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quinta-feira, 1 de outubro de 2020

"Amor no Espectro" ("Love On The Spectrum")(Netflix)

 



Encontrar o amor não é fácil. Para jovens autistas, o mundo das relações amorosas pode ser ainda mais complicado.
Netflix

Foi lançada em julho na Netflix a série australiana "Amor no Espectro" ("Love On The Spectrum", Northern Pictures e Australian Broadcasting Corporation, 2019) que, na verdade, é um reality show com autistas reais em busca de relacionamentos amorosos ou que já estão juntos, como os casais Ruth e Thomas e Sharnae e James, todos autistas. E eu só vi agora em setembro ao renovar a assinatura do streaming depois de muitos meses. Sua primeira temporada contem 5 episódios que têm entre 30 e 45 minutos, o que dá pra assistir à serie tranquilamente.


"Uma vez saí com um cara e quando eu contei que eu era autista, ele me deixou, porque não queria ser visto com uma pessoa autista"
Chloë, participante de "Amor no Espectro"

Na série, são 11 jovens autistas de entre 20 e 28 anos dando seus primeiros passos no mundo dos relacionamentos amorosos na esperança de encontrar o amor verdadeiro. E uma figura essencial é a Jodi Rodgers, especialista em relacionamentos que trabalha com pessoas autistas e ajuda os participantes a reconhecerem suas dificuldades e conquistar o tal objetivo.
Se já é difícil encontrar um amor para os neurotípicos, imagine para neurodiversos... "Pessoas no espectro têm dificuldade em socializar e pode ser difícil encontrar possíveis parceiros", como diz a série no primeiro episódio. Ou não conseguem manter um relacionamento em razão da insensatez de seus parceiros: "Uma vez saí com um cara e quando eu contei que eu era autista, ele me deixou, porque não queria ser visto com uma pessoa autista", disse a participante Chloë.




[sobre como é ser uma garota no espectro] "[É] extremamente difícil, considerando que não há critério feminino. É só para garotos. Então avaliam o quão masculina você é".
Olivia (foto acima), participante de "Amor No Espectro


Mesmo que o tema central seja o relacionamento amoroso, "Amor no Espectro" aborda outros assuntos importantes para compreender o autismo, como o hiperfoco (interesse restrito e intenso), a dificuldade de se dialogar (quando o "roteiro" do encontro se esgota e o participante não sabe mais o que dizer, o que causa um silêncio desconfortável), a desmistificação de que todo o autista é igual e o diagnóstico de transtorno do espectro autista depois da fase adulta, especialmente em moças, já que os disfarces (ou "masking" como é chamado) contribuem para o diagnóstico tardio em meninas/mulheres. A participante Olivia por exemplo (adoro a risada dela) só foi diagnosticada aos 18 anos e falou sobre um erro constrangedor que a maioria dos profissionais cometem, que é basear o diagnóstico das mulheres em características que são predominantes nos homens autistas, ignorando as diferenças do autismo entre os sexos. "[É] extremamente difícil, considerando que não há critério feminino. É só para garotos. Então avaliam o quão masculina você é", disse a Olivia.
O que causou estranheza nessa série, inclusive em muitos autistas que lhe assistiram, é que autistas só se relacionam com autistas, tanto que a dúvida é se esses parceiros são escolhidos pelos próprios participantes ou pela produção da série. 
Fora isso tudo, eu recomendo. Eu que tenho várias características de uma autista de nível 1 (ainda não tenho o diagnóstico) diria que eu me identifico com um pouco de cada participante. Uma série que merece ser vista milhares de vezes. Adorei.





Trailer Amor no Espectro "Love On The Spectrum"


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