"O que é de verdade ninguém mais hoje liga: isso é coisa da antiga" - Ney Lopes e Wilson Moreira

Elsa (Frozen) ♥

domingo, 10 de agosto de 2014

Edu Krieger dá resposta ao funk ostentação




Depois de "Desculpe Neymar", música em que ele mostra seu desinteresse pela copa no Brasil em meio a tantos problemas na saúde e na educação, Edu Krieger publica nesta quinta-feira (07/08/2014) no YouTube uma canção-resposta ao funk ostentação. O cantor e compositor carioca que teve músicas gravadas por Roberta Sá, Maria Rita e Ana Carolina e já esteve aqui em Itajaí em 2013 para o 16º Festival de Música, critica os garotos de origem humilde que encontram a felicidade em baladas, roupas de grife e conversíveis. "Acho que os funkeiros que seguem a linha da ostentação fazem um trabalho sério e batalham por suas carreiras como qualquer artista, e isso é legítimo. O que é lamentável é ver como esse capitalismo cruel e opressor gerou uma cultura do 'ter' em sobreposição ao 'ser', que se reflete em suas letras", diz.
Em "Resposta Ao Funk Ostentação, Krieger alia o seu violão de sete cordas ao tradicional batidão do funk e à linha melódica e rítmica que lembram as músicas do MC Guimê, um dos maiores nomes do gênero. "Achei que seria interessante expressar meu ponto de vista sobre o funk ostentação utilizando a mesma linguagem dos MCs, só que adicionando uma pitada de MPB, que é a minha praia. Daí surgiu esse arranjo, que mistura violão de sete cordas com tamborzão", contou em bate-papo com o Jornal Hoje em Dia nesta sexta-feira (8/08/2014).




Resposta ao Funk Ostentação 
Compositor e intérprete: Edu Krieger
Direção do vídeo: Mauricio Stal
Gravação e mixagem: Rodrigo Rezende (Arena Estúdio - RJ)

Você ostenta o que não tem
Pra tentar parecer mais feliz
Mas não sabe que pra ser alguém
Tem que agir ao contrário do que você diz
Você pensa que tem liberdade
Exibindo riqueza e poder
Mas não vê que na realidade
O sistema é que lucra usando você

E o sistema tem a cor
Do racismo e da escravidão
Cada vez que você dá valor
À roupinha de marca e à ostentação
A elite burguesa e branca
Que é dona das lojas de grife
Se dá bem, pois você bota banca
Mas é o sistema que aumenta o cacife

Clipe norte-americano
De artista que faz hip hop
Você quer imitar por engano
Pensando que assim vai ganhar mais ibope
É a regra do capitalismo
Eles querem que a gente consuma
Pra vivermos à beira do abismo
A gente pra eles é porra nenhuma

Você pensa que é modelo
Pras crianças da comunidade
Sinto muito, mas devo dizê-lo
Que o que você faz é uma puta maldade
Se o moleque não tem condição
De entrar nesse mundo grã-fino
Isso pode virar frustração
E você vai foder com o pobre menino

Que pra ter um tênis foda
Pode até assaltar um playboy
Pois se fica excluído da moda
Recebe desprezo e isso lhe dói
E as mulheres que dão atenção
Que te cobrem de beijo e afeto
Valem menos do que seu cordão
Pois você trata elas pior que objeto

Quem batalha pra viver
E botar a comida na mesa
De repente te vê na TV
Dirigindo carrão e exibindo riqueza
Ostentando pra ter atenção
E achando que isso é maneiro
Sem saber que essa ostentação
Faz o branco do banco ganhar mais dinheiro

Negro tem que ter poder
Negro tem que ser protagonista
Tem que estar no jornal, na TV
No outdoor e na capa de toda revista
Mas não tem a menor coerência
Ostentar um anel de brilhante
Isso só vai gerar violência
Inveja e recalque no seu semelhante

Que legal sua conquista
Sua história de vida também
Mas seu papo é tão consumista
Que faz de você um artista refém
Dessa pose fajuta e falida
Que só finge aumentar autoestima
Infeliz de quem sobe na vida
E não sabe o que faz quando chega lá em cima




http://youtu.be/4aJwV8cWxDM


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Moderação de comentários ativada. Aguarde a publicação.

Festa de Lançamento do "Clube do Samba" (Fantástico, 1979)

"Meninos da Mangueira" - Ataulpho Jr. e Diogo Nogueira no programa "Samba da Gamboa" na TV Brasil