"O que é de verdade ninguém mais hoje liga: isso é coisa da antiga" - Ney Lopes e Wilson Moreira

Elsa (Frozen) ♥

domingo, 21 de abril de 2024

"Barbie" (filme de 2023)




"Barbie" (Warner Bros. Pictures) com seu mundo cor de rosa foi uma das maiores estreias do ano de 2023 e o mais aguardado junto ao vencedor do Oscar "Oppenheimer" (Universal Pictures). Eu admito que é um dos filmes que tenho prazer de ver umas mil vezes e entendi o seu conceito de criticar (e com razão) a futilidade e o mundo da fantasia que a personagem tanto defende e promove depois que eu assisti a dois vídeos de humor no YouTube intitulados "Barbie sendo insuportável por quase 11 minutos seguidos" (clique aqui. E bota insuportável nisso!) e "Ken sendo dramático por 5 minutos" (clique aqui) que sequenciam as cenas da série de animação baseada na boneca criada por Ruth Handler (1916-2002) que demonstram o comportamento de cada personagem. Porém, apesar de se tratar de uma figura destinada ao público infantil e ao contrário da produção de animação da Arc Production em parceria com a Mattel Studios (a empresa da Barbie) de entre os anos 2012 e 2015, a live-action dirigida pela Greta Gerwig e estrelada por Margot Robbie que também produz o longa não é um filme feito para crianças (a classificação indicativa é 12 anos). Sem falar que as minhas personagens preferidas desse filme são a Barbie Estranha (Kate McKinnon), Sasha (Ariana Greenblatt) e a sua mãe latina Gloria, vivida por America Ferrera, atriz nascida nos Estados Unidos, filha de pais hondurenhos e eterna versão americana de "Betty, A Feia" ("Ugly Betty", American Broadcasting Company, 2006-2010) exibida no Brasil pelo SBT em 2008. Amei o uso da música "Spice Up Your Life" (de Spice Girls, Matt Rowe e Richard Stannard, 1997) das Spice Girls, minha girl group preferida, para apresentação da Barbie Estranha. Muito além do cenário encantador da Barbielândia e de várias curiosidades e easter eggs (ovos de Páscoa), o que mais me chama a atenção no filme é a abordagem sobre a crise existencial, a pressão insalubre de manter as aparências e a intolerância às diferenças. 
Nomeado um dos dez melhores filmes de 2023 pela National Board of Review e pelo American Film Institute, "Barbie" ganhou várias honrarias, incluindo oito indicações ao Oscar , entre elas "Melhor Filme" (sinceramente eu não concordo com essa indicação), "Melhor Ator Coadjuvante" para Ryan Gosling (Ken) e "Melhor Atriz Coadjuvante" para America Ferrera e venceu como Melhor Canção Original pela linda "What Was I Made For?" gravada por Billie Eilish. "Barbie" também ganhou dois prêmios Globo de Ouro, o de Realização Cinematográfica e de Bilheteria e Melhor Canção Original por "What Was I Made For?".

Para a Barbie (Margot Robbie), vida de plástico é fantástica.


Sinopse 

A Barbie Estereotipada / Stereotypical Barbie (Margot Robbie / dublada por Flávia Saddy) e uma grande variedade de colegas Barbies residem na Barbielândia/Barbieland, uma sociedade matriarcal onde todas as mulheres são autoconfiantes, autossuficientes e bem-sucedidas. Enquanto suas contrapartes Ken passam seus dias em atividades recreativas na praia, as Barbies ocupam todos os cargos importantes, como médicas, advogadas e políticas. O Ken Praiano / Beach Ken (Ryan Gosling / dublado por Manolo Rey), namorado de Barbie, só fica feliz quando está com Barbie e busca um relacionamento mais próximo, mas Barbie o rejeita em favor da independência e das amizades femininas.

Durante uma festa de dança, Barbie de repente se preocupa com a mortalidade e isso faz com que, no dia seguinte, ela descobre que não consegue mais completar sua rotina habitual, que seus pés ficaram chatos e suas pernas têm celulite. Barbie Estranha/Weird Barbie (Kate McKinnon/dublada por Angélica Borges), uma pária sábia, mas desfigurada por uma menina (mais a seguir vocês saberão quem), diz à Barbie Estereotipada que para curar sua "doença" ela deve viajar para o Mundo Real e encontrar a criança brincando com ela. Em seu caminho para o Mundo Real, Barbie encontra Ken escondido em seu conversível e relutantemente permite que ele se junte a ela.


"Você pode voltar pra sua vida normal e esquecer tudo o que aconteceu ou saber a verdade sobre o universo" - Barbie Estranha (Kate McKinnon), a melhor Barbie do filme.


Chegando a Venice Beach em Los Angeles, Califórnia, a dupla causa várias travessuras e é presa, alarmando o CEO da Mattel (Will Ferrell / dublado por Ricardo Juarez) que ordena sua captura. Barbie rastreia sua dona, uma adolescente chamada Sasha (Ariana Greenblatt / dublada por Mariana Dondi), que a critica por encorajar padrões de beleza irrealistas e incentivar ao consumismo desenfreado e a chama de bimbo* (em tradução livre, burra e, na dublagem brasileira, piriguete) e fascista. Perturbada, Barbie descobre que Gloria (America Ferrera / dublada por Carina Eiras), funcionária da Mattel e mãe de Sasha, é a catalisadora de sua crise existencial (vale também ressaltar que foi ela a tal garotinha que desgastou uma das bonecas Barbie na sua infância, convertendo-a em uma Barbie Estranha). Gloria começou a brincar com os brinquedos de Sasha enquanto experimentava sua própria crise de identidade, transferindo inadvertidamente suas preocupações para a Barbie. Gloria e Sasha resgatam Barbie do CEO da Mattel e seus subordinados, e as três viajam juntas para a Barbielândia.

*Bimbo, segundo o Wikipédia, é uma gíria para uma mulher convencionalmente atraente, sexualizada, ingênua e sem inteligência. Em 1997, a banda dinamarquesa Aqua usou a palavra bimbo em seu grande sucesso "Barbie Girl" ("Eu sou uma garota bimbo loira".) para classificar a boneca homônima como uma sexy estúpida que vive no mundo da fantasia. "Barbie Girl" foi observada pela Mattel no conflito legal contra Aqua e sua gravadora pela representação da popular boneca Barbie.

Sasha (Ariana Greenblatt) e Gloria (America Ferrera)


Enquanto isso, Ken aprende sobre o sistema patriarcal no Mundo Real e se sente importante e aceito pela primeira vez. Voltando à Barbielândia, ele convence os outros Kens a assumirem o controle e as Barbies são subjugadas a papéis submissos, como empregadas domésticas, donas de casa e namoradas agradáveis. Barbie chega e tenta convencer Ken e as Barbies a voltarem a ser como eram, mas é rejeitada. Além disso, Ken se apodera da Casa dos Sonhos da Barbie / Barbie Dreamhouse e a batiza com nome de Mojo Dojo Casa House do Ken. A combinação inusitada das palavras levam Gloria e Sasha a questionarem ao Ken o motivo da repetição dos termos, já que eles significam a mesma coisa. Porém ele consegue convencê-las de que Mojo Dojo Casa House do Ken é o nome incrível de falar.

Olha a bandeira do nosso Brasil aí, gente! Essa é da cena de uma das traquinagens de Barbie (Margot Robbie) e Ken (Ryan Gosling) no Mundo Real, ou melhor, em Venice Beach, California. 


Uma das cenas mais emocionantes do filme

A Barbie, fora da sua bolha chata e cheia de superficialidades onde "todo dia é o melhor dos dias" e já no Mundo Real, sentada no ponto de ônibus, enquanto rastreia a menina que brincou com ela e a transformou em uma Barbie com crise de identidade, descobre o verdadeiro sentido da vida, chora pela primeira vez, se depara com uma idosa ao seu lado (Ann Roth, vencedora duas vezes do Oscar de Melhor figurino / dublada por Carmen Sheila) e lhe diz: "você é tão linda". E a idosa lhe responde: "eu sei disso!". Ambas riem uma para outra.

É, Barbie. Parafraseando a música do Skank: "ô pacata cidadã, te chamei a atenção, não foi à toa, não. C'est fini la utopia!"


CURIOSIDADES:

*A cena inicial do filme é uma referência clara ao clássico "2001 - Uma Odisseia no Espaço" ("2001: A Space Odyssey", Metro-Goldwin-Mayer Pictures, 1968). Das imagens filmadas estrelando Margot Robbie como a primeira Barbie criada em 1959 até a trilha sonora com a famosa música "Also Sprach Zarathustra, Op. 30" ("Thus Spake Zarathustra", 1896) de Richard Strauss (1864-1949), tudo ficou semelhante. 
*Greta Gerwig se inspirou em mais de 30 longas para a produção. O pensamento repentino da Barbie durante a festa sobre a morte por exemplo veio do filme "All That Jazz - O Show Deve Continuar" ("All That Jazz", 20th Century Fox e Columbia Pictures, 1979) que alega que o óbito seria a única realidade pra quem só vive de fantasias. (clique aqui para ver a postagem sobre o filme)
*As personagens Sasha e suas colegas de escola foram inspiradas nas bonecas Bratz, as rivais da Barbie.




*As Barbies e os Kens guardados na casa da Barbie Estranha existiram no mercado na vida real, mas foram retirados de linha em pouco tempo por motivos morais ou materiais. Um dos modelos controversos é o cão Trainer, o animal de estimação da Barbie que se alimenta para depois defecar para sua dona colher as fezes. Eca!
*Sobre a frase "é como se eu estivesse em um sonho em que realmente investi na versão de Zack Snyder da 'Liga da Justiça' (2021)" dita pela Barbie Escritora / Writer Barbie (Alexandra Shipp / dublada por Flávia Fontenelle) assim que ela se desperta da lavagem cerebral feita pelos Kens e descreve esse momento como acordar de um sonho em que estava obcecada com a tal versão: relata a treta que tanto a produção quanto o lançamento do filme de super-heróis (pela própria Warner!) foram acompanhados de polêmicas envolvendo o elenco, o diretor e o estúdio – além do comportamento tóxico dos fãs na internet!
* O close nas mãos de Ruth Handler (Rhea Perlman / dublada por Isabela Quadros), personagem baseada na criadora da Barbie, e da própria boneca na cena final é uma intertextualidade no detalhe nas mãos de Deus e de Adão na famosa pintura "A Criação de Adão" ("Creazione di Adamo", 1508-1512) de Michelangelo (1475-1564). A própria Margot Robbie disse que a cena é o seu easter egg preferido.



*Ainda falando na cena, a conversão da boneca de plástico Barbie em mulher de carne e osso Barbara Handler (o mesmo nome da filha da Ruth que influenciou na criação da personagem) foi inspirada no clássico literário "As Aventuras de Pinóquio" ("Le Avventure di Pinocchio / Storia di un Burattino", 1883) que ganhou uma famosa versão cimenatográfica de animação da Disney em 1940 em que o protagonista, graças à fada azul, deixa de ser um boneco de madeira pra virar um menino de verdade. Repare que a Ruth Handler está vestida de azul! E a ideia do vestido amarelo-creme sem curvas na Barbie para deixá-la mais modesta é genial.
*O final do filme com uma montagem de cena de várias mulheres comuns em momentos felizes é uma sequência de vídeos reais de integrantes da equipe do filme e suas famílias.
*Ryan Piers Williams que faz o marido da Gloria é o marido da própria America Ferrera na vida real.
*A dubladora brasileira Flávia Saddy que dublou a Barbie em várias animações também dubla a Margot Robbie em live-action da personagem.

Flávia Saddy, dubladora da Barbie no Brasil.


VAMOS FALAR DE MÚSICA?

"Barbie: The Album" foi a trilha sonora do filme lançada pela Atlantic Records, selo da Warner Music, em formatos digitais e físicos (LP e CD). O álbum foi produzido por Mark Ronson, Kevin Weaver e Brandon Davis. No Brasil, "Barbie: The Album" está disponível apenas na mídia digital.


Capa usada para a versão digital e a edição limitada de LP em cor azul, aquele que aparece no filme na cena da noite da dança.


Capa usada para os formatos CD e LP.


O filme começa com a bonitinha "Pink" (de Andrew Wyatt, Eric Frederic, Mark Ronson e Melissa "Lizzo" Jefferson) da cantora Lizzo. O arranjo dela inspirado em "All Night Long (All Night)" (1983) escrita e gravada por Lionel Richie (opa, já gostei da música!) é bem típico de propaganda de bonecas Barbie e se encaixa perfeitamente com o colorido da cena e a rotina alegre e fantástica da loirinha a qual a letra narra. Posteriormente, uma semana após a estreia do filme, foi lançada a sua versão alternativa, "Pink (Bad Day)", executada no momento em que a protagonista tem sua rotina encantada quebrada após a preocupação abrupta com a mortalidade.
Mas o primeiro single do álbum lançado foi "Dance The Night" (de Dua Lipa, Andrew Wyatt, Mark Ronson e Caroline Ailin) cantada por Dua Lipa que também participa do filme como a Barbie Sereia / Mermaid Barbie (dublada pela cantora Vic Brow). Adoro essa ideia disco com violinos e violoncello na música. "A letra sugere que, apesar dos desafios emocionais, a protagonista escolhe manter-se firme e continuar a 'dançar', ou seja, a viver intensamente sem deixar que as dificuldades afetem sua aparência ou seu espírito (...) As referências a 'diamantes sob os olhos' e 'nenhum cabelo fora do lugar' simbolizam a capacidade de manter a compostura e a beleza, mesmo quando se está passando por momentos difíceis, como um coração partido ou um mundo que está desmoronando. A repetição do verso 'I could dance' ('eu poderia dançar') reforça a ideia de que, independentemente do que aconteça, ela tem a força para continuar." (Letras.mus.br). Uma música perfeita para a famosa cena da festa em que a protagonista deixa escapar a frase "vocês já pensaram em morrer?" e diz em seguida que é "morrer de vontade de dançar" pra cessar imediatamente o clima de silêncio e desconforto nos festeiros causado pela pergunta. Risos. 

VÍDEO: "Vocês já pensaram na morte?" em 13 idiomas, incluindo o português do Brasil.




"Barbie World" (de Onika "Nicki Minaj" Maraj, Isis "Ice Spice" Gaston, Ephrem Louis Lopez Jr., Johnny Pederson e Karsten Dahlgaard, 2023), a música de apresentação de elenco e produção que antecede os créditos finais gravada pelas rappers Nicki Minaj e Ice Spice (gentilmente cedidas pela Universal Music) inclui o sample da eurodance "Barbie Girl" (de Søren Rasted, Claus Norreen, René Dif e Lene Nystrøm, 1997) do grupo Aqua (gentilmente cedido pela Universal Music) (clique aqui para ver a postagem do hit dos anos 1990). 
Uma das minhas preferidas é a contagiante "Speed Drive" (de Charlotte "Charli XCX" Aitchison e Easyfun) da cantora britânica Charli XCX executada na cena em que Barbie foge dos funcionários da Mattel. "Speed Drive" contem citações das músicas "Mickey" (de Mike Chapman e Nicholas Chinn, 1981) gravada originalmente pela cantora e coreógrafa Toni Basil e "Cobrastyle" (de Klas Åhlund, Joakim Åhlund, Patrick Arve, Ewart Brown, Fabian Torsson, Troy Rami, Paul Rota, David Parker e Sylvia Robinson, 2004) da banda sueca Teddybears com a participação do jamaicano Mad Cobrarelida, que foi relida em 2007 pela cantora também sueca Robyn.

Porém os dois carros-chefes musicais são:
"I'm Just Ken" (de Andrew Wyatt e Mark Ronson) cantada por Ryan Gosling, o Ken. A música fala sobre a sensação de rejeição do personagem e sua fase da crise existencial, a mesma pela qual a Barbie passa. Mas também percebe-se que tem a ver com o Ken da versão animada pra crianças citada no início deste post. O arranjo é espetacular, é uma espécie de "Bohemian Rhapsody" (de Freddie Mercury, 1975) do Queen reduzido para menos de 4 minutos de duração. Tanto que gerou várias indicações e venceu algumas delas, como Grammy Awards de Melhor Canção em Mídia Visual e Prêmio Globo de Ouro de Melhor Canção Original. "I'm Just Ken" também concorreu ao Oscar de Melhor Canção Original, mas perdeu para a sua concorrente do mesmo filme, "What Was I Made For?". Por outro lado sua apresentação na noite do Oscar com a participação do guitarrista Slash dos Guns N' Roses levantou a plateia. 

 


 Por falar em "What Was I Made For?", a música da autoria dos irmãos Billie Eilish e Phineas O'Connell e interpretação da própria Billie Eilish (gentilmente cedida pela Universal Music) retrata as dúvidas da Barbie em sua fase mais frágil. A cantora americana multipremiada "é conhecida por suas letras profundas e emotivas e, nesta música, ela expressa sua dificuldade de compreender e expressar suas emoções. A música também aborda a pressão de manter as aparências, como mostrado no verso 'I'm sad again, don't tell my boyfriend' ('eu estou triste de novo, não conte ao meu namorado')" (letras.mus.br). Uma obra tão criativa que venceu o Oscar de Melhor Canção Original e Grammy de Canção do Ano e Melhor Canção Composta Para a Mídia Visual, entre outros prêmios. O videoclipe com elementos vintage é ótimo. Nele, Billie Eilish que também o dirige retrata uma jovem com uma roupa inspirada na Barbie que se senta em uma mesa solitária e começa a brincar com um punhado de roupas do tamanho de bonecas, que são réplicas dos trajes mais famosos usados por Eilish. Chuvas e ventos derrubam repetidamente as roupas até que a mulher finalmente junta as peças e sai da sala. 
Lá no final dos créditos finais do filme, é executada a bela versão orquestrada em compasso de valsa de "What Was I Made For?" com menos de 1 minuto de duração. 


    

"What Was I Made For" (créditos finais)




As músicas "Push" (de Rob Thomas e Matt Serletic, 1996), a preferida do Ken cantada por Ryan Gosling e "Closer To Fine" (de Emily Saliers e Amy Ray, 1989), a favorita da Barbie interpretada pela dupla Brandi Carlile e Catherine Carlile, pelo fato de serem releituras da banda Matchbox Twenty e do duo Indigo Girls respectivamente, foram incluídas como faixas bônus em "Barbie: The Album - Edição Melhor Fim de Semana de Todos" / "Barbie: The Album - Best Weekend Ever Edition"

FONTES:
*Wikipédia

*Dublapédia

*40 DETALHES QUE VOCÊ PERDEU EM BARBIE (FILME 2023) - I AM JUST KEN, ALLAN, MIDGE, RUTH HANDLER... (canal Good Nerd / YouTube)

*TODOS os DETALHES que você PERDEU em BARBIE (Easter eggs + Análise) (canal Sessão Nerd / YouTube)

*TechTudo:

*TecMundo:

Miriam E Oscar - "A Vida Não Pode Parar" / "O Que Nos Falta"(compacto simples de 1980)

 

Miriam e Oscar: o melhor da good vibes.


Eu descobri do nada a existência desse singelo e belo (até na capa) compacto simples divulgado em 1980 de uma certa dupla chamada Miriam e Oscar através do seu vídeo-áudio postado pelo canal "Baú Musical - Música em Vinil" (@Baumusical)  no YouTube (se você como eu é vinilzeiro, se inscreva nesse canal, é ótimo). 

Muito antes dos irmãos Melim e da dupla Anavitória virem ao mundo, este single no atual jargão fonográfico de menos de 7 minutos é composto por duas músicas de mensagens de boas vibrações, as que se chamam hoje em dia de good vibes. A foto da capa assinada pela Márcia Peixoto Ramalho me fez lembrar a do álbum da dupla Sandy e Junior, o "Dig-Dig-Joy" (PolyGram / hoje Universal Music, 1996). Anos 90 é vida! Risos.

Brincadeiras e noventismos à parte, apesar de o compacto simples ter sido lançado pela poderosa multinacional CBS, que faria parte do catálogo da Sony Music nos dias de hoje, a sua repercussão foi bem tímida. A minha única frustração é que não há informações sobre a dupla de cantores. Ou há, mas que deixo passar despercebido. Ok, bora lá com as minhas investigações musicais.

No lado A está a música "A Vida Não Pode Parar" (1979) da autoria de Ivan Wrigg, letrista, compositor e poeta carioca, e Octavio Burnier, também conhecido como Tavynho Bonfá, sobrinho de Luiz Bonfá (1922-2001) e irmão da cantora, pianista e corista Sônia Burnier. Porém, a primeira a gravar a canção foi a Vanusa (1947-2020) para o álbum "Viva Vanusa" (RCA Victor / hoje Sony Music, 1979). Em 1981, "A Vida Não Pode Parar" ganhou a releitura do cantor Heraldo Galvão /Heraldo Correa, irmão de Fábio Júnior, com a participação do grupo Roupa Nova na base instrumental e coro (sob a produção de Ricardo Feghali, tecladista do grupo) para o compacto simples lançado pela PolyGram / Universal Music. No ano seguinte, em 1982, o próprio Octavio Burnier / Tavynho Bonfá a gravou para o seu álbum "Aventura" pelo selo Artsom. 

No outro lado do compacto, "O Que Nos Falta", é da autoria do Octavio Burnier em parceria com Oscar Henriques.

Epa, acho que surgiu uma luz no fim do túnel pra mim. Pela breve ficha técnica, o Oscar da dupla deve ser o multitalentoso Oscar Henriques, cantor, compositor, músico, ator que participou de algumas novelas da TV Globo e dublador (clique aqui para ver a extensa lista de personagens de desenhos, séries e filmes de sucesso que ele dublou). Recentemente ele foi semifinalista do The Voice Brasil + em 2021, inclusive eu me lembro dele no programa cantando músicas dos Beatles, Vander Lee (1966-2016) e Billy Joel.

Mas e a moça? Quem seria a Miriam? Se for procurar no Google encontrará várias "Mirians", mas, arriscando um palpite, eu tenho uma certa desconfiança de que seja a cantora e corista Myriam (com essa grafia, mesmo) Peracchi que também tem um currículo artístico pesadão. 

Enquanto as dúvidas não se esclarecem, clique no play, aumente o volume e sorria pra vida! Simplesmente amei.



Contracapa do compacto simples Miriam e Oscar


"Miriam e Oscar"
℗1980 Discos CBS, Columbia Broadcasting System (hoje Sony Music Entertainment Brasil)

LADO A
"A Vida Não Pode Parar"
Escrita por Ivan Wrigg e Octavio Burnier

LADO B 
"O Que Nos Falta"
Escrita por Octavio Burnier e Oscar Henriques


Fontes:

*Site Discogs (fotos e créditos)
https://www.discogs.com/pt_BR/release/12030638-Miriam-E-Oscar-O-Que-Nos-Falta-A-Vida-N%C3%A3o-Pode-Parar

*Mercado Livre (crédito de fotos da capa)



domingo, 14 de abril de 2024

"Portela na Avenida" - Clara Nunes

Postagem especial do dia do aniversário da Portela (11 de abril)

Clara Nunes, a portelense.


Nesta quinta-feira, 11 de abril, a escola de samba carioca Portela pela qual eu torço como se vê completou 101 anos. E em memória disso, relembro um dos clássicos do samba em sua homenagem, "Portela na Avenida", gravada por ninguém menos que Clara Nunes (1942-1983), minha cantora preferida de belíssima voz e uma das portelenses ilustres.
A música foi escrita, a pedido de Clara, por Paulo César Pinheiro, marido da cantora na época, e Mauro Duarte (1930-1989). A princípio, Paulo ficou meio constrangido, já que ele era mangueirense e, além disso, já havia um samba definido para a escola, o clássico "Foi Um Rio Que Passou Em Minha Vida" (1970) de Paulinho da Viola. Mesmo assim, Paulo a fez para agradar à esposa.
Na sala da sua própria casa, Clara tinha montado um altar para as suas devoções, a Nossa Senhora Aparecida, santa negra com seu manto azul e branco, cores da Portela, e o pombo de asas abertas representando o Espírito Santo. A combinação de profano (desfile de carnaval) com o místico (procissão religiosa) foi o ponto de partida para a composição de "Portela na Avenida", lançada em 1981 através do LP "Clara" (EMI-Odeon, hoje Universal Music) e consagrada no carnaval de 1982, a partir de quando se tornou o hino do "esquenta" da bateria portelense para os desfiles na avenida.


FONTE:
João Carino, presidente do Instituto Memória Musical Brasileira (IMMuB), do Quadro Coisas Nossas do programa Antena MEC das Rádios MEC AM (800 KHz, Brasília, e 800KHz, Rio de Janeiro) e MEC FM (99,3 MHz, Rio de Janeiro)

https://radios.ebc.com.br/antena-mec/2021/03/quadro-coisas-nossas-conta-historia-do-samba-portela-na-avenida


Portela na Avenida
Escrita por Paulo Cesar Pinheiro e Mauro Duarte
Interpretada por Clara Nunes
℗ 1981 EMI-Odeon, Fonográfica, Industrial e Eletrônica Ltda. (hoje Universal Music Brasil)

Portela
Eu nunca vi coisa mais bela
Quando ela pisa a passarela
E vai entrando na avenida

Parece
A maravilha de aquarela que surgiu
O manto azul da padroeira do Brasil
Nossa Senhora Aparecida

Que vai se arrastando
E o povo na rua cantando
É feito uma reza, um ritual
É a procissão do samba abençoando
A festa do divino carnaval

Portela
É a deusa do samba, o passado revela
E tem a velha guarda como sentinela
E é por isso que eu ouço essa voz que me chama

Portela
Sobre a tua bandeira, esse divino manto
Tua águia altaneira é o espírito santo
No templo do samba

As pastoras e os pastores
Vêm chegando da cidade, da favela
Para defender as tuas cores
Como fiéis na santa missa da capela

Salve o samba, salve a santa, salve ela
Salve o manto azul e branco da portela
Desfilando triunfal sobre o altar do carnaval



Dia 13 de abril agora é o Dia Nacional da Mulher Sambista em memória à Dona Ivone Lara



Como forma de prestar mais uma homenagem à Dona Ivone Lara (1922-2018), o Governo Federal, por meio da Lei nº 14.834 publicada no dia 5 de abril, no Diário Oficial da União, instituiu o dia 13 de abril como o Dia Nacional da Mulher Sambista. A data que também marca o dia do Hino Nacional Brasileiro é uma referência ao dia do nascimento da artista, 13 de abril de 1922.


SOBRE A ARTISTA

Formada em Enfermagem e Serviço Social, Yvonne Lara da Costa consagrou-se como cantora e compositora, desempenhando importante papel como enfermeira na reforma psiquiátrica no Brasil, ao lado da médica Nise da Silveira (1905-1999), dedicando-se a essa atividade durante mais de trinta anos, antes de se aposentar e dedicar-se exclusivamente à carreira artística.
Em 1965, Dona Ivone Lara fez história na agremiação do bairro de Madureira ao se tornar, oficialmente, a primeira mulher a figurar na ala dos compositores de uma escola de samba, a Império Serrano. No mesmo ano, compôs e venceu o concurso de sambas do Grupo Especial com a canção "Os Cinco Bailes da História do Rio" (com Silas de Oliveira e Bacalhau). Seu primeiro álbum solo foi "Samba Minha Verdade, Samba Minha Raiz" (EMI-Odeon, hoje Universal Music) lançado em 1978.
Suas obras foram gravadas por vários artistas como Maria Bethânia, Caetano Veloso, Zeca Pagodinho, Clara Nunes (1942-1983), Gal Costa (1945-2022), Gilberto Gil, Paulinho da Viola, Beth Carvalho (1946-2019) e Marisa Monte. A música "Sonho Meu" (de Dona Ivone Lara e Délcio Carvalho, 1978) gravada primeiramente por Maria Bethânia em dueto com Gal Cota para o álbum "Álibi" (PolyGram / hoje Universal Music, 1978) alcançou mais de 56,54 milhões de execuções no Spotify, uma das principais plataformas de streaming de música do planeta.

Jornal dos Bairros (edição 29 de março de 2024)

 

Meus agradecimentos à Neide Pasold Uriarte pela lembrança no Jornal dos Bairros (Bittencourt Editora, Itajaí, Santa Catarina) do dia 29 de março de 2024! 😘🙏



terça-feira, 2 de abril de 2024

"No Espaço Não Existem Sentimentos" ("I Rymden Finns Inga Känslor", 2010)

Postagem especial do dia mundial de conscientização do autismo




Uma deliciosa comédia romântica sueca que foi indicada ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro tem um protagonista autista. A trilha sonora toda cantada em inglês, a maior parte por artistas suecos, é fantástica. Adoro a música "Ba Ba Ba" (de Miss Li e Sonny Gustafson, 2007) cantada por Miss Li, nome artístico de Linda Karlsson,  "Tonight" (música de Björn Ytling e letra de Lykke Li, 2008) da cantora Lykke Li e a instrumental executada em créditos finais "Space Walk" (de Fred Deakin e Nick Franglen, 2002) da dupla britânica Lemon Jelly.

"No Espaço Não Existem Sentimentos" ("I Rymden Finns Inga Känslor", Naive Film, 2010) é um filme sueco que aborda um personagem com síndrome de Asperger (autista) chamado Simon. Ele adora que tudo (até a comida) fosse redondo. Cada dia da semana um cardápio do almoço planejado. Para se distrair, brinca com a bateria (bem legal a ideia da abertura do filme em que, entre uma vinheta e outra de produtoras do longa aparece a imagem do protagonista com o instrumento musical e abafador auricular nos ouvidos) e, para se acalmar das crises, entra em uma espécie de barril de alumínio e faz de conta que está em uma nave (já que seus hiperfocos são espaço e ciência) para que seu irmão Sam se comunicase com ele em inglês, como se fosse uma ligação da Nasa.

O filme foi escrito e dirigido por Andreas Öhman.


SINOPSE:

O filme conta a história de Simon (Bill Skarsgård), um jovem de 18 anos que é autista. Ele gosta do espaço, de ciência e de círculos, mas não consegue entender sentimentos. Ao ver sua vida transformada em caos após seu irmão Sam (Martin Walström) entrar em depressão com o término do romance com Frida (Sofie Hamilton) que não consegue conviver com um neuroatípico, Simon embarca em uma missão para conseguir a namorada perfeita pro seu irmão. Simon não entende nada de amor, mas tem um plano cientificamente perfeito. Mas, sendo uma pessoa com Síndrome de Asperger (antigo nome para um nível de suporte de autismo), Simon percebe que a busca é muito mais complicada do que poderia imaginar e fica em dúvida se realmente poderá ajudar Sam. E então, Simon encontra em Jennifer (Cecilia Forss), uma garota com quem ele sempre se "esbarra" no caminho, uma solução para o problema, já que a moça é compreensível com as sua limitações.

Para assistir ao filme completo gratuitamente, clique no link abaixo (para ativar a legenda, clique no CC/ closed caption na parte superior do vídeo).

Observação: não saia ou desligue seu aparelho assim que chegar os créditos finais do filme, pois, após eles, existe um milagre com um dos personagens (risos), ou melhor, uma cena extra.

https://youtu.be/58jqpCOMM6s?si=TLu8aKbABUDCeZmX


Fontes:
Blog Psicologia e cinema
https://www.psicologiaecinema.com/2017/04/simple-simon-no-espaco-nao-existem.html

Internet Media Database (IMDb) (trilha sonora)


Jennifer (Cecilia Forss) e Simon  (Bill Skarsgård).


Vídeo: trailer do filme (legendado em inglês)



Festa de Lançamento do "Clube do Samba" (Fantástico, 1979)

"Meninos da Mangueira" - Ataulpho Jr. e Diogo Nogueira no programa "Samba da Gamboa" na TV Brasil