"O que é de verdade ninguém mais hoje liga: isso é coisa da antiga" - Ney Lopes e Wilson Moreira

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quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Os 50 anos do filme "Roberto Carlos em Ritmo de Aventura"



Bodas de ouro, meio século. Este ano faz 50 anos que foi gravado o "Roberto Carlos em Ritmo de Aventura" (Produções Cinematográficas RF Farias Ltda., 1967), o primeiro da trilogia de filmes protagonizados por Roberto Carlos no auge do sucesso. Como eu venho dizendo, foi com este filme que me tornei fã do Rei e que eu vi pela Rede CNT na noite do dia 4 de outubro de 1995 (SIM, hoje é 4 de outubro, rs rs!), quando eu tinha 13 aninhos (é, eu sei que o cantor tem aversão ao número...), contrariando o status quo de que adolescente só deveria curtir o que é do seu tempo e só consegui comprar com a mesada o CD relançado da trilha sonora em 1998, aos 16 anos. Ao saber do relançamento dos filmes do Roberto Carlos em DVD em 2001, comprei o aparelhinho só pelos 3 filmes. Loucura, mesmo. 😁


Capa do DVD


"A primeira superprodução estrelada por Roberto Carlos seguiu o mesmo estilo de 'Help!' (United Artists, 1965) grande sucesso dos Beatles. Nele, os truques cinematográficos da época não foram poucos e nem as namoradinhas, que ao todo eram sete. Neste filme de ação, Roberto Carlos entrou mesmo em ritmo de aventura, em que teve que brigar com muita gente_os bandidões"
Livro "Roberto Carlos Por Ele Mesmo", de Lázaro Martins (Martin Claret, 1994)



Sinopse

Roberto Carlos faz um filme, quando se vê perseguido por bandidos internacionais que queriam levá-lo para os Estados Unidos. Os bandidos o seguem em loucas correrias pela cidade, na estrada do Corcovado, em situações de perigo. (Adoro Cinema)
Além de Roberto Carlos, o filme foi estrelado por José Lewgoy (1920-2003) no papel do bandido francês Pierre, Reginaldo Farias, irmão de Roberto Farias, no papel do diretor cinematográfico, e a sumida Rose Passini, que fez a vilã Brigitte.

Sobre o filme



"O filme foi feito em cores em 1967, meia-sete.", disse Roberto Farias, o diretor da trilogia dos filmes do Rei no extra do DVD do primeiro dos três longas, "Roberto Carlos em Ritmo de Aventura", corrigindo o erro dos que confundem o ano de produção, 1967, com a data do lançamento, que foi no começo do ano seguinte, 1968. Na época, Roberto Carlos, o astro do movimento Jovem Guarda, já era o artista mais prestigiado pela juventude e ninguém, nem mesmo o próprio cantor, sabia como seria a reação dos fãs com o filme. Foi pensando nisso que, segundo o diretor, o roteiro, feito por ele e Paulo Mendes Campos (1922-1991) foi elaborado para que não houvesse fatos que desagradassem ou frustrassem o público, ou seja, evitando que o mocinho, no caso o Roberto, amasse alguém, beijasse alguém e fosse sofrido fisicamente, diferentemente do rei do rock americano Elvis Presley (1935-1977) quando este estreou em vários filmes.
"Roberto Carlos em Ritmo de Aventura" foi gravado em São Paulo, Copacabana (Rio de Janeiro) e Nova Iorque (Estados Unidos).
Em tempos em que não existiam os recursos tecnológicos para os efeitos especiais em filmes no Brasil, "Roberto Carlos em Ritmo de Aventura" foi um trabalho perigosamente ousado. O Rei não gostava de ser substituído por dublês, então as cenas mais arriscadas foram feitas por ele mesmo, como correr sobre a muralha do Cristo Redentor onde havia o precipício. A respeito da cena do helicóptero no túnel naquela famosa cena do passeio aéreo que mostra o Rio de Janeiro de antigamente ao som de "Namoradinha de Um Amigo Meu" (de Roberto Carlos, 1966) e "Canzone Per Te" (de Sergio Endrigo e Sergio Bardotti, 1967), a canção que Roberto defendeu e venceu no Festival San Remo na Itália em 1968, a Detran do Rio de Janeiro isolou a rua para que realizassem a cena do  veículo pilotado pelo Comandante Antônio Carlos Nascimento passando pelo túnel que foi gravada duas vezes (clique aqui para ver a cena). 
A escolha das garotas e da vilã Brigite (vivida por Rose Passini, modelo e manequim de 22 anos) aconteceu através de um concurso na imprensa. A grande final ocorreu no auditório da TV Gazeta em São Paulo. Além de Passini, foram selecionadas como as namoradas do astro da Jovem Guarda a loura Mariza Levi, 18 anos, que também trabalhava na passarela e a morena Márcia Gonçalves, 16 anos, estudante carioca que quase beijou o cantor na famosa cena do terraço do Edifício Copan ao som de Quando" (de Roberto Carlos, 1967). Outras garotas que aparecem no topo do prédio perto do ídolo em ordem de apaição no videoclipe são as paulistas Ana Regina, 16 anos, a única que usava óculos, a nissei Guiomar Yukawa de 20 anos, Grace Lourdes, 18 anos, e a carioca Elisabeth Pereira, 20 anos. Era para estar ali também a futura atriz Sônia Braga, então com 17 anos, que participou do concurso, mas foi reprovada no teste, algo de que o Roberto Farias se arrependeria para sempre, afinal, ninguém tinha bola de cristal para prever que a jovem paranaense de Maringá faria um sucesso retumbante, tanto no Brasil quanto no exterior.

Foto: Página oficial Roberto Carlos (Facebook)

Os cinco escolhidos para representarem bandidos que formavam a gangue internacional que perseguia o Roberto Carlos quase nenhum deles era ator profissional. Jacques Jover era o bandido francês. O artista plástico Jannik Pagh, de bigode e cavanhaque, era o bandido russo. O cantor e ator Embaixador era um bandido africano que usava túnica. O bandido italiano era o publicitário Sergio Malta, o responsável pelas ilustrações da abertura  e encerramento do filme. E por fim, o caçula da gangue que era o carioca Frederico Mendes, 19 anos, que por ter cabelos e barba meio avermelhados, fez o bandido polonês que em uma das cenas, conduz Roberto Carlos com a arma na mão para dentro de uma enorme caixa que seria transportada de avião para uma sede da organização criminosa em Nova York. Curiosidade: Frederico Mendes, que se tornaria um fotógrafo renomado inclusive de capas de discos de artistas nacionais e internacionais, assinou a foto do cantor em Central Park em Nova York para a capa do LP de 1981 que trazia a clássica "Emoções" (de Roberto Carlos e Erasmo Carlos).
As apresentações empolgantes de Roberto Carlos com a sua banda RC-5 diante dos pôsteres das cenas do filme foram gravadas no Teatro Record em São Paulo diante das fãs convidadas para o show. Só para o telespectador se sentir lá. 😍


Roberto Carlos correndo sobre a muralha do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro. Qualquer passo errado era um acidente fatal!


Um passeio com o Rei no helicóptero sobre Copacabana, Rio de Janeiro

Passando com helicóptero por baixo do túnel. Por pouco a hélice não encostou na parede.

Roberto Carlos no Cabo Kennedy, nos Estados Unidos, na cena do lançamento do foguete espacial.


O show do "brasa" Roberto Carlos!

OBSERVAÇÃO:
Só uma observação feita por um visitante nos comentários sobre as cenas arriscadas, inclusive lhe peço desculpas por eu não ter lido há tempo: o internauta questionou o porquê de esconder o dublê nas cenas do Cristo Redentor, etc., o que tudo indica que foi usado sim um dublê, ao contrário do que várias mídias falaram. Na minha opinião eu não duvido que houve. Ao visitante, obrigada pela observação

INFORMAÇÃO INCLUÍDA NO DIA 10 DE AGOSTO DE 2022:
E houve mesmo. Acabei de ler no ótimo livro "Roberto Carlos Outra Vez" de Paulo Cesar de Araújo (Editora Record, 2021): dentre vários candidatos a dublê, foi escolhido o paulista Red Wagner que já atuava na noite como sósia de Roberto Carlos no auge da Jovem Guarda. Nas cenas de briga era o próprio Roberto Carlos, mas quando precisava correr dos bandidos era a vez do Wagner, embora muitos alegam que o astro se arriscou nesse filme além do que se imaginara. O diretor Roberto Farias havia justificado que "Roberto Carlos tinha vontade de mostrar que podia fazer mais do que pensavam que ele fizesse. Geralmente um artista aceita o dublê por comorbidade. No caso do Roberto, era por uma deficiência física. E talvez por isso mesmo ele quisesse fazer todas as cenas possíveis". Quem corre na mureta é o Red Wagner e o que se joga na cara dos bandidos em seguida é o próprio Roberto Carlos.
Outra prova firme foi uma reportagem feita na época na Revista Intervalo em que Red Wagner foi entrevistado dizendo que também estava tentando ser cantor, mas que ninguém lhe dava oportunidade. (a foto abaixo da reportagem eu peguei de uma postagem na página Discografia Mundial de Roberto Carlos no Facebook, uma das melhores páginas sobre o cantor feita por fãs/ @discografiamundialderobertocarlos)
 - Facebook).


Fui procurar por informações sobre Red Wagner e só encontrei vendas pelo Mercado Livre do seu primeiro e talvez o único compacto simples gravado em 1980 sob a produção do grupo The Fevers. Procurei também pelo vídeo-áudio do compacto no YouTube e, para a minha alegria _e a de outros curiosos_ achei (clique aqui). 

 

Trilha sonora




A trilha sonora de "Roberto Carlos em Ritmo de Aventura" teve o mesmo sucesso que o filme com canções de destaque como "Eu Sou Terrível" (de Roberto Carlos e Erasmo Carlos), a clássica "Como É Grande O Meu Amor Por Você",  "Quando" e "Por Isso Corro Demais", as últimas três escritas por Roberto.
O LP foi lançado em novembro de 1967 e gravado entre 16 e 18 de agosto, com exceção da faixa "Eu Sou Terrível", gravada em outubro, quando finalmente a briga de um ano entre Roberto e Erasmo Carlos, os autores da canção, esfriou. A última faixa, "Só Vou Gostar de Quem Gosta de Mim" (de Rossini Pinto), foi gravada nas sessões do disco do ano anterior e lançada em compacto simples em março de 67.
O disco teve a participação de inúmeros músicos de estúdio, incluindo naipe de metais, quarteto de cordas, flauta, gaita, além da base ter sido feita por alguns membros de Renato e seus Blue Caps e alguns músicos do RC-5 e da banda de Lafayette. O tecladista Lafayette teve contribuição decisiva e brilhante em quase todas as faixas, substituindo eventualmente o órgão hammond por piano e cravo.
O LP foi eleito em uma lista da versão brasileira da revista Rolling Stone como o 24º melhor disco brasileiro de todos os tempos.


Contracapa do LP

"Roberto Carlos em Ritmo de Aventura"
Roberto Carlos
(P) 1967 Discos CBS, Columbia Broadcasting System / Companhia Brasileira de Som (hoje Sony Music Entertainment Brasil)
Ouça o álbum pelo Spotify (para a versão gratuita, recomendado pelo computador ou notebook): https://open.spotify.com/album/3KeKUu9wPs4UblQt710AVl
Ou pelo YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=cyDbJ5o8yLg

1- Eu Sou Terrível
Escrita por Erasmo Carlos e Roberto Carlos

2- Como É Grande O Meu Amor Por Você
Escrita por Roberto Carlos

3- Por Isso Corro Demais
Escrita por Roberto Carlos

4- Você Deixou Alguém A Esperar
Escrita por Edson Ribeiro

5- De Que Vale Tudo Isso
Escrita por Roberto Carlos

6- Folhas De Outuno
Escrita por Francisco Lara  e Jovenil Santos

7- Quando
Escrita por Roberto Carlos

8- É Tempo De Amar
Escrita por José Ari e Pedro Camargo

9- Você Não Serve Pra Mim
Escrita por Renato Barros

10- É Por Isso Que Estou Aqui
Escrita por Roberto Carlos

11- O Sósia
Escrita por Getúlio Côrtes

12- Só Vou Gostar De Quem Gosta De Mim
Escrita por Rossini Pinto

Fontes:
*Livro "Roberto Carlos Por Ele Mesmo", de Lázaro Martins (Martin Claret, 1994)

*(sobre o dublê e a seleção de elenco) Livro "Roberto Carlos Outra Vez" de Paulo Cesar de Araújo (Editora Record, 2021)

3 comentários:

  1. Porque esconder quem dublou roberto carlos nas senas do helicoptero no tunel,e tambem correndo escadaria no cristo redentor subindo e descendo,pra que esconder quem dublou roberto carlos.isso fica ridiculo.

    .


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  2. Rose Passini desapareceu depois do filme .

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