable-english-subtitles

*Wikipédia
https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Meu_Primeiro_Baile



Relembrando a adolescência #19 - a história por trás da música "Barbie Girl" do Aqua

A vocalista norueguesa Lene Nystrøm como a Barbie

Eu lembro que eu era adolescente quando a eurodance "Barbie Girl" do grupo Aqua tocava nas rádios e eu sempre a ouvia no meu microsystem da Aiwa que eu ganhei dos meus 15 anos naquele mesmo 1997, mesmo que eu não entendesse o que a letra queria dizer. Hoje a música voltou a todo vapor graças à estreia do filme "Barbie" (Warner Bros. Pictures, 2023) que vem batendo recorde impressionante de bilheteria em tempos em que o streaming é a maior opção para assistir a filmes e séries. A canção porém é uma crítica sobre o mundo fútil e plastificado da boneca mais famosa do mundo e alguns versos dela geraram tanto incômodo na Mattel, a empresa fabricante da Barbie que virou caso jurídico!

"Barbie Girl" foi o grande sucesso do grupo dinamarquês-norueguês Aqua lançado em abril de 1997 como o terceiro single do primeiro álbum de estúdio do quarteto, "Aquarium" (Universal Music, 1997). A música foi escrita por Søren Rasted, Claus Norreen, René Dif e Lene Nystrøm, os integrantes, e foi produzida por Rasted, Norreen e a dupla Johnny Jam & Delgado. Tanto na gravação da música quanto no videoclipe, os vocalistas Lene Nystrøm e René Dif interpretam Barbie e Ken, respectivamente.

"Barbie Girl" foi inspirada num momento que Søren Rasted foi a uma exposição sobre a cultura kitsch na Dinamarca que apresentava bonecas Barbies. Ou seja, "Barbie Girl" não é uma música bobinha e muito menos infantil, e sim uma crítica ácida à futilidade, à sexualidade exagerada, ao corpo irreal do brinquedo, aos padrões de beleza e ao mundo de ilusão que a boneca endossou. Não satisfeitos, em tom de deboche, os integrantes do grupo transformam a Barbie numa espécie de marionete para relacionamentos abusivos. Porém, quem não gostou nada dessa brincadeira foi a Mattel, empresa-dona da Barbie que, em setembro de 1997, apenas meses depois de o hit estourar, entrou com um processo na Califórnia, Estados Unidos, contra a MCA Records, selo do grupo Aqua pertencente à Universal Music, pelo uso indevido do nome da boneca e sexualização do brinquedo. A MCA não deixou barato e também processou a Mattel por difamação após a fabricante da boneca compará-la a um "ladrão de banco". A gravadora também alegou em sua defesa que "Barbie Girl" era apenas uma paródia criada com o intuito de divertir e lembrou na nota de rodapé do CD "Aquarium" que Mattel não participou da criação da música: "A canção 'Barbie Girl' é um comentário social e não foi criada ou aprovada pelos responsáveis pela boneca". Daí que veio o nome Mattel, Inc. X MCA Records, Inc. para a guerra judicial. A batalha durou até 2002 e os dois lados perderam. O juiz Alex Kozinski entendeu que "Barbie Girl" se tratava mesmo de uma simples paródia  e estava protegida sob a definição de liberdade de expressão da Primeira Emenda da Constituição Americana. Kozinski também indeferiu o processo de difamação movido pela MCA e finalizou sua sentença com a seguinte frase: "as duas partes recebem a recomendação de relaxar". A Mattel ignorou a recomendação do juiz, tentou entrar com recurso na Suprema Corte dos Estados Unidos, mas teve o pedido negado. 
Foi só em 2009 que a Mattel resolveu fazer as pazes com "Barbie Girl" fazendo a propaganda da boneca com a versão modificada e mais apropriada da letra, lançando até as Barbies com os corpos mais realistas. 
Em abril de 2022, Ulrich Møller-Jørgensen, empresário de Lene Nystrøm, a Barbie da música, confirmou à Variety que "Barbie Girl" não seria utilizada no filme estrelado pela Margot Robbie e se negou a dizer o motivo. O portal acredita que o motivo seja desgaste do processo judicial. Ainda assim, Nystrøm afirma para o mesmo portal que acredita que o hit faça o público relembrar da banda: "Eu entendo totalmente por que eles não vão usá-la, mas vai nos dar bastante atenção, não importa o que aconteça". E funcionou, graças ao sucesso do filme. Afinal, a Barbie da música e 1997 não faria jus nenhum à história da protagonista no filme de Greta Gerwig. Porém, para a trilha sonora do filme, foi incluída a música  "Barbie World" (de Onika "Nicki Minaj" Maraj, Isis "Ice Spice" Gaston, Ephrem Louis Lopez Jr., Johnny Pederson e Karsten Dahlgaard, 2023) gravada pelas rappers Nicki Minaj e Ice Spice que contem o sample do refrão da eurodance "Barbie Girl".

P.S.: essa semana vi o filme da Barbie no cinema do Itajaí Shopping e gostei.


Capa do single "Barbie Girl" do Aqua.

Fontes:
*Igor Miranda

*Pipocando Música

*Wikipédia (inglês e português)





"Barbie Girl"
escrita por Søren Rasted, Claus Norreen, René Dif e Lene Nystrøm
interpretada por Aqua
℗ 1997 MCA Records / Universal Music Group
Tradução e análise dos versos: Letras. Mus.Br

(Hi, Barbie!)
(Oi, Barbie!)
(Hi, Ken!)
(Oi, Ken!)
(You wanna go for a ride?)
(Quer dar uma volta?)
(Sure, Ken!)
(Claro, Ken!)
(Jump in!)
(Entra aí!)

I'm a Barbie Girl in a Barbie World
Eu sou como uma Barbie vivendo no mundo da Barbie
Life in plastic*, it's fantastic
A vida de plástico é fantástica
You can brush my hair, undress me everywhere
Você pode escovar meus cabelos, me despir em qualquer lugar
Imagination, life is your creation
Use a imaginação, a vida é sua criação

(*Nesse verso, plastic tem um duplo sentido: o primeiro é o plástico propriamente dito, material químico utilizado para produzir as bonecas Mattel; porém, também pode ser entendido como plásticas, ou seja, os procedimentos estéticos populares entre as mulheres.)

(Come on, Barbie, let's go party!)
(Vamos, Barbie, vamos festejar!)

I'm a Barbie Girl in a Barbie World
Eu sou como uma Barbie vivendo no mundo da Barbie
Life in plastic, it's fantastic
A vida de plástico é fantástica
You can brush my hair, undress me everywhere
Você pode escovar meus cabelos, me despir em qualquer lugar
Imagination, life is your creation
Use a imaginação, a vida é sua criação

I'm a blond bimbo** girl in a fantasy world
Eu sou uma loirinha bobinha num mundo de fantasia
Dress me up, make it tight, I'm your dolly
Me vista, aperte bem, eu sou sua bonequinha
You're my doll, rock'n'roll, feel the glamouring in pink
Você é minha boneca, rock'n'roll, sinta o glamour em cor-de-rosa
Kiss me here, touch me there, hanky-panky***
Me beija aqui, me toca ali, vamos dar uns amassos

(**Bimbo é um termo pejorativo usado para descrever mulheres que se dedicam apenas a ter uma aparência lida socialmente como ideal e vivem em prol da validação masculina.)
(***Hanky-panky refere-se a comportamentos moralmente errados, principalmente envolvendo atividades sexuais ou dinheiro.)

You can touch, you can play
Você pode tocar, você pode brincar
If you say I'm always yours (uh, oh)
Se você disser que sempre serei sua**** (uh, oh)

(****A condicional "se você disser que sempre serei sua" também reflete a ironia frequentemente utilizada ao longo da música. Nesse contexto, é importante ressaltar que esse trecho não representa os verdadeiros desejos das mulheres, mas sim como o pensamento machista as enxerga.)

I'm a Barbie Girl in a Barbie World
Eu sou como uma Barbie vivendo no mundo da Barbie
Life in plastic, it's fantastic
A vida de plástico é fantástica
You can brush my hair, undress me everywhere
Você pode escovar meus cabelos, me despir em qualquer lugar
Imagination, life is your creation
Use a imaginação, a vida é sua criação

Come on Barbie, let's go party!
Vamos, Barbie, vamos festejar!
Ah, ah, ah, yeah
Ah, ah, ah, sim!
Come on Barbie, let's go party!
Vamos, Barbie, vamos festejar!
Uh, oh, uh, oh
Come on Barbie, let's go party!
Vamos, Barbie, vamos festejar!
Ah, ah, ah, yeah
Ah, ah, ah, sim!
Come on Barbie, let's go party!
Vamos, Barbie, vamos festejar!
Uh, oh, uh, oh

Make me walk, make me talk, do whatever you please
Me faça caminhar, me faça falar, faça o que bem entender
I can act like a star, I can beg on my knees
Posso agir como uma estrela, posso implorar de joelhos
Come jump in, bimbo friend, let us do it again
Entre aqui, amiga bobinha, vamos fazer isso de novo
Hit the town, fool around, let's go party
Vamos para a cidade, curtir, vamos festejar

You can touch, you can play
Você pode tocar, você pode brincar
If you say I'm always yours 
Se você disser que sempre serei sua
You can touch, you can play
Você pode tocar, você pode brincar
If you say I'm always yours 
Se você disser que sempre serei sua 

Come on Barbie, let's go party!
Vamos, Barbie, vamos festejar!
Ah, ah, ah, yeah
Ah, ah, ah, sim!
Come on Barbie, let's go party!
Vamos, Barbie, vamos festejar!
Uh, oh, uh, oh
Come on Barbie, let's go party!
Vamos, Barbie, vamos festejar!
Ah, ah, ah, yeah
Ah, ah, ah, sim!
Come on Barbie, let's go party!
Vamos, Barbie, vamos festejar!
Uh, oh, uh, oh

I'm a Barbie Girl in a Barbie World
Eu sou como uma Barbie vivendo no mundo da Barbie
Life in plastic, it's fantastic
A vida de plástico é fantástica
You can brush my hair, undress me everywhere
Você pode escovar meus cabelos, me despir em qualquer lugar
Imagination, life is your creation
Use a imaginação, a vida é sua criação

I'm a Barbie Girl in a Barbie World
Eu sou como uma Barbie vivendo no mundo da Barbie
Life in plastic, it's fantastic
A vida de plástico é fantástica
You can brush my hair, undress me everywhere
Você pode escovar meus cabelos, me despir em qualquer lugar
Imagination, life is your creation
Use a imaginação, a vida é sua criação

Come on Barbie, let's go party!
Vamos, Barbie, vamos festejar!
Ah, ah, ah, yeah
Ah, ah, ah, sim!
Come on Barbie, let's go party!
Vamos, Barbie, vamos festejar!
Uh, oh, uh, oh
Come on Barbie, let's go party!
Vamos, Barbie, vamos festejar!
Ah, ah, ah, yeah
Ah, ah, ah, sim!
Come on Barbie, let's go party!
Vamos, Barbie, vamos festejar!
Uh, oh, uh, oh

(Oh, I'm having so much fun!)
(Ah, eu estou me divertindo tanto!)
(Well, Barbie)
(É, Barbie)
(We're just gettin' started)
(Estamos só começando)
(Oh, I love you, Ken!)
(Ah, eu te amo, Ken!)

sábado, 22 de julho de 2023

"Um Refrão Pra Sua Alma" - Leandro Borges

 


"Um Refrão Pra Sua Alma" (de Leandro Borges, 2017), é uma música gospel gravada pelo cantor catarinense Leandro Borges com a participação da cantora Sandrinha. O vídeo e a música foram gravados em dezembro de 2017 no Teatro Elias Angeloni, em Criciúma (SC). A canção produzida pelo próprio Leandro Borges em parceria com Rafael Andrade e Júnior Andrade que serviu como um hino para a fase da pandemia do coronavírus em 2020 foi regravada por vários artistas pelo Brasil. Ficaria lindo se o Padre Antônio Maria e a Irmã Greice Maria (da Comunidade Filhas de Maria Servas dos Pequeninos) que são amigos e de vez em quando gravam alguma coisa juntos também cantassem a música.


"Um Refrão Pra Sua Alma"
Escrita por Leandro Borges
Interpretada por Leandro Borges
Participação especial de Sandrinha
℗ 2017 Alpha Produções Fonográficas

Gravado Ao Vivo em Criciúma/SC, no Teatro Elias Angeloni, no Dia 02 de Dezembro de 2017
Dirigido por Leandro Borges
Produção Musical: Rafael Andrade, Júnior Andrade e Leandro Borges
Arranjos: Rafael e Junior Andrade, Ronny Barbosa, Misael Coelho, Jorginho Araújo e Leandro Borges
Captação de Áudio por Mariano Boyogloniam 
Direção de Vídeo: Jeff Dutra (Soul Produtora)

Letra:

Se eu pudesse conversar com sua alma
Eu diria: Fique calma, isso logo vai passar
Eu daria um conselho: Chore mesmo!
E enquanto chora, aproveita pra orar

Porque quem chora pra Deus é consolado
É bem aventurado e Deus não desamparará
Ele mesmo enxugará as tuas lágrimas
Então desabafa e deixa Ele te abraçar

Calma, calma
Não se preocupe, tenha calma
Calma, calma
Eu dedico esse refrão pra sua alma

Calma, calma
Não se preocupe, tenha calma
Calma, calma
Eu dedico esse refrão pra sua alma

Se eu pudesse conversar com sua alma
Eu diria: Fique calma, não é só você que sente assim
Não é que você seja estranha, é que você é estrangeira
O seu lar não é aqui

Lá no céu, um dia tudo se encaixa
E o que hoje te inquieta não vai mais te preocupar
Você vale mais que o mundo inteiro
E por toda sua espera Deus vai te recompensar

Calma, calma
Não se preocupe, tenha calma
Calma, calma
Eu dedico esse refrão pra sua alma

Calma, calma
Não se preocupe, tenha calma
Calma, calma
Eu dedico esse refrão pra sua alma



 


Rotina insana de cantores famosos

 

A cantora canadense Shania Twain


Na postagem anterior eu falei do ótimo livro "Dá Um Tempo! (Principium /Editora Globo, 2020 - primeira edição) da jornalista, palestrante e apresentadora paranaense Izabella Camargo no qual ela fala sobre como é importante não se exceder de ocupações e ter tempo para cuidar de si mesmo e ela própria sentiu isso na pele ao ser diagnosticada com síndrome de burnout (clique aqui). A rotina de um superstar da música não é diferente, é bem insana. Vejamos alguns exemplos que lembram as reflexões e os alertas do livro.


SHANIA TWAIN 

Em seu livro autobiográfico "From This Moment On" (Atria Books, 2011, EUA/Prata Editora, 2014, Brasil), a cantora country canadense que eu admiro muito (na foto linda com a cantora brasileira Paula Fernandes) revelou como um dia no auge da sua carreira refletiu em sua saúde:

4:00/ acordar
4:15 / Saída do hotel para o programa "Good Morning América" da rede ABC
4:30 / Começar a fazer cabelo e maquiagem
5:00/ Chamada para a passagem de som
5:30/ passagem de som
6:00/ Retoque de cabelo, make-up e tomar um suco
7:30/ Apresentação
8:00 / Retornar ao Hotel
8:15/ Chegar ao Hotel e ir ao banheiro
8:30 / Retocar a maquiagem
8:45/ Entrevista com imprensa no hotel
12h/ Intervalo para almoçar
12:30/ Saída do hotel e reunião com o diretor de vídeo
14h/ Saída da reunião para entrevista na rádio
14:20/ Chegada à emissora
15h/ Saída da rádio para o hotel
15:30/ entrevista com jornalista no hotel
16: 30/ encontro com crianças e fãs
17:30/ Reunião sobre o figurino para o Grammy
18: 30/ Preparação para o jantar com radialistas
19h/ Saída do hotel para jantar com os radialistas
19:30/ Chegada ao jantar
22h/ retorno para o hotel
22:30/ Chegada ao Hotel para descansar e dormir

*Shania conta na biografia que às vezes marcava participações em programas de TV com meses de antecedência, sem saber se daria conta. Em uma de suas entrevistas a cantora estava muito exausta e com desnutrição e fadiga . Ela estava letárgica. O apresentador notou e perguntou: "você está bem?"
Shania respondeu não, com os olhos esbugalhados.

Texto: Página "Mundo Fonográfico TV" (YouTube/Facebook)


XUXA


Após o fim do Xou da Xuxa no último dia de 1992, a apresentadora comandou um programa dominical da Rede Globo que durou 6 meses, outro diário nos Estados Unidos com a produtora americana MTM Enterprises e mais um na Argentina, todos eles destinados ao público infantil. Ao que parece que nessa época a casa da então Rainha dos Baixinhos era o avião. Porém o ritmo intenso de trabalho fez com que Xuxa tivesse problema na coluna. Durante os bastidores no programa matinal Good Morning America onde daria uma entrevista para divulgar o seu programa, ela desmaiou por exaustão antes de entrar no estúdio. Xuxa foi levada às pressas para o hospital. No fim, em razão da estafa, Xuxa teve que romper o contrato com a emissora argentina. Essa fase foi comentada no segundo episódio de "Xuxa - O Documentário" (Globoplay, 2023)


MARIAH CAREY


Só pra ter uma ideia de como era a rotina da dona de uma das vozes mais poderosas da música mundial no período da sua Turnê "Charmbracelet" em 2003:
Em 44 dias Mariah participou de 74 programas de TV e deu 124 entrevistas. Fora contato com o público, autógrafos, ensaios, sessões de foto, viagens, etc.

Texto: página "Mundo Fonográfico TV" (YouTube/Facebook)


LUCIANA ABREU


A cantora, atriz e apresentadora viveu a personagem "Floribella" (SIC, 2006-2008) na versão portuguesa. 
Em entrevista ao podcast Maluco Beleza, Luciana Abreu revelou que a rotina de música e novela foi muito dura. 
Ela estava tão cansada que praticamente não conversava com os colegas de elenco nos bastidores, o que gerou comentários de que ela seria arrogante. 
Luciana contou que alguns almoços seus duravam apenas 5 minutos, pois era esse o tempo que sobrava. 
Além de gravar cenas em ritmo frenético ela tinha que usar a sua voz gravando as canções da novela e fazendo shows. 



RBD



Mais um exemplo de música aliada à dramaturgia, ou seja, trabalho dobrado. 
Eles não tinham tempo pra nada. Era gravação da novela "Rebelde" (Canal de las Estrellas /Televisa, 2004-2006), ensaios, gravação de álbuns, programas de TV, shows, eventos de divulgação...
Ficavam sem ver suas famílias. Perdiam festas de casamentos, aniversários e qualquer evento importante de seus familiares. 
Do estúdio pro hotel. Do show pro hotel. 
Era muito desgastante. 
Christopher Uckermann que viveu Diego Bustamante na novela contou numa entrevista que depois de um show eles foram todos para o quarto de hotel jantar e eles estavam tão cansados que sentaram no chão e choraram muito juntos. 


ELVIS PRESLEY (1935-1977)


O eterno rei do rock foi um dos maiores ícones das residências em Las Vegas, se tornando um símbolo da cidade até hoje. 
Mas esses shows não eram nada fáceis. 
Os shows em Las Vegas não terminavam antes da 1h da manhã. Elvis ia para cama com o dia raiando e acordava às 5h da tarde. Para suportar tudo isso remédios e estimulantes como anfetaminas (que são ilegais nos dias de hoje), soníferos e antidepressivos . 


SANDY & JR


No auge da dupla eles fizeram muita coisa. Programas de TV, novela, shows,  gravação de álbuns, filme, propagandas , eventos de autógrafo, entrevistas, viagens, etc.
Sandy contou no documentário da dupla que não sabe como eles deram conta de tudo, pois tudo que convidavam ela aceitava.
Ela também contou que o que eles viveram foi tão intenso e variado que muitas coisas eles já não tem mais na memória. 

Texto (exemplos Luciana Abreu, RBD, Elvis Presley e Sandy & Jr): Mundo Fonográfico TV / YouTube


KESHA



Em 2021, a cantora de "Tik Tok" (de Kesha, Dr. Luke e Benny Blanco, 2009) desabafou e disse que as gravadoras e a indústria musical deveriam pensar mais na saúde mental dos artistas:
"Se o chefe de uma gravadora está lendo isso, eu diria: somos seres humanos, não somos robôs" 
"Pela minha experiência pessoal, não acho que a mente humana saiba o que fazer às vezes quando você atinge um objetivo e, especialmente com a fama e viajando tanto, sendo um modo de vida tão estranho”.
 “O aspecto da saúde mental é bem sério”.
"Somos seres humanos e temos emoção. Acho que muita coisa mudou, mas ainda há muitas mudanças a serem feitas em termos do setor ”.
Fonte : ABC News Radio
Texto: Mundo Fonográfico TV ( Facebook)

"Dá Um Tempo!" - livro de Izabella Camargo

 



"De tanto correr pela vida sem freio
Me esqueci que a vida se vive num momento
De tanto querer ser em tudo o primeiro
Me esqueci de viver os detalhes pequenos
De tanto brincar com os sentimentos
Vivendo de aplausos envoltos em sonhos
De tanto gritar as canções ao vento
Já não sou o que fui,
hoje eu vivo e não sinto"


"Me Esqueci de Viver" ("J'ai Oublié de Vivre", música de Jacques Revaux e letra original de Pierre Billon, 1977 / "Me Olvidé de Vivir", versão em espanhol de Julio Iglesias, J. Flores, Manolo Diaz, Manuel de la Calva, Ramón Arcusa e Mimi Korman, 1979 / versão em português de Fernando Adour, 1981, na gravação de Julio Iglesias)


Desde que eu a vi em "Direção Espiritual", antigo programa de TV apresentado por Padre Fábio de Melo na TV Canção Nova, comecei a acompanhar e admirar Izabella Camargo, jornalista, palestrante, youtuber e ex-dançarina do "Fantasia" do SBT na década de 1990. A primeira edição de seu livro "Dá Um Tempo" (Principium /Editora Globo) foi em 2020, mas eu só o comprei esse ano, o da terceira edição, já que infelizmente eu não achei em nenhuma loja física.

O livro foi inspirado em uma fase de sua vida quando Izabella Camargo foi diagnosticada com síndrome de burnout. Para quem não sabe, síndrome de burnout (do inglês burn, queima; e out, exterior) é o desgaste emocional que danifica aspectos físicos e psíquicos da pessoa, reduzindo a naturalidade e a velocidade com que ela realiza suas tarefas. Os sintomas são fadiga, cansaço constante, distúrbios de sono, dores musculares e de cabeça, irritabilidade, alterações de humor e de memória, dificuldade de concentração, falta de apetite, depressão e perda de iniciativa. Nos casos mais graves, pode levar ao consumo de álcool e drogas e até ao suicídio (Notícias da TV, 8 de novembro de 2018). Izabella tinha ouvido de médicos e chegou à conclusão de que a doença teria a ver com o fato de ter trabalhado de madrugada na maior parte dos seis anos que esteve na Globo, emissora da qual ela foi demitida injusta e absurdamente depois de retornar da licença médica. Levantou uma ação judicial contra a emissora e venceu, o que fez com que a Globo recontratasse a comunicadora por determinação da justiça. Em 2019, ela fechou o acordo e deixou definitivamente a empresa (Hugo Gloss / UOL).


Ao ler o livro de Izabella Camargo e ver suas postagens em suas redes sociais, eu, que tenho a música como assunto do meu maior interesse como se vê aqui no meu blog, me lembrei de cantores que têm aquela rotina tão agitada que têm uma ninharia de hora de sono diário, o que aconteceu com a Izabella na área do jornalismo. Na próxima postagem cito alguns exemplos do dia a dia dos astros da música (clique aqui). Só que sem descanso necessário, até a voz, seu instrumento de trabalho, se prejudica. Falando em cantores, Izabella reuniu entrevistas para este livro com famosos como Padre Fábio de Melo e Fernanda Takai que também tiveram seus dias agitados. Ao falar da Fernanda no capítulo 5 ("Música, instrumento do tempo") da parte 3 ("Percepções"), há uma menção ao "Sobre o Tempo" ( de Fernanda Takai e John Ulhoa, 1995), o primeiro grande hit da banda Pato Fu que faz uma percepção do tempo. Lá vou eu dizer que sinto falta de 1995. Risos. Eu tinha 13 anos e, assim como outras pessoas da minha geração, curtia os Mamonas Assassinas, Skank, Cidade Negra, É o Tchan na época em que ainda se chamava Gera Samba, eurodance, italodance e latin dance daqueles CD's da extinta gravadora Paradoxx Music (entre eles, "As 7 Melhores da Jovem Pan" volumes 1, 2, 3 e 4), Cidinho & Doca com seu "Rap da Felicidade" (de Cidinho & Doca, 1994) e Spice Girls que só surgiram no ano seguinte com "Wannabe" (de Spice Girls, Matt Rowe e Richard Stannard, 1996). E foi nesse mesmo 1995 que me apaixonei pelo rei Roberto Carlos. Inusitado pra essa minha idade, né? Mais risos. Lembro até da primeira vez que eu vi a banda Pato Fu em uma matéria do programa Vídeo Show da Rede Globo lançando "Sobre o Tempo". Parece que foi ontem. Esse tempo pra mim "zuniu como novo Sedan" (embora a letra da música grafa como "Sedã"), foi legal como o carro da Chevrolet mencionado na música do Pato Fu e bem proveitoso. Isso dá impressão de que durante a nossa infância e adolescência tudo era proveitoso e, depois de adulto, essas alegrias e ilusões se perdem fácil, porque temos os estudos, o trabalho, os boletos para pagar e, quanto menos se espera, aproveitamos nada, nem sabemos mais o que é ter sua própria festa de aniversário. "O tempo está passando mais rápido ou estamos passando mais rápido pelo tempo?" Essa foi a pergunta feita na contracapa do livro e, para respondê-la, Izabella conversou com mais de cem especialistas, formadores de opinião, professores e artistas e registrou as conversas nesta obra.


Dá um tempo e pega leve! 


O problema não é trabalhar e ter outros compromissos, e sim o excesso de trabalho e de compromissos. Tudo que é demais cansa. Nenhum de nós é um Superman ou uma Mulher Maravilha para dar conta de tudo. Você não precisa desmaiar pra saber que precisa dormir, não é? Da mesma forma que você não precisa esperar a bateria do seu smartphone acabar por completo pra recarregá-la. O celular sente quando está com pouca energia e o acúmulo desse estresse acaba encurtando sua vida útil, então a solução é nunca deixar o nível da bateria do celular inferior a 20%. Com o nosso corpo e a nossa mente é a mesma coisa. Essa parábola eu copiei da Lu, a famosa garota propaganda virtual da Magazine Luiza em um vídeo que ela fala quais são as situações que acabam com a bateria do celular. (https://youtu.be/9UgBJdVM8fU) Risos. E é isso que o livro nos aconselha. Não é por acaso que o termo "descansar" significa "repor as energias", pois sem descanso necessário, a vida profissional não funciona.

"Dá um tempo pra você não fazer nada. Por minutos, horas, até parece irônico, mas também nas férias e dias de folga. Sim, você pode. Entendo que as frases 'tempo é dinheiro' e 'cabeça vazia é oficina do diabo' nos confundem e nos enchem de culpa quando não estamos produzindo ou fazendo nada. A religião e a indústria contribuíram muito para essa ideia nos últimos séculos. A maior parte dos sinônimos de ócio é negativa ou depreciativa: vagabundagem, negligência, vadiagem, preguiça, para citar alguns", disse a autora na página 258 do livro no capítulo 4 da parte 5 intitulada "Escolhas". 

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"Se as frases 'estou sem tempo', 'estou cansado/a', 'vivo correndo' e 'minha agenda está uma loucura' são recorrentes, pense se você não está glamourizando o estresse e se esquecendo de si. Tente se proteger do vírus da pressa"

Izabella Camargo.




"Você já sentiu que mesmo fazendo tantas coisas por dia está sempre se sentindo em débito com alguém – ou consigo mesmo?
'Dá um tempo!' é um convite à busca por limite em um mundo sem limites.
O tempo está passando muito rápido! Diante dessa afirmação que ouvia diariamente de muitas pessoas, a jornalista Izabella Camargo passou a refletir e investigar o que provoca a sociedade moderna.
Após identificar as transformações em diversas áreas que nos levaram a viver em um mundo mais rápido, Izabella – que precisou tirar o pé do acelerador e pisar no freio ao viver a experiência com a síndrome de burnout – escreveu 'Dá um tempo!'.
O livro reúne percepções de mais de cem entrevistados, desde personalidades como Fernanda Montenegro, Pe. Fábio de Melo e Nelson Motta a professores, formadores de opinião e especialistas no assunto. Este livro busca dar subsídios para que qualquer pessoa possa ditar o ritmo da própria agenda, ir ao encontro de uma vida saudável e ter o tempo sempre a seu favor"

Descição do livro - à venda na Amazon

https://www.amazon.com.br/D%C3%A1-tempo-encontrar-limite-limites/dp/6555670142



Para terminar, uma postagem bem humorada que, por outro lado, sua mensagem é um fato. É o que a Izabella Camargo chama ao citar um exemplo da cantora Anitta de "atualização de identidade", ou seja, quando uma pessoa tem clareza das suas características atuais e respeita os seus limites:

https://www.instagram.com/reel/CncMbS0D5Jg/?igshid=MzRlODBiNWFlZA==

sexta-feira, 7 de julho de 2023

"Influencer de Mentira" ("Not Okay", 2022)

 Esta postagem contem alguns spoilers

 

"Fique famosa ou minta tentando". Se a personagem de Zoey Deutch nesse filme fosse música, seria "I Started a Joke" dos Bee Gees.


"Influencer de Mentira acerta na crítica às obsessões midiáticas" 
Giulianna Muneratto - site Tangerina / UOL, 1 de agosto de 2022.



"Você já quis tanto ser notada que nem ligava mais pelo que aconteceria? Deixa eu lhe dizer uma coisa: tenha cuidado com o que você quer." 
Danni Sanders (Zoey Deutch), na introdução do filme



"AVISO DE CONTEÚDO: Este filme contem luzes fortes piscando, temas de trauma e uma protagonista insuportável. Aconselhamos critério ao telespectador". É com esse aviso que "Influencer de Mentira" ("Not Okay", 2022 / em Portugal: "Não Está Tudo Bem") começa antes da vinheta da sua distribuidora, Searchlight Pictures, ao som da famosa fanfarra da 20th Century Fox (de Alfred Newman, 1933), da qual Searchlight é subsidiária. Estrelado por Zoey Deutch, Dylan O'Brien e Nadia Alexander, "Influencer de Mentira" é um ótimo filme do gênero comédia dramática com humor ácido que satiriza influenciadores digitais que anseiam por fama e que também serve de reflexão a quem lhe assiste. Eu admito que amo muito o filme, tanto que merece uma pipoca ou Dorito's como companhia. "Influencer de Mentira" está disponível no Star+.

Danni Sanders (Zoey Deutch / dublada por Hannah Buttel) é uma jovem aspirante à escritora, sem amigos, sem rumo, sem vida amorosa, trabalha como uma editora de fotos para uma revista e é menosprezada pelos colegas. Ela é apaixonada por Colin (Dylan O’Brien / dublado por Felipe Drummond), um influencer pra lá de maltrapilho e maconheiro que tem um péssimo gosto pra se vestir, gosta de relacionamentos momentâneos com garotas ("pegar gatinhas" no jargão popular) e também trabalha na revista. Colin é do tipo que não vale nem o café filtrado da Starbucks, mas tem milhões de seguidores no Instagram no qual posta fotos fumando um baseado e viajando pelo mundo, inclusive no Brasil (até tem uma foto dele diante da Escadaria Selarón, no Rio de Janeiro), o que faz parecer que esse "amor" da Danni por ele é por interesse. Uma buzinada forte nos internautas pra pararem de idolatrar os chamados "influenciadores digitais". Até o próprio Dylan O'Brien que é bonitinho na vida real falou em uma entrevista que queria tirar o sarro dessas pseudocelebridades internéticas ao incorporar o personagem marrento (Tangerina / UOL, 21 de julho de 2022).


O maloqueiro Colin (Dylan O'Brien) no Rio de Janeiro. 

Desesperada por amigos, fama e atenção do Colin, Danni finge uma viagem à Paris para um certo "retiro de escritores" e usa Photoshop para editar suas fotos com imagens de pontos turísticos da Cidade Luz ao fundo para postá-las no Instagram. Com isso ela consegue tudo o que quer, mas um incidente aterrorizante na capital da França acontece e isso se torna parte de sua "viagem", o que faz com que todos se preocupassem com ela, inclusive o influencer maconheiro, e é aí que ela se apresenta como uma sobrevivente de um ataque mortal. 

Olá seguidores, eu estou em Paris. Só que não.


Na volta ao trabalho, Danni que antes era ignorada pelos colegas tem uma chance de escrever um artigo comovente sobre o acontecimento, mas lhe falta criatividade. Para isso, teve que, pode-se dizer, buscar inspiração em um grupo de apoio com verdadeiros sobreviventes de ataques, entre eles, a adolescente Rowan (Mia Isaac / dublada por Laura Hávilla), de quem ela conquista amizade. Rowan sobreviveu um tiroteio em uma escola que matou sua irmã, o que fez com que ela se tornasse uma famosa ativista contra a violência armada para o desgosto dos militares e apoiadores da extrema direita. Danni Sander consegue escrever um artigo, cria a hashtag "Não Estou Bem" ("Not Okay", como no título original do filme) e faz um sucesso retumbante com os feitos, mas tudo isso não passa de um plágio dos conselhos da amiga famosa que fica em choque com o texto familiar publicado na internet, mas isso não abala a amizade entre as duas (ainda), já que Rowan não faz ideia de que Danni queria tirar o proveito dela. Desde que "chegou da viagem" e ganhou prestígio do país inteiro, Danni tem visões de um homem misterioso encapuzado, apontado como o causador do bombardeio em Paris, e de luzes piscando como alertas de que ela estaria fazendo asneiras a cada mentira e atitude oportunista. Como se não bastasse aquela foto bizarra do perfil no Instagram em que ela faz pose com a cabeça inclinada, língua de fora e dois dedos em V como sinal de "paz e amor", Danni posta em sua página uma outra foto pior ainda com a língua dobrada para a parte superior do lábio vestindo a camiseta branca escrita "woke" que, literalmente traduzindo, quer dizer, "acordada". No sentido atual, woke significa, segundo o dicionário Oxford, "estar consciente sobre temas sociais e políticos, especialmente o racismo", como também pode ser usada como um insulto "por pessoas que pensam que outros se incomodam muito facilmente com estes assuntos, ou falam demais sobre eles, sem promover nenhuma mudança" (site Terra, 18 de maio de 2023). Faz sentido.

Rowan (Mia Isaac) e Danni Sanders (Zoey Deutch)

No meio dessa bizarrice toda temos uma salvadora do filme além da Rowan: Harper (Nadia Alexander / dublada por Taís Feijó), que é lésbica, antipaticíssima com Danni e defensora do feminismo que trabalha com os artigos da lendária Juíza da Suprema Corte dos Estados Unidos, Ruth Bader Ginsburg (1933-2020). Eu tenho que admitir que Harper é minha personagem preferida desse filme. Assim que Danni conquista fama e sucesso e ganha a própria sala de trabalho oferecida pela Susan (Negin Farsad / dublada por Andréa Murucci), a editora-chefe da revista, Harper sente inveja dela e, desconfiada da falta de emoção pós-tragédia da "inimiga", começa a persegui-la. É aí que ela descobre as farsas de Danni Sanders e a chantageia para publicar um artigo na internet falando a verdade. Se sentindo pressionada, Danni a obedece e por fim descobre que a obsessão pela notoriedade online tem um preço terrível. Após a revelação, perdeu a amizade da Rowan que entendeu que Danni estava com ela por interesse, o emprego na revista e, pra piorar, foi apedrejada sem dó nem piedade na internet e virou meme e alvo da cultura do cancelamento do mundo inteiro. Até a sua foto tosca do perfil, aquela da língua de fora e sinal de paz e amor, estampou a capa de uma revista famosa no estilo Veja ou IstoÉ com a manchete "Americana Completamente Mentirosa". No fim, Danni Sanders é a personificação daquela música dos Bee Gees, "I Started a Joke" (de Barry Gibb, Robin Gibb e Maurice Gibb) que foi lançada em 1968, mas na era das redes sociais, a letra da música faz mais sentido ainda graças a essa ideia de recorrer à mentira impactante pra ganhar atenção, seguidores, acessos e likes. Parafraseando a letra, Danni começou com uma piada _ de péssimo gosto por sinal_ no momento em que o mundo estava triste e não percebeu que era ela a piada. Assim que ela se viu obrigada a se desmascarar, a história se inverte: o mundo inteiro zomba da Danni, que chora e, envergonhada, exclui suas contas das redes sociais.

Harper (Nadia Alexander): a foto é minha cena preferida.


Curiosidades

*Zoey Deutch também trabalha nesse filme como produtora executiva.

*Quinn Shephard que é roteirista e diretora do filme também participa nele como atriz fazendo o papel de uma das participantes do grupo de apoio dos humilhados na internet para o qual Danni entra em seguida. Sua personagem que também se chama Quinn acusa a confissão de Danni de autopiedade, mas é censurada pela chefe do grupo. Repare que ela só aparece na cena assim que ela fala.


Vamos falar de música?

A ótima trilha sonora original de "Influencer de Mentira" foi produzida pelo canadense Pilou, nome artístico de Pierre-Philippe Côté. Aquelas músicas com coro no filme quase inteiro foram interpretadas pelos grupos vocais Les Voix Mystiques de Saint-Adrien e o quarteto Qw4rtz.

A cena em que Danni Sanders posta fotos da viagem forjada no Instagram é acompanhada pelo punk rock "Ça Plane Pour Moi" (em português, "Por Mim Tudo Bem", De Francis Jean Deprijck e Yves Maurice Lacomblez, 1977), regravada pelo produtor Pilou com a participação da cantora e compositora Anna Jean, vocalista da banda indie pop francesa Juniore, conhecida pela sua influência na década de 1960. "Ça Plane Pour Moi" foi gravada originalmente por Plastic Bertrand, nome artístico do cantor belga Roger Marie François Jouret.
Por falar em JUNIORE, a banda e mais uma vez a sua vocalista Anna Jean marcam presença com a releitura do sucesso da cantora country americana Skeeter Davis (1931-2004), "The End of the World" (de Arthur Kent e Sylvia Dee, 1962) com aquela qualidade sonora com leve eco, digna de produção musical dos anos 1960 e eu adoro de paixão a sonoridade vintage. Sem falar que o sample usado para a releitura foi da gravação original de 1962 da Skeeter Davis, porém com alguns tons reduzidos. Eu escrevi o nome da banda em letras maiúsculas, porque, contrariando outras páginas, não foram Billie Eilish e muito menos Lana Del Rey que a regravaram. A música embala o momento em que toda a mentira de Danni Sanders cai por terra e ela começa a ser malhada por todos, dentro e fora da internet. Ao ouvi-la na primeira vez que vi esse filme me lembrei da versão em português do grupo Roupa Nova intitulada "O Sonho Acabou" (adaptação de Ronaldo Bastos, 1997) solada pelo Paulinho (1952-2020) e incluída na trilha sonora do remake da novela "Anjo Mau" (Rede Globo, 1997-1998). Outra música da banda Juniore incluída no filme é "Ah, Bah D'acoord" ("ah, tudo bem!", de Anna Jean, 2019) na cena quem que Danni tenta convidar sua mãe Judith (Embeth Davidtz / dublada por Izabel Lira) pelo telefone pra sair.
"Bonnie and Clyde" (de Serge Gainsbourg, 1968) cantada pelos franceses Serge Gainsbourg (1928-1991) e Brigitte Bardot foi executada durante o lindo sonho de Danni Sanders em Paris, mas que virou pesadelo ao se deparar com o tal encapuzado responsável pelo ataque no local. A versão original de "Bonnie and Clyde" é colidida com a versão remixada em 2017 por Akse assim que Danni, acordada, volta "desfilando" ao trabalho depois da falsa viagem, chamando a atenção dos colegas que até então a desvalorizavam.
No auge da amizade entre Danni e Rowan, esta revela que sua falecida irmã a acalmava com "músicas velhas" quando estava ansiosa, entre elas, "Complicated" (de Avril Lavigne, Lauren Christy, Scott Spock e Graham Edwards, 2002), primeiro grande sucesso da Avril Lavigne, fazendo com que Danni se surpreendesse com o tratamento de "velha" que Rowan deu à cantora canadense. Na época da produção do filme (em 2022), fez 20 anos que foi lançado o seu primeiro álbum, "Let Go" (Arista Records / Sony Music). Como o tempo passa rápido, não é? No caminho para o comício em que as duas fariam um discurso antiviolência, Danni pede para conectar seu celular ao rádio do carro para tocar "Complicated" para tranquilizar Rowan que ainda tinha medo do palco, e as duas no fim cantam a música empolgadas dentro do automóvel.
"Declaration" (de Cailin Russo, Michael Percy, George Astasio e Dylan Cooper, 2019) da cantora Cailin Russo foi uma ótima escolha para se executar durante os créditos finais, já que a letra condiz perfeitamente com a protagonista. "Esta é a declaração de uma merda / Um produto de como eu fui criada / e eu não espero uma lágrima sequer / ah, eu me sinto envergonhada", diz o refrão. É uma ótima música para se ouvir no fone de ouvido, pois ela destaca cada instrumento musical e os timbres são impactantes.

Vídeo: trailer do filme "Influencer de Mentira" ("Not Okay", Searchlight Pictures, 2022)

 


Fonte: Dublanet (nome de dubladores)

domingo, 2 de julho de 2023

Karinah e Elba Ramalho em São João de Campina Grande

 


No dia 24 de junho, dia de São João Batista, Elba Ramalho que foi a atração principal do dia na 40ª edição da maior festa junina do Brasil, São João de Campina Grande na Paraíba, convidou a cantora Karinah para dar uma palhinha com ela e revelou que a cantora paranaense começou a namorar o "Alemão", o empresário catarinense Diether Werninghaus, justamente em um de seus show. E as duas cantaram "Espumas ao Vento" (1997), música da autoria do cantor e compositor Accioly Neto (Goiana, 11 de julho de 1950 - Recife, 29 de outubro de 2000) eternizada na voz de Fagner e "Não Deixe o Samba Morrer" (de Edson Conceição e Aloísio Silva, 1975). No dia seguinte, Karinah postou o vídeo de sua participação no show da Elba em seu canal no YouTube e na descrição a cantora demonstrou sua emoção de ter vivenciado o momento:

"Elba Ramalho me convida para cantar no Maior São João do Mundo!!! Um sonho que eu nem sabia que tinha! Ontem pude vivenciar do palco os 40 anos do maior Arraial do mundo, a maior festa de São João do país com a Rainha @elbaramalho! Sem palavras para todo carinho, amor e emoção que vivenciei ontem! São João é o nosso Brasil! Muito obrigada novamente, Elba, minha Madrinha! Por ter me apresentado essa festa tão linda, Te amo!! Foi um momento ímpar, especialmente cantando a música em que conheci o meu Alemão! Vou guardar pra sempre esse momento!!"


"Festa na Roça" - Mário Zan

 

Capa do disco 10 polegadas "Zanzando" (RCA Victor/ hoje Sony Music, 1957) de Mário Zan, a primeira inclusão da música "Festa Na Roça" em um LP.


Sabe aquela música instrumental de quadrilha solada por um acordeom alegre e executada em toda a festa junina? Muita gente a ouve todo o mês de junho sem ao menos saber do que se trata. Sim, ela tem nome e é de um dos renomados compositores e instrumentistas da música brasileira: "Festa na Roça", do Mário Zan (1920-2006). Ela é da autoria do próprio acordeonista ítalo-brasileiro em parceria com Diogo Mulero, o ''Palmeira'' (1918 – 1967). 

Mário Zan, nascido como Mário Giovanni Zandomeneghi, nasceu em Roncade, na Itália, mas foi radicado no Brasil na década de 1920. Foi o autor dos hinos comemorativos dos 400 anos e 450 anos da cidade de São Paulo e de clássicos sertanejos como "Chalana" (com Arlindo Pinto, 1943), além de ser o compositor das mais populares canções de festas juninas paulistas. É pai do produtor musical Osmar Zan, que foi um dos produtores da antiga RCA Victor _hoje Sony Music_, e da Mariângela Zan, cantora e apresentadora do programa Aparecida Sertaneja, da TV Aparecida.

Segundo o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição, o ECAD, "Festa na Roça" está no topo das mais tocadas em festas juninas à frente de "Olha Por Céu" (de Luiz Gonzaga e José Fernandes de Carvalho, 1951) e "Asa Branca" (de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, 1947), ambos gravadas por Luiz Gonzaga (1912-1989) (Agência Brasil / EBC, 2021) no ranking das três mais executadas em eventos juninos. A música teve sua primeira gravação no dia 15 de fevereiro de 1951 e foi lançada em maio de 1951 em 78 rpm pela RCA Victor.



ítalo-brasileiro Mário Zan ,


  

Festa de Lançamento do "Clube do Samba" (Fantástico, 1979)

"Meninos da Mangueira" - Ataulpho Jr. e Diogo Nogueira no programa "Samba da Gamboa" na TV Brasil