"O que é de verdade ninguém mais hoje liga: isso é coisa da antiga" - Ney Lopes e Wilson Moreira

Elsa (Frozen) ♥

sexta-feira, 31 de julho de 2020

"I Will Always Love You" - Dolly Parton



Capa do álbum "Jolene" (Sony Music, 1974) de Dolly Parton

Não, essa música não é da Whitney Houston (1963-2012). Toda vez que se ouve falar em "I Will Always Love You" (de Dolly Parton, 1974), a primeira coisa que vem à cabeça é o refrão cantado linda e perfeitamente a todo pulmão pela cantora de R&B. A música foi escrita e gravada originalmente pela cantora country Dolly Parton em 1974 para o seu décimo terceiro álbum solo, "Jolene" (RCA Victor/ Sony Music, 1974), porém ficou mundialmente famosa quase 20 anos depois na voz de Whitney Houston para a trilha sonora do filme "O Guarda-Costas" ("The Bodyguard", Warner Bros., 1992) estrelado pela cantora e pelo ator Kevin Costner, que também o produziu. Inclusive foi o próprio Costner que sugeriu para que Whitney regravasse a canção e teve a ideia de que a introdução da música fosse acapella.


Capa do álbum da trilha sonora do filme "O Guarda-Costas" (BMG Ariola/hoje Sony Music, 1992)


Parece jura de amor, mas não é.

"I Will Always Love You" (que quer dizer "eu sempre amarei você") na versão de Whitney é uma das mais tocadas no Brasil em cerimônias de casamento ou naqueles carros de som de surpresa romântica com mensagens, pelo fato de o público se deixar levar pelo belo aspecto soul ballad e pelo título da música que é mencionado como o único verso do refrão repetidamente, acreditando ser uma canção de jura de amor eterno. Um ledo engano. Na verdade, ela se trata de um pedido amigável  de demissão ou de separação. Acredite se quiser! Entenda a história.
Em 1967, Dolly Parton foi descoberta pelo cantor e compositor country Porter Wagoner (1927-2007) que, além de oferecer a ela o papel permanente de sua parceira no programa musical televisivo "The Porter Wagoner Show", ele seria seu produtor e mentor. Juntos, Porter Wagoner e Dolly Parton lideraram as paradas musicais, mas Parton sempre sonhou em seguir a carreira solo de sucesso. Porter Wagoner não queria que ela se separasse dele, o que inspirou Parton a compor sua mais famosa canção de rompimento profissional em 1973. Não por acaso que a personagem de Whitney Houston no filme que também era uma cantora e atriz famosa dedicou "I Will Always Love You" para o seu guarda-costas (Kevin Costner) contratado para escudá-la 24 hora por dia de um assassino obcecado, chegando ao ponto de a superstar não aguentar mais a superproteção do agente, embora eles tenham um envolvimento amoroso no meio disso tudo. Na visão mais romântica, a música fala de um casal que não tem a possibilidade de permanecer junto. Portanto, como diria o site da Lifetime sobre a música, para não correr o risco de atrair energias erradas ao seu casamento, melhor trocar "I Will Always Love You" pelo hit brasileiro "Eu Sei Que Vou Te Amar" (de Tom Jobim e Vinícius de Morais, 1959) para a sua cerimônia de enlace.

"I Will Always Love You"
escrita e interpretada por Dolly Parton
(P) 1974 RCA Victor, Radio Corporation of America (hoje Sony Music Entertainment Group) 


 

If I should stay, 
Se eu tivesse que ficar
I would only be in your way
Eu só iria atrapalhar você
So I'll go, 
Então eu vou embora
but I know
Mas eu sei
I'll think of you each step of the way
Eu pensarei em você a cada passo do meu caminho

And I 
E eu
will always love you
Sempre amarei você
I will always love you
Eu sempre amarei você

Bittersweet memories
Lembranças agridoces
That is all I am taking with me
São tudo que eu levo comigo
Goodbye
Adeus
Please, don't cry
Por favor, não chore
We both know that I'm not what you need
Nós dois sabemos bem que eu não sou de quem você precisa

And I 
E eu
will always love you
Sempre amarei você
I will always love you
Eu sempre amarei você

I hope life 
Eu espero que a vida
treats you kind
Trate-o bem
And I hope you 
E eu espero que você
You have all that you've ever dreamed of
Tenha tudo que você já sonhou
And I wish you joy and happiness
E eu lhe desejo alegrias e felicidades
But above all this, I wish you love
Mas acima de tudo, eu lhe desejo amor

And I 
E eu
will always love you
Sempre amarei você
I will always love you
Eu sempre amarei você
I will always love you
Eu sempre amarei você.


"I Will Always Love You"
interpretada por Whitney Houston
(P) 1992 Arista Records/ BMG Entertainment, Bertelsmann Music Group (hoje Sony Music Entertainment Group) 



sábado, 25 de julho de 2020

"Quando Isso Tudo Passar" - Leo Russo



Quais são os seus planos quando a pandemia do coronavírus passar? Desde o dia 29 de maio está disponível as plataformas digitais o novo single de Leo Russo, "Quando Isso Tudo Passar" (de Leo Rosso e Leo Peres), um samba de esperança feito durante a quarentena. O cantor gravou a música e o videoclipe com celular em sua própria casa e, de brinde, depoimentos de futebolistas Zico, Túlio Maravilha, Marcão e Roberto Dinamite e do ator Stepan Nercessian e Alceu Maia no cavaquinho. Sem falar que o próprio videoclipe vem sendo circulado pelo Brasil inteiro através de aplicativo de mensagens. Confira!


QUANDO ISSO TUDO PASSAR
escrita por Leo Russo e Leo Peres
interpretada por Leo Russo

Quando isso tudo passar
Vai ter maratona de roda de samba
Quando isso tudo passar
Eu quero abraçar o meu povo e cantar
Quando isso tudo passar
Minha gente não perca a fé, a esperança
Quando isso tudo passar
A gente se encontra na mesa de um bar

Eu quero beber com meus amigos em Vila Isabel 
Uma roda por dia
De Copacabana à Padre Miguel
Matar a saudade
Mangueira, Salgueiro, Império, Portela
Ficar agarradinho pela madrugada sambando com ela

Não vou perder tempo
Domingo de sol, um mergulho no mar
Vou ver o meu time, e ficar na esquina de papo pro ar
Vou da Barra ao Irajá, de Quintino ao Leblon
Onde houver um cavaquinho 
Todo mundo vai no tom



"My Way" ("Comme D'Habitude")




"My Way" (1968) é uma canção popularizada na voz de ninguém menos que Frank Sinatra (1915-1998), isso todo mundo já sabe. O que quase ninguém sabe é que "My Way", na verdade, é uma versão da música francesa "Comme D'habitude" (música de Jacques Revaux e letra de Claude François e Gilles Thibaut, 1967) gravada pelo cantor egípcio-francês Claude François (1939-1978). A adaptação em inglês foi do cantor canadense Paul Anka, um dos galãs da música adolescente da década de 1950. Até agora eu achava que o próprio Paul Anka foi o primeiro a gravar, mas ele gravou pouquíssimo tempo depois de Sinatra, em 1969.
A música é uma das mais tocadas em cerimônias de casamento no Brasil, inconscientemente do significado da letra. A minha mãe, sem conhecimento no inglês, diz que se arrepia a cada vez que ouve "My Way". Eu diria que no caso dela é compreensível, inclusive pelo arranjo pomposo da canção. É que, na versão original em francês ("Comme d'habitude", que quer dizer, "como de costume"), a música fala de um casal em crise em razão da rotina, enquanto a sua adaptação famosa em inglês fala de alguém na primeira pessoa que faz um balanço final de sua vida e se orgulha de seus feitos, quase sem nenhum arrependimento. Não por acaso que Sid Vicious (1957-1979), baixista da banda de punk rock Sex Pistols, gravou a sua versão rebelde, chegando a substituir alguns termos da letra por palavrões e versos pejorativos. 
Durante suas férias no sul da França no final de 1967, Paul Anka viu pela televisão no quarto de hotel Claude François cantando "Comme D'habitude" e voou pra Paris para negociar os direitos da canção e escreveu sua versão em inglês já pensando como Frank Sinatra diria, e este a gravou no penúltimo dia de 1968. O lançamento em 1969 foi um sucesso. "Reza a lenda que foi a primeira gravação [da adaptação em inglês]", disse Jacques Revaux, um dos co-autores de "Comme D'habitude" em uma entrevista recente, que agradece ao Anka pela nova letra. O autor francês não conheceu pessoalmente "The Voice", como Sinatra era carinhosamente apelidado. Apenas esteve muito próximo do famoso cantor durante uma cerimônia na Prefeitura de Paris. "Não tenho como provar isso, nem mesmo uma foto com Sinatra", diverte-se.
As versões são inúmeras. De Elvis Presley (1935-1977) a Julio Iglesias em dueto com Paul Anka intitulada "A Mi Manera" (1998). Revaux admitiu que a sua preferida é a da cantora Nina Simone (1933-2003). "É a 'recriação' mais bonita", disse. E quanto à de Sid Vicious, "não é a mesma música [risos], mas se adaptou à personalidade dele", afirma. (Estado de Minas). Paul Anka, entrevistado em 2007, disse que estava "um pouco desestabilizado pela versão dos Sex Pistols. Foi meio curioso, mas eu vi que ele [Sid Vicious] foi sincero a respeito disso". Ou seja, Vicious fez do seu jeito. Risos. No filme biográfico "Sid & Nancy - O Amor Mata" ("Sid & Nancy", Initial Pictures/U.K. Productions Entity /Zenith Entertainment, 1986), "My Way" foi cantada pelo ator Gary Oldman no papel de Sid Vicious.


"Comme d'Habitude"
música de Jacques Revaux 
letra de Claude François e Gilles Thibaut
interpretada por Claude François
(P) 1967 Universal Music Group


Je me lève et je te bouscule
Eu me levanto e te procuro
Tu ne te réveilles pas comme d'habitude
Mas você não acordará, como de costume
Sur toi je remonte le drap
Sobre você eu estendo o lençol
J'ai peur que tu aies froid comme d'habitude
Eu tenho medo que você passe frio, como de costume
Ma main caresse tes cheveux
Minha mão acaricia teus cabelos
Presque malgré moi comme d'habitude
Quase a pesar, como de costume
Mais toi tu me tournes le dos
Mas você vira às costas pra mim
Comme d'habitude
Como de costume
 
Alors je m'habille très vite
Então eu me visto bem rápido
Je sors de la chambre comme d'habitude
Eu saio do quarto, como de costume
Tout seul je bois mon café
Sozinho, eu bebo meu café
Je suis en retard comme d'habitude
Eu estou atrasado, como de costume
Sans bruit je quitte la maison
Sem fazer barulho eu saio de casa
Tout est gris dehors comme d'habitude
O céu está cinza lá fora, como de costume
J'ai froid, je relève mon col
Eu tenho frio e levanto minha gola
Comme d'habitude
Como de costume
 
Comme d'habitude, toute la journée
Como de costume, o dia inteiro
Je vais jouer à faire semblant
Eu vou brincar de faz-de-conta
Comme d'habitude je vais sourire
Como de costume eu vou sorrir
Comme d'habitude je vais même rire
Como de costume eu vou até rir
Comme d'habitude, enfin je vais vivre
Como de costume, enfim, eu viverei
Comme d'habitude
Como de costume
 
Et puis le jour s'en ira
E depois o dia acabará
Moi je reviendrai comme d'habitude
E eu voltarei, como de costume
Toi, tu seras sortie
Você, você terá saído
Pas encore rentrée comme d'habitude
E ainda não terá voltado, como de costume
Tout seul j'irai me coucher
Sozinho eu irei me deitar
Dans ce grand lit froid comme d'habitude
Nesta grande cama fria, como de costume
Mes larmes, je les cacherai
Minhas lágrimas as esconderei
Comme d'habitude
Como de costume

Comme d'habitude, même la nuit
Como de costume, bem tarde da noite
Je vais jouer à faire semblant
Eu vou brincar de faz-de-conta
Comme d'habitude tu rentreras
Como de costume você voltará
Comme d'habitude je t'attendrai
Como de costume eu te esperarei
Comme d'habitude je te sourirai
Como de costume eu sorrirei pra você
Comme d'habitude
Como de costume
 
Comme d'habitude tu te déshabilleras
Como de costume você se despirá
Comme d'habitude tu te coucheras
Como de costume você se deitará
Comme d'habitude on s'embrassera
Como de costume nos beijaremos
Comme d'habitude
Como de costume
 
Comme d'habitude on fera semblant
Como de costume faremos de conta
Comme d'habitude on fera l'amour
Como de costume faremos amor
Comme d'habitude on fera semblant
Como de costume faremos de conta
Comme d'habitude
Como de costume




"My Way"
versionada por Paul Anka
Interpretada por Frank Sinatra
(P) 1969 Reprise Records/ Warner Music Group

And now the end is near
E agora o fim está próximo
And so I face the final curtain
Então eu encaro o desafio final
My friend, I'll say it clear
Meu amigo, eu vou deixar bem claro
I'll state my case of which I'm certain
Eu vou expor meu caso do qual eu tenho certeza
I've lived a life that's full
Eu vivi uma vida completa
I've travelled each and every highway
Eu viajei por toda e qualquer estrada
And more, much more than this
E mais, muito mais do que isso
I did it my way
Eu fiz do meu jeito

Regrets, I've had a few
Arrependimentos, eu tive poucos
But then again, too few to mention
Mas, então, digo mais uma vez, tão poucos para citar
I did what I had to do
Eu fiz o que eu tinha que fazer
And saw it through without exemption
E eu vi tudo, sem exceção
I planned each chartered course
Eu planejei cada curso traçado
Each careful step along the by-way
Cada passo cuidadoso ao longo do atalho
And more, much more than this
E mais, muito mais do que isso
I did it my way
Eu fiz do meu jeito

Yes, there were times, I'm sure you knew
Sim, houve vezes, estou certo de que você sabia
When I bit off more than I could chew
em que eu mordi mais do que podia mastigar
But through it all when there was doubt
Mas, apesar de tudo, quando havia dúvida,
I ate it up and spit it out
Eu devorei e cuspi
I faced it all and I stood tall
Enfrentei tudo isso e continuei de pé
And did it my way
Eu fiz do meu jeito

I've loved, I've laughed, and cried
Eu já amei, ri e chorei
I've had my fill, my share of losing
Tive minhas conquistas, minha parte nas perdas
And now, as tears subside
E agora, enquanto essas lágrimas secarem
I find it all so amusing
Eu acho isso tudo tão divertido
To think I did all that
E pensar que eu fiz tudo aquilo
And may I say, not in a shy way
E devo dizer, não de maneira tímida
Oh no, oh no, not me
Ah, não, ah, não, eu não!
I did it my way
Eu fiz do meu jeito

For what is a man, what has he got?
Para que serve um homem? o que ele possui?
If not himself then he has naught
Se não for ele mesmo, então ele não tem nada
To say the things he truly feels
Pra dizer tudo que ele sente de verdade
And not the words of one who kneels
E não com palavras de alguém que se ajoelha
The record shows I took the blows
As lembranças provam que eu levei golpes
And did it my way
E eu fiz do meu jeito

Yes, it was my way
Sim, foi do meu jeito




"My Way"
interpretado por  Sid Vicious (Sex Pistols)


quinta-feira, 23 de julho de 2020

"Coringa" ("Joker", Warner Bros., 2019)



É a vida.
e por mais engraçada que ela pareça
Algumas pessoas se divertem pisoteando sonhos
Mas eu não deixo, não deixo que isso me abata
Porque esse velho e belo mundo continua a girar
Eu já fui uma marionete, um indigente, um pirata, um poeta, um peão e um rei
Eu já estive por cima, por baixo, por dentro e por fora, e uma coisa eu sei
Toda vez que me encontro derrotado no chão
Eu sacudo a poeira e volto à corrida

Trecho da canção "That's Life" (de  Dean Kay e Kelly Gordon, 1963), gravada originalmente pela cantora Marion Montgomery (1934-2002), porém famosa na voz de Frank Sinatra (1915-1998) em 1966, versão esta que foi executada no filme.


Baseado no personagem de mesmo nome da DC Comics, o filme "Coringa" ("Joker, Warner Bros., 2019) é estrelado por Joaquin Phoenix cuja atuação como protagonista lhe custou o Oscar de Melhor Ator. "Coringa" é ambientado em 1981 e representa Arthur Fleck (Joaquin Phoenix), um comediante de stand-up fracassado que é levado à loucura e se envolve em uma vida de crimes e caos em Gotham City. 
No romance gráfico "Batman - A Piada Mortal" ("Batman - The Killing Joke, DC Comics, 1988), a psicologia e a fonte do Coringa são revelados. Nessa obra, o humorista fracassado se atrapalha durante um assalto à fábrica e cai em um poço de produtos químicos, adquirindo assim a sua pele branca, cabelos verdes e mente mais insana, enquanto no filme de 2019, inspirado livremente no HQ e mais realista, ou seja, ao contrário de outros filmes sobre Batman, sem efeitos especiais, ser excluído da sociedade foi mais que suficiente para que o vilão enlouquecesse. Sem falar na dublagem brasileira que foi incrível. Hélio Ribeiro dublou muito bem o Arthur Fleck/Coringa, imagine então naquela brilhante cena em que o protagonista vai ao programa televisivo de Murray Franklin (Robert De Niro). Aquilo pra mim foi uma das melhores cenas.
Além de melhor ator, "Coringa" venceu o Oscar de melhor trilha sonora de melhor banda/trilha sonora feita pela musicista, violoncelista e compositora islandesa Hildur Guðnadóttir que fará 38 anos no dia 4 de setembro.

"Você não me ouve, não é?Você faz as mesmas perguntas toda a semana. 'Como vai o seu trabalho?' 'Está tendo pensamentos negativos?' Tudo o que eu tenho são pensamentos negativos."

Sinopse (sem spoilers)

Em 1981, Arthur Fleck (Joaquin Phoenix / dublado por Hélio Ribeiro) é um homem que sofre de um problema neurológico que faz com que ele ria em momentos inapropriados e, por isso, visita regularmente um serviço de assistência social para adquirir remédios. Ele trabalha como um palhaço prestando serviços para terceiros, enquanto mora com sua mãe, Penny (Frances Conroy / dublada por Marize Motta), em Gotham City. Penny havia trabalhado por 30 anos para Thomas Wayne (Brett Cullen / dublado por Márcio Dondi), bilionário, candidato a prefeito de Gotham City e pai do pequeno Bruce (Dante Pereira-Olson / dublado por Enzo Dannemann), o futuro Batman, e alega através de uma carta que enviaria ao Thomas que Arthur é seu filho com ela. Arthur se relaciona com poucas pessoas até conhecer Sophie (Zazie Beetz / dublada por Flavia Fontenelle), uma mãe solteira que vive no mesmo prédio que ele, a quem ele convida para conhecer seu outro trabalho como comediante de stand-up. Com o fracasso da apresentação e apontado como o humorista sem graça, os vídeos de seu show foram exibidos no programa de entrevistas de seu apresentador de TV preferido, Murray Franklin (Robert De Niro / dublado por Júlio Chaves) que achincalha o seu admirador por piadas sem sentido e de jocosidade forçada.
Depois de Arthur ter sido atacado em um beco por jovens delinquentes, um colega de trabalho de Arthur, Randall (Glenn Fleshler / dublado por Hércules Franco), lhe empresta uma arma para sua proteção. Porém, durante uma apresentação em um hospital para entreter crianças com câncer, a arma cai do seu bolso. Arthur é demitido por isso e Randall mente aos outros colegas dizendo que Arthur comprou a arma sozinho. Voltando para casa de metrô, ele é agredido por três executivos da Wayne Enterprises, a empresa de Thomas Wayne, após estes pensarem que ele estava debochando da tentativa de assédio deles a uma mulher e atira nos três rapazes em autodefesa. O triplo homicídio gera uma série de protestos contra os ricos de Gotham em que os manifestantes, excluídos da sociedade como o Arthur, se fantasiam de palhaços tal como o assassino não identificado, como também faz com que Arthur Fleck se transforme em um dos vilões bizarros, hediondos e recalcados do Batman.

Curiosidade: A logo da Warner Brothers no início do filme é a logo da Warner Communications (foto abaixo) usada durante a década de 1970 até o início dos anos 1980, já que "Coringa" se passa em 1981.




Vídeo: Trailer original do filme "Coringa" (legendado)

 


"That's Life"
escrita por Dean Kay e Kelly Gordon
Interpretada por Frank Sinatra
(P) 1966 Reprise Records/ Warner Music Group


That's life (that's life), that's what all the people say
É a vida (é a vida), é o que todos dizem
You're ridin' high in April, shot down in May
Você está no auge em abril e derubado em maio
But I know I'm gonna change that tune
Mas eu sei que mudarei essa história
When I'm back on top, back on top in June
Assim que eu voltar ao topo, voltar ao topo em junho

I said that's life (that's life), and as funny as it may seem
Eu disse "é a vida" (é a vida), por mais engraçada que ela pareça
Some people get their kicks stompin' on a dream
Algumas pessoas se divertem pisoteando sonhos
But I don't let it, let it get me down
Mas eu não deixo, eu não deixo isso me abater
'Cause this fine old world, it keeps spinnin' around
Porque esse velho e belo mundo continua a girar

I've been a puppet, a pauper, a pirate, a poet, a pawn and a king
Eu fui uma marionete, um indigente, um pirata, um poeta, um peão e um rei
I've been up and down and over and out and I know one thing
Eu já estive por cima, por baixo, por dentro, por fora e de uma coisa eu sei
Each time I find myself layin' flat on my face
Toda vez que eu me encontro derrubado ao chão
I pick myself up and get back in the race
Eu sacudo a poeira e volto para a corrida

That's life (that's life), I tell you I can't deny it
É a vida (é a vida), isso eu não posso negar 
I thought of quitting, baby, but my heart just ain't gonna buy it
Eu pensei em desistir, baby, mas meu coração simplesmente não aceita
And if I didn't think it was worth one single try
E se eu não pensasse que valesse só uma única tentativa
I'd jump right on a big bird and then I'd fly
Eu pularia direto sobre um pássaro e voaria nele

I've been a puppet, a pauper, a pirate, a poet, a pawn and a king
Eu fui uma marionete, um indigente, um pirata, um poeta, um peão e um rei
I've been up and down and over and out and I know one thing
Eu já estive por cima, por baixo, por dentro, por fora e de uma coisa eu sei
Each time I find myself layin' flat on my face
Toda vez que eu me encontro derrubado ao chão
I pick myself up and get back in the race
Eu sacudo a poeira e volto para a corrida

That's life (that's life), that's life and I can't deny it
É a vida (é a vida), assim é a vida e eu não posso negar
Many times I thought of cuttin' out but my heart won't buy it
Muitas vezes já pensei em pular fora, mas meu coração não vai aceitar
But if there's nothin' shakin' come this here July
Mas se não houver nada de bom acontecendo neste julho
I'm gonna roll myself up in a big ball and die
Eu vou me rolar em uma grande bola e morrer.

My, my!
Minha nossa!


domingo, 19 de julho de 2020

Relembrando a adolescência #11 - "Torre de Babel - Internacional" (Som Livre, 1998)



No mesmo ano em que  Geri Halliwell anunciou sua saída das Spice Girls, que a seleção brasileira perdeu para os donos da casa na final da Copa do Mundo na França, que o filme da moda era o Titanic (20th Century Fox e Paramount Pictures, 1997) e Leonardo DiCaprio, a estrela do filme, era o homem da moda, foi ao ar a partir do dia 25 de maio de 1998 até o dia 15 de janeiro do ano seguinte a novela "Torre de Babel" (Rede Globo) escrita por Silvio de Abreu. A trama ficaria marcada pela explosão do Shopping Tropical Tower que envolveu diversos personagens de vários núcleos da trama (daí a pergunta:"quem explodiu o shopping?"). O Tropical Tower, cuja estrutura foi inspirada no trabalho do pintor holandês Pieter Brueghel (1525 ou 1530-1569) que retratou a Torre de Babel descrita na Bíblia, foi uma das obras realizadas pela construtora do engenheiro César Toledo, vivido por Tarcísio Meira. A novela que, a princípio, sofreu rejeição do público por tanta violência, atores interpretando personagens com personalidades diferentes do de costume (como o Tony Ramos fazendo papel de assassino sanguinário) e temas polêmicos como drogas, assassinatos frios, violência doméstica e homossexualidade feminina, com o tempo caiu no gosto dos telespectadores graças às mudanças que Sílvio de Abreu se viu obrigado a fazer para recuperar a audiência. Sem falar que eu gostava muito do Gustinho (Oscar Magrini) trapaceando nos palcos à Lina Lamont do filme "Cantando na Chuva" ("Singin' In The Rain, Metro-Goldwin-Mayer, 1952) como cantor sertanejo Johnny Percebe e da paródia do Casseta e Planeta intitulada "Torre de Papel". A novela foi reprisada no Canal Viva, o canal de assinaturas da Rede Globo, entre 10 de outubro de 2016 e 3 de maio de 2017.
Outra coisa da novela que me chamou mais a atenção foi a sua trilha sonora internacional e é dela que eu vou falar aqui. Quem se destacou na capa do CD foi o ator Edson Celulari que na novela fez o papel de Henrique, o galanteador e filho de César e Marta (Glória Menezes). Eu não cheguei a ter esse CD na época, mas graças à internet eu tenho acesso a ele. E foi pensando nisso e no quanto eu achei ótima essa trilha sonora que faço essa postagem. 

As Músicas

Ao mesmo tempo que "My Heart Will Go On" (música de James Horner e letra de Will Jennings, 1997), tema romântico do filme "Titanic", tocava mais nas rádios do que Banda Raça Negra no churrasco de domingo, como diria o Nogy do Canal 90 no YouTube (risos), Céline Dion abre o CD com mais um sucesso de seu álbum "Let's Talk About Love" (Sony Music, 1997), "Immortality" da autoria dos Bee Gees que também participam da música como backing vocals. Como eu havia dito aqui em uma postagem sobre o álbum da cantora canadense (clique aqui), através do próprio encarte do CD, nos créditos da canção "Immortality" em letras miúdas, eu li que seus autores, os próprios Bee Gees, a tinham escrito especialmente para a montagem teatral londrina do filme "Os Embalos de Sábado à Noite" e, pesquisando no Google por "Saturday Night Fever Immortality", descobri que, na peça musical, "Immortality" é cantada pelo protagonista Tony Manero.
A romântica "All My Life" (de Joel Hailey e Rory Bennett, 1997) cantada pela dupla americana K-Ci & JoJo foi o tema para Edmundo (Victor Fasano) e Bina (Cláudia Jimenez). Eu sempre me lembro da trilha sonora dessa novela a cada vez que vejo uma certa cena com essa música do filme "Ingrid Vai Para o Oeste" ("Ingrid Goes West", Star Thrower Entertainment, 141 Entertainment e Mighty Engine, 2017), do qual eu falei na postagem anterior (clique aqui).
"You Were There", escrita e interpretada por Eric Clapton, fez parte do seu álbum "Pilgrim" (Warner Music, 1998), o primeiro álbum de inéditas da carreira do músico inglês desde "Journeyman" (Warner Music, 1989). A música foi o tema da vilã Ângela (Cláudia Raia).
Depois de emplacar com "Loving Every Minute" (de Paul Tucker, Tunde Baiyewu e Martin Brammer, 1995), o duo britânico Lighthouse Family se inclui na trilha sonora com "High" (de Paul Tucker e Tunder Baiyewu, 1997) que para mim é tão empolgante que dá vontade de me esbaldar como Ângela (Cláudia Raia) e Henrique (Edson Celulari) em uma casa noturna ao som dessa música em uma cena da novela.
A linda "Con Te Partiró" (música de Francesco Sartori e letra de Lucio Quarantotto, 1995) foi a primeira canção que Andrea Bocelli cantou no famoso Festival de San Remo _considerado a porta obrigatória para o sucesso dos cantores italianos_ em 1995 e foi gravada para o segundo álbum do tenor italiano, "Bocelli" (Universal Music, 1995). Contudo, a música e o próprio intérprete só conquistaram o sucesso mundial a partir de sua segunda versão em que Bocelli faz dueto com a soprano inglesa Sarah Brightman intitulada "Time To Say Goodbye" lançada em 1996, mas, apesar do título em inglês, essa versão foi cantada "inteiramente" na letra original em italiano e o nome da música no outro idioma só foi mencionado como substituto para o primeiro verso do refrão.
"Adia" é uma canção de Sarah McLachlan que originalmente apareceu no seu álbum de 1997 "Surfacing" (BMG Music/Sony Music), o mesmo da música "Angel" (de Sarah McLachlan e Pierre Marchand) do filme "Cidade dos Anjos" ("City Of Angels", Warner Bros., 1998). Da autoria da própria cantora canadense e de seu produtor Pierre Marchand, ainda não se está certa sobre a história de "Adia", se a pessoa que leva o nome da música era amiga, parente ou amante de Sarah. Outra especulação é que a letra da música seria um pedido de desculpas à amiga por ter roubado o seu namorado e se casado com ele em seguida. McLachlan foi indicada para o Grammy de Melhor Cantora Pop em 1999 por "Adia", mas perdeu para "My Heart Will Go On (Love Theme Form 'Titanic')" de Celine Dion.
"Lady" (1980) cantada pelo Lionel Richie, na novela, foi o tema do casal Celeste (Letícia Sabatella) e Henrique (Edson Celulari). Embora a canção seja da autoria do próprio Richie, "Lady" foi gravada pela primeira vez em 1980 por Kenny Rogers (1938-2020) e o sucesso dela impulsionou a carreira solo do ex-Commodores. E 18 anos depois, Lionel Richie a regravou para o seu álbum "Time" (Universal Music, 1998).
Dando sequência a regravações, a banda britânica Simply Red interpreta "The Air That I Breathe" (de Albert Hammond e Mike Hazlewood, 1972) que, originalmente foi gravada por Albert Hammond em 1972, mas foi impulsionada pela releitura da banda The Hollies em 1974. No Brasil, a canção ganhou uma versão em português intitulada "É Assim Que Te Amo" (versionada por Xororó, 1990) da dupla sertaneja (e fãs de The Hollies) Chitãozinho & Xororó.
O quarteto vocal britânico de R&B Another Level lança o seu single de estreia, "Be Alone No More" (de Steven Dubin, Andrea Martin e Ivan Matias, 1998), um sucesso mundial que segue o estilo dos Backstreet Boys, uma das febres musicais juvenis na época.
"Zoot Suit Riot" é uma música _e o único grande sucesso mundial_ da banda americana Cherry Poppin' Daddies que foi escrita pelo vocalista Steve Perry para o álbum de compilação homônimo lançado em 1997. A música foi composta no estilo jump blues da década de 1940. A narrativa da letra foi baseada no "Zoot Suit Riot"("movimento dos ternos zoot"), uma série de crimes racistas cometida por soldados americanos contra jovens mexicanos-americanos em Los Angeles em junho de 1943. "Zoot suit" é um tipo de traje com calças largas e de cintura alta e jaqueta longa, a vestimenta preferida da população latina residente nos Estados Unidos nos anos 1940. Na novela, "Zoot Suit Riot" é o tema do Gustinho/Johnny Percebe (Oscar Magrini).
O cantor porto-riquenho e ex-Menudo Ricky Martin, que no mesmo 1998 foi o intérprete do empolgante tema oficial da Copa do Mundo na França, marca presença na trilha sonora com "Por Arriba, Por Abajo" (de Luis Gómez Escolar, Roby Draco Rosa, César Lemos e Karla Aponte, 1998)  que segue a mesma linha estrutural do pop latino de "María" (de K.C. Porter, Ian Blake e Luis Gómez Escolar, 1995).
"Ho Fatto Un Sogno" é interpretada pelo cantor veterano italiano Antonello Venditti. A canção é a única inédita do álbum de antigos sucessos de Venditti relidos com arranjos sinfônicos chamado "Antonello Nel Paese delle Meraviglie" (em português, "Antonello no País das Maravilhas") lançado em 1997. Da autoria do próprio Venditti, Sérgio Bardotti (1939-2007) e Enio Morricone (1928-2020), este conhecido por ter feito trilhas sonoras de grandes filmes de faroeste que nos deixou recentemente, foi o tema romântico de Sandrinha (Adriana Esteves) e Alexandre (Marcos Palmeira) na novela.
"Corazón Partío" (de Alejandro Sanz, 1997) foi a música que impulsionou Alejandro Sanz ao sucesso mundial. Tanto que o cantor espanhol na época veio ao Brasil, fez uma pequena participação na novela já que "Corazón Partío" era o tema da personagem Shirley (Karina Barum) e se apresentou no Domingão do Faustão.
Sem falar que a trilha sonora também conta com as versões fake das músicas "I Want You To Want Me" (de Max Martin e Jacob Schutze, 1997) do quarteto feminino britânico Solid HarmoniE que seguia o mesmo estilo que os grupos-febres NSync e as suas conterrâneas Spice Girls, "The One I Gave My Heart To" (de Diane Warren, 1996) da cantora Aaliyah (1997-2001) e a deliciosa "Háblame Luna" (de Mauro Tondini, 1998) do projeto italo-dance Basic Connection. Uau, me deu saudades agora! Agora aumente o volume, faixa por faixa!


"Torre de Babel - Internacional"
Vários artistas
(P) 1998 Som Livre

Seleção de repertório: André Werneck
Masterização: Sérgio Seabra e César Barbosa
Projeto Gráfico: Paulo César Santos
CAPA
Ator: Edson Celulari
Foto: Bia Parreiras
Figurino: Helena Gastal
Cabelo e Maquiagem: Marlene Moura


01. IMMORTALITY (tema de César e Marta)
Escrita por Barry Gibb, Robin Gibb e Maurice Gibb
Interpretada por Celine Dion
participação especial de Bee Gees (coro) - cortesia da PolyGram International (hoje Universal Music Group)
(P) 1997 Epic Records/ Sony Music Entertainment Group
 


 02. ALL MY LIFE (tema de Edmundo e Bina)
escrita por Joel Hailey e Rory Bennett
Interpretada por K-Ci & Jo-Jo 
(P) 1997 MCA Music Entertainment Group / Universal Music Group



03. YOU WERE THERE (tema de Ângela)
Escrita e interpretada por Eric Clapton 
(P) 1998 Reprise Records / Warner Music Group


04. HIGH
Escrita por Paul Tucker e Tunder Baiyewu
Interpretada por Lighthouse Family
(P) 1997 Polydor Records / Universal Music Group


05. CON TE PARTIRÒ (tema de Alexandre e Lúcia)
Música de Francesco Sartori
Letra de Lucio Quarantotto
Interpretada por Andrea Bocelli 
(P) 1995 Polydor Records / Universal Music Group


06. ADIA  (tema da Leda)
escrita por Sarah McLachlan e Pierre Marchand
interpretada por Sarah McLachlan 
(P) 1997 Arista Records / Sony Music Entertainment Group


07. LADY (tema de Henrique e Celeste)
escrita e interpretada por Lionel Ritchie 
(P) 1998 Mercury Records / Universal Music Group 


08. THE AIR THAT I BREATHE (tema de Clementino)
escrita por  Albert Hammond e Mike Hazlewood
interpretada por Simply Red 
(P) 1998 East West Records / Warner Music Group


09. BE ALONE NO MORE 
escrita por Steven Dubin, Andrea Martin e Ivan Matias
interpretada por Another Level
(P) 1998 Northwestside Records / Sony Music Entertainment Group



10. ZOOT SUIT RIOT (tema de Gustinho)
escrita por Steve Perry
interpretada por Cherry Poppin’ Daddies 
(P) 1997 Mojo Records / Universal Music Group


11. POR ARRIBA, POR ABAJO (tema de Dino)
escrita por Luis Gómez Escolar, Roby Draco Rosa, César Lemos e Karla Aponte
interpretada por Ricky Martin 
(P) 1998 Columbia Records / Sony Music Entertainment Group


12. I WANT YOU TO WANT ME (tema de Leda) 
escrita por Max Martin e Jacob Schutze 
interpretada por D-Soul 
(vídeo abaixo da gravação original de Solid HarmoniE)



13. HO FATTO UN SOGNO (tema de Sandrinha)
Música de Antonello Venditti e Enio Morricone
letra de Sergio Bardotti e Antonello Venditti
interpretada por Antonello Venditti
(P) 1997 Heinz Music



14. THE ONE I GAVE MY HEART TO 
escrita por Diane Warren 
interpretada por Mya Hill
(vídeo abaixo da gravação original de Aaliyah)



15. CORAZÓN PARTÍO  (tema de Shirley)
escrita e interpretada por Alejandro Sanz
(P) 1997 WEA Latina / Warner Music Group



16. HÁBLAME LUNA
escrita por Mauro Tondini 
interpretada por All Jam
(vídeo abaixo da gravação original de Basic Connection)

quinta-feira, 2 de julho de 2020

"Ingrid Vai Para o Oeste" (filme de 2017)

O filme que leciona a todos nós como usuários de redes sociais


"Era pra você ser a Mulher-Gato, mas você é o Duas Caras!"
Dan Pinto (O'Shea Jackson Jr.), fã de Batman, para a protagonista Ingrid (Aubrey Plaza), em alusão aos inimigos do Homem-Morcego.


Há semanas eu me deparei com o tal filme chamado "Ingrid Vai Para o Oeste" ("Ingrid Goes West", Star Thrower Entertainment, 141 Entertainment e Mighty Engine, 2017). Ao ver os primeiros minutos do filme, assim de repente, eu pensei "que mocinha mais patética, que doida! Como assim?". Não houve jeito, me senti presa ao trabalho do diretor Matt Spicer, assisti-lhe até o fim e foi bem interessante. Gostei, mesmo, embora eu não entendi por que o filme é classificado como comédia, parece mais um drama ultra-insano sobre dependência digital, compulsão por vida de aparências, inveja (também, por que não?) e obsessão por "famosos". Por outro lado, é uma lição para todos nós que temos o hábito de nos esforçar para manter uma vida "feliz" nas redes sociais (só) para ganhar aprovações (visualizações, comentários, "curtidas" e seguidores), nos frustramos por não termos as mesmas condições privilegiadas de quem seguimos e idealizamos as web-celebridades, sem ao menos saber por que as admiramos. Enfim, olhar para nós mesmos e repensar a nossa vida e a nossa identidade. "Ingrid Vai Para O Oeste" é daqueles que, na minha opinião, dá para ver na companhia de pipoca ou um pacote de Dorito's, da mesma forma que a protagonista acompanha a vida da influencer pelo smartphone comendo batatas fritas (já repararam no jeito que ela come batatas com cara de dor-de-cotovelo em uma das cenas? Risos).
O filme conta a história de Ingrid Thorburn (Aubrey Plaza / dublada por Luisa Palomanes), uma moça mentalmente instável com problemas de apego, obcecada pelas mídias sociais. Um dia, ela descobre no Instagram que uma amiga virtual não-correspondida sua não a convidou para seu casamento, e decide ir à festa para disparar spray de pimenta em seu rosto como vingança. O episódio resulta em uma breve estadia num hospital psiquiátrico.
Após sua alta, Ingrid descobre uma influenciadora digital de Los Angeles chamada Taylor Sloane (Elizabeth Olsen / dublada por Mariana Torres)
 numa revista. Ludibriada por sua vida aparentemente perfeita, Ingrid comenta uma de suas fotos e recebe uma breve resposta de Taylor. "Aparentemente", porque Taylor é do tipo que cheira cocaína antes de ir à casa noturna para dar mais "realce" ao seu estado de espírito "baladeiro", é casada com Ezra (Wyatt Russell / dublado por Clécio Souto) um artista plástico fracassado e alcoólatra que se vê obrigado a aturar os interesses da esposa e tem um irmão bonitão que viaja pra França e é um drogado que supostamente está em processo de recuperação (ou não).


"Me mata, não!. Essa internet virou arma na sua mão"
Trecho da música "Tijolão" (de Larissa Ferreira, Diego Silveira e Rafael Borges, 2019) gravada  por Jorge & Mateus



Após receber 60 mil dólares de herança de sua mãe, Ingrid decide se mudar para Los Angeles e tenta criar uma amizade com Taylor. Ao chegar, ela aluga uma casa em Venice Beach de Dan Pinto (O'Shea Jackson Jr. / dublado por Renan Freitas), um aspirante a roteirista e fã de Batman.
Na cidade californiana, Ingrid passa a frequentar os mesmos locais de Taylor, ler os mesmos livros, comprar os mesmos acessórios e adotar o mesmo penteado que a Taylor. 
Numa livraria, ela se encontra com sua ídolo e a segue até sua casa, onde ela sequestra seu cãozinho Rothko para depois devolvê-lo fingindo que o encontrou na rua. A partir daí começa a amizade de ambas. Porém, com o tempo, esse comportamento de Ingrid de fã se torna aos poucos perigoso, desequilibrado e preocupante. De seguidora ela passa a ser perseguidora. Ou stalker, termo traduzido literalmente para o inglês que atualmente serve como jargão internético para quem obsessivamente encalça alguém nas redes sociais. Tanto que, ao pegar o celular de Ingrid e descobrir através de arquivos no aparelho o que ela estaria fazendo, Nick Sloane (Billy Magnussen / dublado por Philippe Maia), o irmão sarcástico de Taylor, chegou a compará-la à vilã do filme "Mulher Solteira Procura" ("Single White Female", Columbia Pictures, 1992).
Sem falar que houve uma hora que eu fiquei enjoada de ver tamanha insanidade tanto da protagonista pseudo nova rica, quanto da digital influencer com sua falsa felicidade. Contudo, no fundo, Ingrid e Taylor são do tipo que devem ser vistas com compaixão por se infiltrarem no universo do "ter para ser" e "fingir para atrair". Com certeza o conteúdo ultra-insano do filme tem como propósito nos orientar para que não sejamos uma Taylor ou uma Ingrid. Hashtag: fica a dica (#ficaadica). Vale a pena ver.




Ingrid vai para o oeste e "faz cara de rica".

Taylor (Elizabeth Olsen) e Ingrid (Aubrey Plaza): diga "xis!". Ou melhor, "feed!"


CURIOSIDADES

*A filmagem principal começou em 11 de julho de 2016 em Los Angeles e encerrada em 12 de agosto de 2016 em Joshua Tree, Califórnia. 

*Ganhou o Prêmio Waldo Salt de melhor roteiro no Festival Sundance de Cinema e Prêmio Independent Spirit (premiação de filmes independentes) de melhor primeiro filme.

*Em Portugal, o filme ganhou o título de "#Vidas (Im)Perfeitas"

*Um ponto focal do filme é uma música que tocava muito durante a minha adolescência: "All My Life" (de JoJo Hailey e Rory Bennett, 1997), de K-Ci & JoJo, que no Brasil ficou conhecida por se integrar na ótima trilha sonora internacional da novela "Torre de Babel" (1998) da Rede Globo. Inicialmente, essa música era para ser "Kiss from a Rose" (1994) de Seal (outra da minha adolescência), o que teria vinculado a obsessão do personagem Dan pelo Batman, como é da trilha sonora de "Batman Eternamente" ("Batman Forever", Warner Bros. Pictures, 1995), mas o preço pedido pela música era maior do que a produção poderia proporcionar. A irmã de Matt Spicer (diretor e co-roteirista) recomendou "All My Life" como um substituto para a cena em que Ingrid e Taylor voltam embriagadas de carro para casa depois de uma noitada juntas.


Festa de Lançamento do "Clube do Samba" (Fantástico, 1979)

"Meninos da Mangueira" - Ataulpho Jr. e Diogo Nogueira no programa "Samba da Gamboa" na TV Brasil